sábado, 25 de outubro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 18:9-14 - 26.10.2025

 Liturgia Diária


26 – DOMINGO 

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM


(verde, glória, creio – 2ª semana do saltério)


Exulte o coração que busca a Deus! Procurai o Senhor Deus e seu poder, buscai constantemente a sua face (SI 104,3s).


Reunimo-nos em gratidão, não por glória própria, mas pela presença silenciosa da Bondade que tudo sustenta. A alma, quando se curva diante do Infinito, encontra força nas provações e serenidade nas perdas. O coração que ora com pureza reconhece que nada lhe pertence, e tudo lhe é dado para servir. Assim, guiados pelo sopro interior da fé, tornamo-nos mensageiros de esperança. Cada gesto justo, cada palavra prudente, é missão que transcende o tempo, pois quem vive segundo a razão e a virtude testemunha o divino que habita o mundo e o transforma com serenidade e amor.



Evangelium secundum Lucam 18,9-14

  1. Dixit autem et ad quosdam qui in se confidebant tamquam iusti, et aspernabantur ceteros, parabolam istam:
    Disse também a alguns que confiavam em si mesmos por se julgarem justos e desprezavam os outros esta parábola:

  2. Duo homines ascenderunt in templum ut orarent: unus pharisaeus, et alter publicanus.
    Dois homens subiram ao templo para orar: um fariseu e o outro publicano.

  3. Pharisaeus stans, haec apud se orabat: Deus, gratias ago tibi quia non sum sicut ceteri hominum, raptores, iniusti, adulteri, velut etiam hic publicanus.
    O fariseu, de pé, orava consigo mesmo: Ó Deus, dou-te graças porque não sou como os demais homens, ladrões, injustos, adúlteros, nem mesmo como este publicano.

  4. Jejuno bis in sabbato, decimas do omnium quae possideo.
    Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo o que possuo.

  5. Et publicanus a longe stans, nolebat nec oculos ad caelum levare: sed percutiebat pectus suum, dicens: Deus, propitius esto mihi peccatori.
    O publicano, porém, mantendo-se à distância, nem sequer ousava levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, pecador.

  6. Dico vobis, descendit hic iustificatus in domum suam ab illo: quia omnis qui se exaltat, humiliabitur; et qui se humiliat, exaltabitur.
    Eu vos digo: este desceu justificado para sua casa, e não aquele; pois todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado.

Verbum Domini

Reflexão:
A grandeza não nasce do orgulho, mas do reconhecimento da própria fragilidade. Aquele que se conhece verdadeiramente não busca aplausos, busca sentido. A humildade é a força que eleva, pois nela o homem encontra sua proporção diante do Eterno. A justiça não se afirma pelo poder, mas pela retidão do coração. Quem se recolhe em silêncio aprende que a oração sincera é mais profunda que qualquer palavra. Assim, o homem livre é aquele que domina a si mesmo e caminha em paz, sem vanglória, sustentado apenas pela luz interior que o guia.


Versículo mais importante:

Evangelium secundum Lucam 18,14

  1. Dico vobis, descendit hic iustificatus in domum suam ab illo: quia omnis qui se exaltat, humiliabitur; et qui se humiliat, exaltabitur.
    Eu vos digo: este desceu justificado para sua casa, e não aquele; pois todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado.(Lc 18:14)


HOMILIA

A Humildade que Revela o Absoluto

O Evangelho de hoje nos conduz ao templo interior, onde dois homens se colocam diante do Mistério. Um fala de si; o outro, fala com o Eterno. No silêncio entre suas palavras, o Espírito revela que a verdadeira oração não se mede pela forma, mas pela direção da alma. Aquele que se exalta fecha o horizonte da consciência em torno do próprio mérito; aquele que se humilha abre o coração ao infinito.

A evolução do ser não se dá pela superioridade moral, mas pelo reconhecimento sereno de que toda virtude é participação na Luz que sustenta o mundo. A liberdade espiritual floresce quando o homem abandona o orgulho de possuir a verdade e se entrega à verdade que o possui. A dignidade não nasce da aparência de justiça, mas da retidão silenciosa que se ergue do arrependimento e da consciência desperta.

Assim, o publicano é justificado não por negar o mal, mas por encará-lo com humildade. Ele não busca aprovação, busca comunhão. E nessa entrega, reencontra o sentido de existir — não como criatura que compete, mas como alma que retorna à Fonte. Aquele que se esvazia do próprio nome torna-se espelho da Presença. É nesse esvaziamento que o homem se eleva, não sobre os outros, mas acima de si mesmo, alcançando o lugar onde o orgulho se dissolve e a paz tem morada.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

O Caminho da Justificação Interior
“Eu vos digo: este desceu justificado para sua casa, e não aquele; pois todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado.” (Lc 18,14)

1. O Silêncio que Revela o Verdadeiro Culto

A parábola conduz o olhar para o centro da experiência espiritual: o encontro do homem consigo mesmo diante de Deus. Não há mérito exterior que substitua a pureza interior. O fariseu fala com as palavras do orgulho, o publicano fala com o silêncio do arrependimento. A diferença entre ambos é o estado de consciência — um busca afirmar-se, o outro permitir-se ser transformado. A oração autêntica nasce quando o ser humano reconhece que não há nada em si que não provenha da Fonte.

2. A Humilhação como Ascensão da Alma

A humilhação, na lógica divina, não é derrota, mas retorno à verdade. Quando o ego se curva, a alma se ergue. Aquele que se exalta erige um trono de areia; aquele que se humilha constrói sobre a rocha da eternidade. O movimento de descer é, portanto, o caminho da ascensão interior — a entrega da vontade pessoal à Vontade Suprema. Somente quem se reconhece pequeno pode ser elevado, pois o espaço do vazio é o lugar da plenitude.

3. A Justiça como Equilíbrio Interior

A justificação do publicano não é recompensa moral, mas manifestação da harmonia restabelecida. A justiça divina não mede feitos, mas intenções. É uma vibração de equilíbrio entre o humano e o eterno, o finito e o absoluto. Aquele que se mantém em humildade torna-se justo porque aceita a própria incompletude e se deixa ordenar pela sabedoria do Todo. Assim, a verdadeira justiça não é imposição, é integração com a ordem sagrada que rege o universo.

4. A Liberdade que Nasce do Reconhecimento

A liberdade espiritual não consiste em fazer o que se quer, mas em ser o que se é diante de Deus. O fariseu está preso ao reflexo de si mesmo; o publicano é livre porque reconhece a própria dependência. A confissão da fragilidade abre o ser à luz da misericórdia, e nessa abertura o homem torna-se senhor de suas paixões e servo da verdade. É esse paradoxo — humilhar-se para ser exaltado — que revela a dignidade mais alta: a liberdade conquistada pela entrega.

5. O Retorno à Casa Interior

“Desceu justificado para sua casa” — o Evangelho não fala apenas de um lugar físico, mas do retorno à morada da alma. A casa é o centro interior onde o homem reencontra o equilíbrio perdido. A justificação é a restauração da unidade entre o humano e o divino, a reconciliação do fragmento com o Todo. O publicano volta transformado, pois a humildade o reconduziu à essência. Ele não leva uma nova doutrina, mas um novo olhar: aquele que vê a si mesmo à luz do Amor que tudo sustenta.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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