terça-feira, 14 de outubro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 11:42-46 - 15.10.2025

 Liturgia Diária


15 – QUARTA-FEIRA 

SANTA TERESA DE JESUS


VIRGEM E DOUTORA DA IGREJA


(branco, pref. comum, ou das virgens – ofício da memória)


Assim como a corça suspira pelas águas correntes, suspira igualmente minh’alma por vós, ó meu Deus! Minha alma tem sede de Deus e deseja o Deus vivo (Sl 41,2s).


Teresa, alma que transformou o recolhimento em liberdade interior, compreendeu que o verdadeiro domínio nasce do autoconhecimento e do governo das paixões. No silêncio do Carmelo, encontrou a força que não depende do mundo, mas do centro imóvel da alma. Sua vida foi ascese e razão unidas, chama que ilumina sem consumir. Com firmeza e doçura, ergueu-se como símbolo da alma disciplinada, que age por amor e não por vaidade. Sua sabedoria ensina que a oração é exercício de lucidez, e o bem, a expressão natural da ordem interior que nasce da comunhão com o divino.

“O Senhor está perto de todos os que o invocam em verdade.”
Salmo 145:18



Evangelium secundum Lucam 11,42-46

Vae vobis, pharisaei, quia decimatis mentham, et rutam, et omne olus, et praeteritis judicium et caritatem Dei: haec autem oportuit facere, et illa non omittere.
Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de toda a verdura, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus; devíeis praticar estas coisas sem omitir aquelas.

43. Vae vobis, pharisaei, quia diligitis primas cathedras in synagogis, et salutationes in foro.
Ai de vós, fariseus, porque amais os primeiros assentos nas sinagogas e as saudações nas praças.

44. Vae vobis, quia estis ut monumenta, quae non apparent, et homines ambulantes supra nesciunt.
Ai de vós, porque sois como sepulcros que não se veem, e sobre os quais os homens caminham sem o saber.

45. Respondens autem quidam ex legisperitis, ait illi: Magister, haec dicens etiam nobis contumeliam facis.
Então, respondendo um dos doutores da lei, disse-lhe: Mestre, ao dizer essas coisas, insultas também a nós.

46. At ille dixit: Et vobis legisperitis, vae, quia oneratis homines oneribus, quae portare non possunt, et ipsi uno digito vestro non tangitis sarcinas.
Mas ele respondeu: Ai também de vós, doutores da lei, porque impondes aos homens cargas difíceis de suportar, e vós mesmos não tocais nelas nem com um só dedo.

Verbum Domini

Reflexão:
A palavra revela que a verdadeira integridade não habita nas aparências, mas no equilíbrio entre o agir e o ser. A alma justa não busca louvor, busca coerência. O que impõe sem carregar, divide; o que serve em silêncio, liberta. A consciência desperta reconhece que toda lei é meio e não fim. Quem ordena o próprio interior não teme o peso do mundo. A disciplina é liberdade, e a verdade é seu fruto. Somente aquele que age por amor do bem participa da ordem eterna que sustenta o universo e purifica a alma do engano.


Versículo mais importaante:

Vae vobis, pharisaei, quia decimatis mentham, et rutam, et omne olus, et praeteritis judicium et caritatem Dei: haec autem oportuit facere, et illa non omittere.
Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de toda a verdura, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus; devíeis praticar estas coisas sem omitir aquelas.(Lc 11:42)

Este versículo é o mais essencial do trecho, pois revela o núcleo da mensagem: a verdadeira fidelidade espiritual não está nas práticas exteriores, mas na união entre a justiça e o amor divino, que dão sentido e equilíbrio a toda ação humana.


HOMILIA

A Pureza da Consciência e o Peso Invisível das Leis

O Evangelho revela um espelho onde a alma é convidada a contemplar sua própria transparência. Não se trata apenas de denunciar a hipocrisia dos fariseus, mas de indicar o caminho do ser livre, aquele que age por convicção interior e não por aparência. A justiça e o amor de Deus, esquecidos por quem vive das formas, são os dois polos que sustentam a harmonia do espírito desperto.

