quarta-feira, 7 de maio de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 6:52-59 - 09.05.2025

 Liturgia Diária


9 – SEXTA-FEIRA 

3ª SEMANA DA PÁSCOA


(branco – ofício do dia)


O Cordeiro imolado é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor, aleluia (Ap 5,12).


Mesmo diante das forças que se erguem com fúria contra o espírito livre, este permanece inviolável, pois não é moldado por mãos humanas, mas sustentado por um princípio superior. O poder último não reside na opressão, mas na liberdade que o Cristo interior desperta, capaz de converter até o algoz em servidor da luz. É na fidelidade à consciência elevada que o ser encontra sua verdadeira soberania. Sigamos, então, o chamado silencioso que ecoa no íntimo: viver não por imposição externa, mas por escolha luminosa daquele que nos convoca à vida plena.

“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou.”
Gálatas 5:1



Lectio Sancti Evangelii secundum Ioannem 6,52-59

  1. Litigabant ergo Iudæi ad invicem, dicentes: Quomodo potest hic nobis carnem suam dare ad manducandum?

Então discutiam entre si os judeus, dizendo: Como pode este dar-nos a sua carne a comer?

  1. Dixit ergo eis Iesus: Amen, amen dico vobis: nisi manducaveritis carnem Filii hominis, et biberitis eius sanguinem, non habebitis vitam in vobis.

Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos.

  1. Qui manducat meam carnem, et bibit meum sanguinem, habet vitam æternam: et ego resuscitabo eum in novissimo die.

Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.

  1. Caro enim mea vere est cibus: et sanguis meus vere est potus.

Pois a minha carne é verdadeiramente comida, e o meu sangue é verdadeiramente bebida.

  1. Qui manducat meam carnem et bibit meum sanguinem, in me manet, et ego in illo.

Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.

  1. Sicut misit me vivens Pater, et ego vivo propter Patrem: et qui manducat me, et ipse vivet propter me.

Assim como o Pai que vive me enviou, e eu vivo por causa do Pai, também aquele que me come viverá por causa de mim.

  1. Hic est panis, qui de cælo descendit. Non sicut manducaverunt patres vestri manna, et mortui sunt. Qui manducat hunc panem, vivet in æternum.

Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que os vossos pais comeram e morreram. Quem comer este pão viverá eternamente.

  1. Hæc dixit in synagoga docens in Capharnaum.

Estas coisas disse ele ensinando na sinagoga em Cafarnaum.

Reflexão:

A liberdade não é fuga do corpo, mas comunhão com a totalidade do ser. Neste pão vivo, oferecido, revela-se a energia de união que nos transforma de fragmentos em unidade viva. O Espírito, ao nutrir-se do Verbo encarnado, deixa de ser passivo: torna-se chama criadora, força de escolha consciente. Não é imposição, é participação. O Cristo, ao entregar-se como alimento, convoca-nos à maturidade interior, onde a vida eterna começa aqui, no ato de acolher. A vida verdadeira não se impõe de fora, nasce do interior iluminado que reconhece no outro a mesma centelha divina.


Versículo mais importante: 

 O versículo mais central e teologicamente denso de João 6,52-59 é o versículo 56, pois sintetiza a união íntima entre Cristo e aquele que o acolhe:

Qui manducat meam carnem et bibit meum sanguinem, in me manet, et ego in illo.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. (Jo 6:56)

Este versículo revela o núcleo da mensagem: não se trata apenas de um rito externo, mas de uma comunhão interior, uma presença recíproca que transforma o ser. Aqui se expressa a liberdade mais elevada — a de ser plenamente habitado pela Vida que se oferece.


HOMILIA

O Alimento da Unidade Interior

No silêncio do mistério, onde o espírito busca compreender o seu lugar no todo, ressoa a palavra viva: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele." (Jo 6,56)
Não se trata de um convite ao rito vazio, mas a uma fusão real entre o humano e o eterno, entre o que somos e o que estamos chamados a ser. O pão descido do céu não alimenta apenas o corpo, mas desperta a consciência adormecida para o seu destino maior: a liberdade de existir em plenitude.

Ao comer o pão da vida, o ser deixa de ser fragmento e torna-se centro em comunhão com o Centro de tudo. Não se dissolve no absoluto, mas é elevado com todas as suas singularidades à esfera da convergência amorosa. Cada escolha torna-se semente de eternidade; cada gesto, um elo entre o visível e o invisível.

Neste alimento, o espírito não é dominado, mas iluminado. Não se torna escravo de dogmas ou estruturas, mas assume em liberdade a própria vocação: ser morada do Logos vivo. Aqui, a vida não é imposta — ela é oferecida. E só quem escolhe livremente esse banquete pode, de fato, permanecer.

Viver desse pão é, portanto, um ato de coragem espiritual: é permitir que a interioridade seja invadida por uma presença que não anula, mas intensifica. É descobrir que a união verdadeira não exige uniformidade, mas comunhão. E que a eternidade começa onde o eu se abre ao outro, onde a carne se torna palavra e a palavra, carne de novo — no coração que ama e permanece.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A frase: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele” (Jo 6,56) está entre as mais profundas e místicas afirmações de Cristo no Evangelho segundo João. Teologicamente, ela revela três níveis interligados de significação: sacramental, ontológica e escatológica.

1. Dimensão Sacramental – A Eucaristia como Comunhão Real
A expressão de Jesus se refere diretamente ao mistério da Eucaristia. A carne e o sangue não são meras metáforas, mas realidades comunicadas no pão e no vinho consagrados. Participar desse banquete é entrar em contato com a totalidade do Cristo — sua encarnação, paixão, morte e ressurreição. A Eucaristia não é um símbolo vazio, mas um sacramento no qual a presença real de Cristo se torna alimento que transforma o ser humano desde dentro.

2. Dimensão Ontológica – A Permanência como União de Naturezas
O verbo permanecer (em grego, μένειν – menein) indica uma união estável, contínua e recíproca. Não se trata apenas de uma experiência momentânea, mas de uma incorporação mútua. Cristo permanece naquele que o recebe e aquele que o recebe passa a viver n’Ele. Aqui se revela a teologia da deificação (theosis): o ser humano é chamado não apenas a conhecer a Deus, mas a participar de Sua própria vida, sem deixar de ser quem é. Essa permanência não suprime a liberdade, mas a exalta: é uma união de amor, não de anulação.

3. Dimensão Escatológica – Vida em Plenitude e Transformação do Cosmos
Essa união eucarística antecipa o fim último da criação: a plena comunhão de todas as coisas em Cristo. Ao comungar, o fiel participa já agora da realidade futura, tornando-se célula viva no Corpo glorioso que está sendo formado na história. A frase aponta para uma transformação progressiva, não só individual, mas universal: Cristo deseja permanecer no ser humano para que, por meio dele, o mundo inteiro seja elevado à vida verdadeira.

Portanto, quando Jesus diz “permanece em mim e eu nele”, Ele está descrevendo o movimento profundo pelo qual Deus se comunica inteiramente ao ser humano e o ser humano, em liberdade, acolhe essa comunhão, tornando-se expressão viva do Verbo encarnado no mundo. É o início de uma nova criação onde cada pessoa, ao participar deste mistério, se torna espaço de transfiguração e liberdade no coração do tempo.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

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Mensagens de Fé

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