quinta-feira, 16 de outubro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 10:1-9 - 18.10.2025

 Liturgia Diária


18 – SÁBADO 

SÃO LUCAS


EVANGELISTA E MISSIONÁRIO


(vermelho, glória, pref. dos apóstolos II – ofício da festa)


Como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação! (Is 52,7)


Lucas, espírito contemplativo de Antioquia, elevou sua escrita à dimensão do eterno, unindo razão e fé na harmonia do Verbo. Viu na palavra o poder de libertar e no ato de servir a expressão da sabedoria. Seu Evangelho não é apenas relato, mas espelho da alma que busca o sentido da existência. Acompanhar Paulo foi para ele exercício de virtude e domínio de si, pois todo caminho exige coragem interior. Que sua lembrança inspire em nós o zelo pela verdade e o amor ao bem comum, onde a liberdade floresce como fruto da consciência iluminada.



In Festo Sancti Lucae Evangelistae

Evangelium secundum Lucam 10,1–9

  1. Post haec autem designavit Dominus et alios septuaginta duos, et misit illos binos ante faciem suam in omnem civitatem et locum, quo erat ipse venturus.
    Depois disso, o Senhor designou outros setenta e dois e os enviou dois a dois à sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele devia ir.

  2. Et dicebat illis: “Messis quidem multa, operarii autem pauci; rogate ergo Dominum messis, ut mittat operarios in messem suam.”
    E dizia-lhes: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos; portanto, pedi ao Senhor da colheita que envie operários para a sua messe.”

  3. “Ite; ecce ego mitto vos sicut agnos inter lupos.”
    “Ide; eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos.”

  4. “Nolite portare sacculum neque peram neque calceamenta, et neminem per viam salutaveritis.”
    Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias, e a ninguém saudeis pelo caminho.

  5. “In quamcumque domum intraveritis, primum dicite: Pax huic domui.”
    Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz a esta casa.

  6. “Et si ibi fuerit filius pacis, requiescet super illum pax vestra; sin autem, ad vos revertetur.”
    E se ali houver um filho da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, voltará a vós.

  7. “In eadem autem domo manete, edentes et bibentes quae apud illos sunt; dignus est enim operarius mercede sua. Nolite transire de domo in domum.”
    Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do que tiverem, pois o trabalhador é digno do seu salário. Não passeis de casa em casa.

  8. “Et in quamcumque civitatem intraveritis, et susceperint vos, manducate quae apponuntur vobis.”
    E em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos for servido.

  9. “Et curate infirmos, qui in illa sunt, et dicite illis: Appropinquavit in vos regnum Dei.”
    Curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: O Reino de Deus está próximo de vós.

Verbum Domini

Reflexão:
O envio dos setenta e dois revela a ordem silenciosa que rege o universo: servir é participar do movimento da vida. A verdadeira paz nasce daquele que não possui, mas confia. Quem caminha leve, sem excessos, leva consigo a força do que é livre e inteiro. O Reino se aproxima em cada gesto justo, em cada palavra que consola. A dignidade do trabalhador é a harmonia entre o esforço e o sentido. O dom maior não está em colher, mas em semear. Aquele que cura e anuncia torna-se espelho do próprio Logos que habita todas as coisas.


Versículo mais importante:

Et curate infirmos, qui in illa sunt, et dicite illis: Appropinquavit in vos regnum Dei.

Curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: O Reino de Deus está próximo de vós.(Lc 10:9)

Este versículo é o coração do envio: nele se une a ação e a contemplação, o cuidado e o anúncio. A cura simboliza a restauração da ordem interior e exterior, enquanto a proximidade do Reino revela a presença viva do divino no instante humano. É o chamado à transformação do mundo através da compaixão ativa e da consciência desperta.


HOMILIA

O Envio Interior e o Reino que Habita em Nós

O Evangelho segundo Lucas revela um mistério que transcende o tempo: o homem é enviado não apenas ao mundo exterior, mas à vastidão de seu próprio ser. Quando o Senhor designa e envia os setenta e dois, fala também ao núcleo mais silencioso da alma humana, convocando-a a sair de si mesma e servir à vida. O envio é uma metáfora da expansão da consciência — um chamado à maturidade espiritual que reconhece a liberdade não como posse, mas como expressão do Espírito que habita em tudo.

