segunda-feira, 5 de maio de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 6:35-40 - 07.05.2025

 Liturgia Diária


7 – QUARTA-FEIRA 

3ª SEMANA DA PÁSCOA


(branco – ofício do dia)


Vosso louvor é transbordante em minha boca, a alegria cantará sobre meus lábios, aleluia (Sl 70,8.23).


Nenhuma força exterior detém o impulso vital da Verdade. A oposição, por mais intensa, apenas revela a força invisível que sustenta o Espírito livre. A Palavra, alicerçada no Cristo ressuscitado, expande-se como chama que não se apaga, nutrida pelo pão da vida. A alma, ungida pelo sopro divino, move-se com firmeza mesmo sob o peso das correntes. Pois onde há consciência desperta, ali a luz rompe os muros da tirania. A semente do Logos floresce em liberdade interior, e nenhuma perseguição cala o chamado eterno da dignidade humana.

“Eu sou o pão da vida”
(João 6:48)



Evangelium secundum Ioannem 6,35-40

(Evangelho segundo João 6,35-40)

35 Dixit eis Iesus: Ego sum panis vitae: qui venit ad me non esuriet: et qui credit in me non sitiet umquam.
Disse-lhes Jesus: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede.

36 Sed dixi vobis quia et vidistis me, et non creditis.
Mas eu vos disse que, embora me tenhais visto, não credes.

37 Omne quod dat mihi Pater, ad me veniet: et eum qui venit ad me, non eiciam foras:
Todo aquele que o Pai me dá virá a mim; e ao que vem a mim, de modo algum o lançarei fora.

38 Quia descendi de caelo: non ut faciam voluntatem meam, sed voluntatem eius qui misit me.
Pois desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

39 Haec est autem voluntas eius qui misit me, Patris: ut omne quod dedit mihi, non perdam ex eo: sed resuscitem illud in novissimo die.
E esta é a vontade do Pai que me enviou: que eu não perca nada do que ele me deu, mas que eu o ressuscite no último dia.

40 Haec est autem voluntas Patris mei, qui misit me: ut omnis qui videt Filium, et credit in eum, habeat vitam aeternam: et ego resuscitabo eum in novissimo die.
Esta é, de fato, a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e crê nele tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.

Reflexão:

O Cristo é o centro atrativo de todas as liberdades. Sua presença não impõe, mas convida; não subjuga, mas eleva. Nele, cada ser é chamado a realizar-se em plenitude, como expressão única da vontade divina. O pão da vida não sacia apenas a fome do corpo, mas desperta a fome de sentido, de ascensão. Não há imposição, mas resposta livre ao chamado interior. Cada consciência que se une ao Filho participa de uma comunhão crescente, em que o amor é a lei suprema e a vida eterna é o florescer do ser em sua dignidade mais alta.


Versículo mais importante:

Dixit eis Iesus: Ego sum panis vitae: qui venit ad me non esuriet: et qui credit in me non sitiet umquam.
Disse-lhes Jesus: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede. (Jo 6:35)

Este versículo condensa a promessa universal: uma liberdade interior sustentada não por estruturas externas, mas por uma presença viva que sacia o ser por inteiro.


HOMILIA

O Centro Ardente da Liberdade

No princípio de toda fome há uma ausência que não se resolve no estômago, mas no espírito. Quando o Cristo diz: “Ego sum panis vitae” — “Eu sou o pão da vida” — Ele não está apenas oferecendo consolo, mas convocando o ser a uma fusão com o Eterno. Este pão é mais do que sustento; é a energia central da existência, a presença viva que chama cada um a realizar-se no mais alto de si mesmo.

Quem vem a Ele não terá fome, porque entra em órbita com o Foco original. E quem crê n’Ele não terá sede, pois encontra a fonte do próprio ser. A fé não é submissão cega, mas adesão consciente ao chamado interior que nos impulsiona à plenitude. O Cristo não impõe o caminho, mas revela o sentido: cada um deve vir por si mesmo, movido por uma liberdade que nasce do coração desperto.

Eis a beleza do agir divino: “Eum qui venit ad me, non eiciam foras” — “aquele que vem a mim, de modo algum o lançarei fora”. A verdadeira ordem nasce dessa acolhida absoluta. Não há exclusão, apenas convergência. Todos os caminhos da consciência, ao se abrirem com sinceridade, gravitam para o mesmo centro.

Neste Foco, tudo se eleva. Nada se perde, tudo é resgatado, pois “non perdam ex eo” — “não perderei nada do que me foi dado”. Aqui está o mistério da eternidade que começa no agora: cada alma é chamada a tornar-se aquilo que foi sonhada desde antes do tempo. E o Cristo a erguerá no último dia, que é também o primeiro dia pleno de luz.

Essa promessa não é apenas futura — é uma direção existencial. Aquele que vê o Filho e crê n’Ele já vive, pois se integra ao movimento da Vida que nunca cessa de crescer, abraçar e iluminar.