Cada homem é um templo onde a lei divina se escreve em silêncio. Quando a consciência é pura, não necessita de ornamentos nem de testemunhas. Mas quando se prende à vaidade, transforma o sagrado em peso e o dom em obrigação. O Cristo denuncia não para condenar, mas para libertar; não para humilhar, mas para elevar.

O espírito evolui quando aprende que a obediência verdadeira nasce da compreensão e não do medo. Aquele que governa a si mesmo não precisa impor leis externas, pois já encontrou dentro de si o eixo da ordem eterna. Assim, o que parece renúncia é, na verdade, a mais alta forma de poder: o poder de permanecer íntegro diante da ilusão.

Cumprir o dízimo da hortelã e esquecer a justiça é como medir o infinito com a régua da vaidade. O Cristo nos chama a uma simplicidade luminosa, onde cada gesto é expressão da unidade interior. A alma livre não acumula méritos, apenas floresce na verdade, consciente de que toda pureza vem do alinhamento entre razão e amor, entre ação e silêncio.

A verdadeira dignidade humana nasce quando o ser reconhece que sua força está na transparência de sua consciência. Somente aquele que carrega com serenidade as cargas da existência, sem transferi-las aos outros, participa da ordem divina que move o universo e conduz o homem ao centro de si mesmo.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

O Peso do Visível e o Esquecimento do Essencial

"Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de toda a verdura, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus; devíeis praticar estas coisas sem omitir aquelas."
(Lc 11,42)

1. A Religião das Aparências

O versículo denuncia o desequilíbrio entre o gesto exterior e a intenção interior. Os fariseus zelavam pelas minúcias da lei, mas o zelo tornara-se máscara. A alma, quando perde o contato com sua fonte, transforma o sagrado em costume e o rito em vaidade. Toda prática sem interioridade é ruído que simula harmonia. Cristo não reprova o ato em si, mas a ausência de coerência entre o visível e o invisível, entre o gesto e o coração.

2. A Justiça como Eixo da Alma

A justiça, neste contexto, não é apenas legal ou social, mas ontológica. Ela representa o equilíbrio interno que mantém o ser unido ao princípio do bem. Aquele que vive na justiça não busca recompensa nem aplauso, pois compreende que o justo é quem alinha a própria vontade à ordem divina. A justiça é o movimento que harmoniza o indivíduo com o Todo, tornando sua vida um reflexo da sabedoria que governa o universo.

3. O Amor como Lei Suprema

O amor de Deus, esquecido pelos fariseus, é a essência que dá sentido a toda ação. Sem amor, até a virtude se torna cálculo. O amor, quando verdadeiro, não é emoção passageira, mas um estado de presença que purifica o agir e o pensar. Ele unifica o homem com o que é eterno, dissolvendo o conflito entre dever e desejo. O amor é o fogo que transforma a obediência em liberdade e a regra em comunhão.

4. O Equilíbrio entre Ação e Interioridade

“Devíeis praticar estas coisas sem omitir aquelas” é um chamado à totalidade. Cristo não rejeita o dízimo, mas o convida à plenitude do sentido. A verdadeira vida espiritual não nega o mundo, mas o transfigura. A ação exterior deve nascer da clareza interior; o gesto deve expressar o que o espírito já é. Quando o ser encontra seu centro, toda obra torna-se oferenda natural, sem pretensão nem disfarce.

5. O Caminho da Liberdade Interior

A mensagem final é uma convocação à liberdade: libertar-se da rigidez das formas para reencontrar a pureza da consciência. A alma livre é aquela que serve por amor, não por medo; que cumpre o dever sem tornar-se escrava dele. O Cristo revela que a verdadeira adoração está na inteireza de ser, onde a vontade humana se torna transparente à vontade divina. Assim, o homem participa da sabedoria eterna que sustenta a criação, vivendo em equilíbrio, serenidade e dignidade diante de Deus.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

#evangelho #homilia #reflexão #católico #evangélico #espírita #cristão

#jesus #cristo #liturgia #liturgiadapalavra #liturgia #salmo #oração

#primeiraleitura #segundaleitura #santododia #vulgata #metafísica #teologia #papaleãoIV #santopapa #sanrtopadre

Nenhum comentário:

Postar um comentário