“Curai os enfermos e anunciai que o Reino de Deus está próximo.” Este versículo é a síntese da jornada interior. Curar é restaurar a harmonia perdida entre corpo, mente e alma; é devolver à existência o equilíbrio que o excesso de desejo ou medo desfez. O anúncio do Reino é a proclamação silenciosa de que o divino não se encontra distante, mas pulsa em cada ser que age com retidão e serenidade.

A grandeza humana manifesta-se quando o homem compreende que o verdadeiro poder não é dominar, mas servir; não é possuir, mas oferecer. Quem caminha leve, sem as bolsas simbólicas do orgulho e da ambição, torna-se canal da paz. E essa paz, ao repousar sobre o outro, retorna multiplicada, pois a alma que dá sem cálculo participa da ordem universal.

A dignidade do trabalhador do Reino nasce da fidelidade à própria essência. Cada gesto justo é uma semente plantada no campo da eternidade, e cada ato de cuidado é uma oferenda ao Todo. O caminho do enviado é silencioso, mas pleno; solitário, mas habitado pela presença do Eterno. E quando o homem realiza sua missão com serenidade e desapego, ele já vive o Reino que anuncia.

Assim, o envio de Cristo não é apenas um movimento histórico, mas o eterno convite ao despertar. O homem que escuta esse chamado torna-se ponte entre o invisível e o visível, entre o que é e o que pode ser. Ele não busca recompensas, pois sua alegria está em servir ao que é mais alto, e sua liberdade floresce na obediência à lei da verdade que habita em si.

“Appropinquavit in vos regnum Dei.” O Reino não está distante; ele se aproxima em cada alma que se entrega ao bem, em cada coração que escolhe amar sem medida. Nesse instante, o enviado e o Reino tornam-se um só.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

O Reino que Se Aproxima: Dimensões do Envio Interior
“Curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: O Reino de Deus está próximo de vós.” (Lc 10,9)

A cura como restauração da ordem divina

A palavra “curai” não se limita ao ato físico, mas indica um retorno à harmonia primordial que o ser humano perdeu ao afastar-se da unidade interior. A enfermidade, em qualquer de suas formas, é sinal de ruptura entre a alma e sua fonte de origem. Curar é, portanto, restituir ao homem a consciência de sua inteireza, reconduzindo-o ao equilíbrio que o liga ao Criador. O poder de curar nasce da comunhão com essa Presença que, silenciosa, sustenta o universo. Assim, quem cura participa do movimento criador de Deus, restaurando em cada ser a imagem viva do Bem.

O anúncio do Reino como revelação interior

“Dizei-lhes: o Reino de Deus está próximo de vós.” Não se trata de uma promessa distante, mas de uma revelação imediata. O Reino não é um território a ser conquistado, mas uma realidade a ser despertada. Ele aproxima-se quando o coração humano se liberta das correntes da vaidade e se abre à presença divina que habita em todas as coisas. A proximidade do Reino é o reflexo da consciência desperta, que vê em cada gesto de bondade a manifestação do Eterno.

A liberdade como obediência à ordem do Espírito

Os enviados são convidados a caminhar sem bolsas nem reservas. Essa leveza é símbolo da alma que confia, que se desprende do supérfluo para servir com pureza. A verdadeira liberdade não está em possuir, mas em estar disponível ao chamado. Quem caminha nesse espírito já participa da ordem divina, pois age em conformidade com a razão que sustenta o cosmos. A missão torna-se então um exercício de fidelidade à própria essência, onde o agir e o ser coincidem em unidade.

A dignidade como expressão da presença divina

O trabalhador é digno de seu salário porque sua ação é sagrada. Em cada gesto de cuidado e palavra de paz, ele reflete a dignidade do próprio Criador, que se comunica por meio do homem justo. Dignidade não é conquista, mas reconhecimento do que já é: o reflexo do divino em cada alma consciente. O que serve, portanto, não se diminui; torna-se espelho do Amor que tudo move e tudo sustenta.

A síntese do caminho

Curar e anunciar — dois movimentos que se fundem em um só ato de plenitude. Curar é reconciliar o homem com o que ele é; anunciar é revelar o que ele pode ser. O Reino de Deus não chega de fora: ele se manifesta quando o interior humano se ordena segundo a Verdade. Nesse instante, toda cura é comunhão, e toda palavra é revelação. O enviado torna-se então o próprio sinal do Reino, presença viva da harmonia que nunca se ausenta.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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