quinta-feira, 9 de outubro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 11:15-26 - 10.10.2025

 Liturgia Diária10 – SEXTA-FEIRA 

27ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Ao vosso poder, Senhor, tudo está sujeito, e não há quem possa resistir à vossa vontade, porque sois o criador de todas as coisas, do céu e da terra e de tudo que eles contêm; vós sois o Senhor do universo (Est 4,17).


Estar com o Cristo não é pertencer a um rótulo, mas alinhar a alma ao princípio eterno da justiça que habita o cosmos. Quem vive segundo a verdade interior participa do mesmo Verbo que sustenta o mundo; quem o nega, desordena a própria essência. A presença divina não exige culto exterior, mas coerência entre o pensar e o agir. Servir à paz é permanecer em harmonia com o todo, e cultivar a fraternidade é reconhecer o reflexo do divino em cada ser. Assim, estar com Cristo é escolher a retidão que liberta e ordena o espírito ao bem universal.



Evangelium secundum Lucam 11,15-26

  1. Quidam autem ex eis dixerunt: In Beelzebub principe daemoniorum eicit daemonia.
    Mas alguns deles diziam: É por Beelzebu, príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios.

  2. Et alii tentantes, signum de caelo quaerebant ab eo.
    E outros, para o tentar, pediam-lhe um sinal do céu.

  3. Ipse autem, ut vidit cogitationes eorum, dixit eis: Omne regnum in seipsum divisum desolabitur, et domus supra domum cadet.
    Mas ele, conhecendo os pensamentos deles, disse: Todo reino dividido contra si mesmo será devastado, e casa sobre casa cairá.

  4. Si autem et Satanas in seipsum divisus est, quomodo stabit regnum eius? Quia dicitis in Beelzebub eicere me daemonia.
    Se também Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que é por Beelzebu que eu expulso os demônios.

  5. Si autem ego in Beelzebub eicio daemonia, filii vestri in quo eiciunt? Ideo ipsi iudices vestri erunt.
    Mas se é por Beelzebu que eu expulso os demônios, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes.

  6. Porro si in digito Dei eicio daemonia, profecto pervenit in vos regnum Dei.
    Mas se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou até vós.

  7. Cum fortis armatus custodit atrium suum, in pace sunt ea quae possidet.
    Quando o homem forte, bem armado, guarda sua casa, seus bens estão em paz.

  8. Si autem fortior illo superveniens vicerit eum, universa arma eius auferet, in quibus confidebat, et spolia eius distribuet.
    Mas se chega outro mais forte que ele e o vence, tira-lhe as armas em que confiava e reparte os despojos.

  9. Qui non est mecum, contra me est; et qui non colligit mecum, dispergit.
    Quem não está comigo, está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha.

  10. Cum immundus spiritus exierit de homine, ambulat per loca inaquosa quaerens requiem; et non inveniens dicit: Revertar in domum meam unde exivi.
    Quando o espírito impuro sai do homem, vagueia por lugares áridos procurando repouso; e não o encontrando, diz: Voltarei para a minha casa de onde saí.

  11. Et cum venerit, invenit eam scopis mundatam et ornatam.
    E quando vem, acha-a varrida e adornada.

  12. Tunc vadit et assumit septem alios spiritus nequiores se, et ingressi habitant ibi; et fiunt novissima hominis illius peiora prioribus.
    Então vai, toma consigo outros sete espíritos piores do que ele, e entrando, habitam ali; e o estado final daquele homem torna-se pior que o primeiro.

Verbum Domini

Reflexão:
O mal é ausência de ordem interior, não poder próprio. Quando a alma se divide, perde o domínio de si e se torna casa aberta ao caos. A força verdadeira não provém da violência, mas da lucidez que conhece a si mesma. O Cristo revela que o Reino é interior, sustentado pela harmonia entre o pensar e o agir. Expulsar os demônios é restaurar a consciência à sua integridade. A vigilância é o escudo da alma; quem o mantém firme guarda a paz. O homem que se unifica com o bem torna-se fortaleza invencível diante das sombras.


