Liturgia Diária
25 – SÁBADO
SANTO ANTÔNIO DE SANT’ANA GALVÃO
RELIGIOSO
(branco, pref. comum, ou dos pastores – ofício da memória)
Eu vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentarão com clarividência e sabedoria (Jr 3,15).
Antônio de Guaratinguetá nasceu entre o tempo e a eternidade. Sua vida, silenciosa e firme, revelou que a verdadeira grandeza habita o serviço, não o domínio. Frei Galvão compreendeu que a liberdade interior nasce do desapego e que o poder mais alto é o de curar sem exigir retorno. Seu gesto constante de caridade foi exercício de razão e virtude, caminho de alma serena que se guia pela ordem do bem. Viveu no mundo sem pertencer a ele, lembrando que servir é a forma mais pura de governar o próprio ser e reconciliar-se com o Todo.
Dominica III in Quadragesima – Evangelium secundum Lucam 13,1-9
1. Aderant autem quidam ipso in tempore nuntiantes illi de Galilæis, quorum sanguinem Pilatus miscuit cum sacrificiis eorum.
Naquele tempo, chegaram alguns que contaram a Jesus sobre os galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios deles.
2. Et respondens dixit illis: Putatis quod hi Galilæi præ omnibus Galilæis peccatores fuerunt, quia talia passi sunt?
E Ele lhes respondeu: Pensais que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros galileus, por terem sofrido tais coisas?
3. Non, dico vobis: sed nisi pœnitentiam habueritis, omnes similiter peribitis.
Não, eu vos digo; mas se não vos converterdes, todos igualmente perecereis.
4. Vel illi decem et octo, super quos cecidit turris in Siloë et occidit eos: putatis quia et ipsi debitores fuerunt præ omnibus hominibus habitantibus in Ierusalem?
Ou aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou: pensais que eram mais culpados que todos os habitantes de Jerusalém?
5. Non, dico vobis: sed si non pœnitentiam habueritis, omnes similiter peribitis.
Não, eu vos digo; mas se não vos converterdes, todos igualmente perecereis.
6. Dicebat autem hanc similitudinem: Arborem fici habebat quidam plantatam in vinea sua, et venit quærens fructum in illa, et non invenit.
E dizia esta parábola: Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha; veio procurar fruto nela e não achou.
7. Dixit autem ad cultorem vineæ: Ecce anni tres sunt, ex quo venio quærens fructum in ficulnea hac, et non invenio: succide ergo illam: ut quid etiam terram occupat?
Então disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira e nada encontro; corta-a! Por que há de ocupar inutilmente a terra?
8. At ille respondens, dicit illi: Domine, dimitte illam et hoc anno usque, donec fodiam circa illam et mittam stercora.
Mas ele respondeu: Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu cave ao redor e lhe ponha adubo.
9. Et si quidem fecerit fructum: sin autem, in futurum succides eam.
E, se der fruto, muito bem; se não, virás a cortá-la depois.
Verbum Domini
Reflexão:
A parábola recorda que o tempo é dom e responsabilidade. Cada instante é ocasião para florescer em consciência e virtude. O homem que cultiva o solo da própria alma compreende que nada é seu, mas tudo lhe foi confiado para frutificar. Assim como a figueira, somos chamados a justificar o espaço que ocupamos, não pelo medo, mas pela fidelidade à vida. A liberdade verdadeira nasce do trabalho interior, e a conversão é o despertar para o que é essencial: agir com justiça, discernir com serenidade e viver de modo que o bem não seja promessa, mas presença.
Versículo maiss importantes:
3. Non, dico vobis: sed nisi pœnitentiam habueritis, omnes similiter peribitis.
Não, eu vos digo; mas se não vos converterdes, todos igualmente perecereis.(Lc 13:3)
Este versículo concentra a essência do ensinamento do trecho: a necessidade da conversão interior como caminho de libertação e plenitude. Ele recorda que a verdadeira transformação não nasce do medo da perda, mas da consciência da vida como oportunidade contínua de retorno ao que é justo, sereno e íntegro.