Pois no Cristo, centro ardente da liberdade, a vida não é uma espera — é uma ascensão.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A frase de Jesus em João 6:35 – "Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede" – contém uma profundidade teológica que toca a essência da revelação cristã e a relação do ser humano com Deus.

1. "Eu sou o pão da vida"

Ao afirmar "Eu sou o pão da vida", Jesus utiliza uma metáfora central para comunicar a natureza de sua missão e a profundidade do seu relacionamento com a humanidade. O pão, na tradição bíblica, sempre teve um simbolismo de sustento vital. No Antigo Testamento, Deus provê o maná no deserto como alimento para o povo de Israel (Êxodo 16), e Jesus faz uma conexão direta com esse alimento celestial. No entanto, ao dizer "Eu sou o pão", Ele transcende o maná e revela-se como a fonte de vida eterna, algo que não se limita a uma satisfação temporária ou material, mas que nutre a alma e a eleva à plenitude.

A palavra "vida" aqui é mais do que mera existência; é vida no sentido mais profundo e eterno — uma participação na própria vida de Deus. Portanto, Jesus não está oferecendo um simples alívio temporário para as necessidades humanas, mas uma transformação total, uma integração na esfera do divino que é capaz de saciar a sede e a fome existenciais do ser humano de maneira absoluta e definitiva.

2. "Aquele que vem a mim não terá fome"

A palavra "vir" aqui indica um movimento de adesão e busca, não apenas física, mas espiritual. Vir a Jesus é uma ação de fé e desejo profundo, é a decisão consciente de se aproximar de Cristo e de acolher a vida que Ele oferece. Não se trata de uma simples aproximação, mas de um ato de fé que envolve a vontade, a mente e o coração. O ser humano, em sua natureza caída e insatisfeita, busca constantemente algo que preencha o vazio da sua existência. Jesus, ao declarar que não terá fome, aponta para a satisfação plena que Ele oferece — um alimento que não é perecível, mas que sacia para sempre. A fome aqui é um símbolo da sede de sentido, de transcendência e de comunhão com o divino, e Jesus assegura que quem se aproxima dele encontrará o preenchimento definitivo dessa necessidade profunda.

3. "E quem crê em mim nunca mais terá sede"

A sede é outra imagem profunda que aponta para a insaciabilidade humana e a busca constante por algo que dê significado à vida. A sede espiritual é uma metáfora da ânsia de significado, de verdade, de paz, que persiste em cada ser humano. Crer em Jesus significa confiar na sua palavra e aceitar o seu ser como a única fonte verdadeira e duradoura de saciedade espiritual. A sede que Jesus se refere não é simplesmente uma necessidade de água, mas a fome e sede existenciais que todos nós experimentamos diante da vida, das dificuldades, e das incertezas do nosso ser.

O fato de Jesus prometer que quem crer nele nunca mais terá sede está relacionado à plena realização da promessa de que a união com Ele, por meio da fé, traz uma satisfação que vai além do físico e do temporal. A água e o pão, que simbolizam nossas necessidades físicas, são substituídos por uma plenitude de vida que transcende o entendimento humano. Cristo é a fonte eterna, a água viva que elimina toda sede espiritual, pois Ele oferece a verdadeira paz e a comunhão com o Pai.

4. O Significado Profundo de "Pão da Vida"

Esse "pão" de que Jesus fala está intimamente ligado ao sacrifício da cruz. O pão da vida é o corpo de Cristo, que será entregue por nós. Em outras palavras, Ele se entrega para que possamos ser nutridos não só espiritualmente, mas de maneira redentora. No contexto da Eucaristia, esse pão se torna sacramento, sendo o meio pelo qual participamos da vida divina. Assim, o pão não é só um símbolo, mas um meio real de união com Deus, uma participação no mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo, que é a verdadeira fonte de vida eterna.

5. Relação com a Vida Eterna e Comunhão com Deus

Finalmente, a promessa de que quem vem a Jesus nunca terá fome ou sede aponta para a realização plena da vida eterna. A vida eterna não é uma simples continuidade da existência, mas uma profundização da comunhão com Deus, um mergulho profundo no amor divino e na verdade infinita. Ao vir a Cristo, o ser humano é reconciliado com Deus, e sua alma é preenchida com a paz que só Ele pode oferecer. A eternidade é então um estado de realização contínua dessa plenitude.

Conclusão

A frase de Jesus em João 6:35 é uma chave teológica que revela a natureza da verdadeira satisfação humana. Não é uma satisfação passageira ou superficial, mas uma integração profunda com a fonte da vida. A fome e a sede espirituais são respostas naturais da alma humana diante da ausência de Deus, mas Jesus oferece a solução divina: Ele é o pão e a água que preenchem de maneira completa, transformadora e eterna. Ao vir a Ele e crer n’Ele, somos saciados para sempre, não apenas em nosso ser, mas em nossa comunhão com o Pai, no qual encontramos o verdadeiro sentido da existência.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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