Versículo mais importante:

Porro si in digito Dei eicio daemonia, profecto pervenit in vos regnum Dei.
Mas se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou até vós.(Lc 11:20)


HOMILIA

O Reino Interior e o Dedo de Deus

O Evangelho nos conduz ao âmago do conflito invisível que se trava dentro de cada ser. Quando o Cristo fala do espírito impuro que retorna, revela não apenas o perigo da recaída moral, mas a lei silenciosa que rege a evolução interior: o espaço vazio da alma jamais permanece neutro. O que não é habitado pela luz, será novamente ocupado pela sombra.

O “dedo de Deus” que expulsa os demônios é o toque da consciência desperta, força que não impõe, mas ordena. Essa presença divina manifesta-se no íntimo de quem busca a verdade, libertando-o da fragmentação e conduzindo-o à unidade essencial. Ser livre é tornar-se senhor de si mesmo, disciplinar os movimentos interiores e alinhar o pensamento à ordem eterna que sustenta o cosmos.

A dignidade do homem está em conservar-se íntegro diante das forças que o dispersam. Quando o coração se harmoniza com o Verbo, o caos cessa e o Reino se estabelece em silêncio. O Cristo, centro da harmonia universal, não domina pelo temor, mas pela serenidade que nasce da lucidez. Assim, quem acolhe sua presença torna-se fortaleza de paz, porque descobriu que o verdadeiro campo de batalha não está no mundo, mas no próprio espírito.


EXPLICAÇÃO TEOL[ÓGICA

O Dedo de Deus e o Reino que Habita o Interior
(Lc 11,20)
“Mas se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou até vós.”

1. O gesto divino e a ordem invisível

O “dedo de Deus” não é mera metáfora de poder, mas expressão da presença ordenadora que estrutura toda a criação. É o princípio que age sem violência, a inteligência silenciosa que sustenta o cosmos e penetra cada ser. Quando o Cristo menciona esse gesto, revela a íntima ligação entre o humano e o divino: a ação de Deus não vem de fora, mas desperta no interior de quem se abre à harmonia original.

2. A expulsão dos demônios e a purificação da consciência

Expulsar os demônios é restaurar a alma à sua clareza primordial. O mal, antes de ser entidade externa, é desordem interior — o esquecimento da luz que habita o espírito. O toque divino não destrói, mas reordena; não oprime, mas desperta. Cada movimento de purificação é uma reconquista da liberdade interior, uma volta à verdade que o ser perdeu ao fragmentar-se entre paixões e ilusões.

3. O Reino que chega como estado de consciência

O Reino de Deus não é evento futuro, mas presença que se manifesta quando a alma se pacifica e se reconhece participante do Eterno. Ele não se impõe ao mundo pela força, mas floresce no silêncio da mente disciplinada, onde o discernimento supera o tumulto das emoções. Quando o Cristo afirma que o Reino “chegou até vós”, revela a possibilidade de viver essa realidade agora, no instante em que a consciência se abre à ordem divina.

4. A liberdade e a dignidade da alma desperta

Ser alcançado pelo Reino é libertar-se da servidão interior. A verdadeira liberdade não consiste em agir conforme o impulso, mas em harmonizar o querer com a vontade superior que conduz todas as coisas ao bem. A alma que reconhece o “dedo de Deus” em sua própria existência encontra dignidade, pois sabe que sua essência é portadora do divino.

5. A presença silenciosa que transforma o ser

O dedo de Deus age em silêncio, tal como o sopro que move as águas sem alterar sua pureza. Sua força não domina, mas revela. Aquele que o sente não busca sinais externos, pois compreende que o Reino não está distante, mas pulsando no íntimo. Assim, cada gesto de lucidez, cada vitória sobre o caos interior, é manifestação desse toque sagrado — o Reino que já chegou e continua chegando em todo aquele que desperta.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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