HOMILIA
A Figueira e o Tempo da Alma
O Evangelho de Lucas (13,1-9) fala de um tempo que não se mede por relógios, mas pela consciência. As tragédias narradas — o sangue misturado ao sacrifício e a torre que desaba — não são castigos, mas espelhos. Elas revelam que o homem, para compreender o sentido do existir, precisa voltar-se para dentro de si e perceber que o verdadeiro perigo não é o fim da vida, mas a estagnação do espírito.
A parábola da figueira estéril nos convida a reconhecer o dom do tempo como espaço de amadurecimento interior. A paciência divina, figurada no vinhateiro que pede mais um ano, é a expressão do amor que espera sem desistir, mas também o chamado à responsabilidade: a terra não pode sustentar para sempre o que não frutifica.
A alma humana, como a figueira, foi plantada em uma vinha sagrada. Cada pensamento, cada gesto e cada escolha são sementes de eternidade. Quando o ser desperta para essa consciência, entende que o sentido da liberdade não é fazer tudo, mas fazer o que o torna digno do dom que recebeu. A liberdade sem virtude é dispersão; com virtude, é força criadora.
Converter-se, então, é aprender a florescer em meio à própria imperfeição, sem medo da poda que purifica. Aquele que aceita o trabalho interior encontra serenidade mesmo diante das perdas, pois sabe que tudo o que é essencial renasce. O tempo não é inimigo, é aliado daquele que compreende que viver é ser cultivado pela paciência de Deus.
Assim, a parábola se cumpre em silêncio: o fruto nasce quando a alma deixa de resistir ao chamado e se entrega ao fluir da ordem divina. Pois a figueira, ao reconhecer a luz, torna-se templo da própria vida — e nela o eterno se manifesta.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
A Conversão como Despertar do Ser
“Não, eu vos digo; mas se não vos converterdes, todos igualmente perecereis.” (Lc 13,3)
1. O Chamado Interior
O versículo não anuncia uma punição, mas um chamado. “Converter-se” significa voltar ao centro, reencontrar o eixo onde a alma e o divino se reconhecem. O homem que vive disperso em desejos e medos perde a direção interior; vive à mercê do acaso. O convite de Cristo é o de retornar à fonte silenciosa da consciência, onde o ser reencontra a sua verdadeira medida e o sentido do existir.
2. O Tempo e a Necessidade do Retorno
O “perecer” aqui não é apenas a morte física, mas o esvaziamento do sentido da vida. Quem se afasta da verdade que o habita torna-se como a figueira que não frutifica: ocupa espaço, mas não gera vida. O tempo dado a cada um é oportunidade de retorno, não de distração. Deus não castiga, apenas permite que o fruto apodreça quando se recusa a nascer.
3. A Liberdade e a Escolha do Bem
Converter-se é o exercício supremo da liberdade. Não é imposição, mas decisão íntima de viver segundo a luz que se conhece. A alma livre não é aquela que faz tudo o que quer, mas a que aprende a querer o que deve. A verdadeira grandeza humana consiste em harmonizar vontade e sabedoria, ação e serenidade, tornando a vida uma expressão contínua de equilíbrio.
4. A Morte como Símbolo de Transformação
“Perecer” é imagem do que se desfaz quando o ser resiste ao crescimento. A destruição, nesse sentido, é purificação: o que não serve ao bem é removido, como o galho seco que impede a seiva de fluir. A existência não termina, apenas muda de forma quando o homem aprende a deixar morrer em si o que o separa da plenitude.
5. O Fruto da Consciência
A conversão é o florescimento da consciência. Quando o homem se volta para dentro, percebe que cada ato tem peso de eternidade e que sua vida é o campo onde o divino deseja frutificar. O fruto verdadeiro não é o poder, nem o prestígio, mas a serenidade de quem vive segundo o bem. Assim, converter-se é reencontrar o ritmo da criação e compreender que perece apenas o que não se transforma.
6. O Eterno no Instante
Este versículo ensina que o instante presente contém o eterno. A cada respiração, o homem pode escolher entre o adormecimento e o despertar. Converter-se é escolher a vida em sua dimensão mais alta — não a sobrevivência, mas a existência plena, reconciliada, consciente do Todo que o sustenta.
Conclusão
A palavra de Cristo em Lucas 13,3 é um espelho: nela se reflete a urgência de transformar o tempo em eternidade e a vida em oferenda. Quem se converte não foge da morte, mas aprende a atravessá-la com sabedoria, porque compreende que apenas o que floresce no bem permanece.
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