Liturgia Diária
4 – SÁBADO
SÃO FRANCISCO DE ASSIS
RELIGIOSO E PAI DA ECOLOGIA
(branco, pref. comum, ou dos santos – ofício da memória)
Francisco de Assis, homem de Deus, deixou sua casa, abandonou sua herança e se fez pobre e desvalido. O Senhor, porém, o acolheu.
Francisco, nascido em Assis, escolheu renunciar ao poder das posses para descobrir a liberdade interior que nasce do desapego. Em sua pobreza encontrou a riqueza de uma alma que nada teme, porque nada deseja além do essencial. Entre os leprosos, viu não a miséria, mas a dignidade silenciosa do ser humano. Na criação, contemplou a ordem que sustenta todas as coisas, reconhecendo a harmonia que nasce da simplicidade. Sua vida tornou-se testemunho de que a verdadeira força não está no domínio, mas no serviço. Assim, permanece como guia daquele que busca viver com coragem e plenitude.
Evangelium secundum Lucam 10,17-24
17 Reversi sunt autem septuaginta duo cum gaudio, dicentes: Domine, etiam dæmonia subjiciuntur nobis in nomine tuo.
17 Voltaram os setenta e dois com alegria, dizendo: Senhor, até os demônios nos obedecem em teu nome.
18 Et ait illis: Videbam Satanam sicut fulgor de cælo cadentem.
18 E Ele lhes disse: Eu vi Satanás cair do céu como um relâmpago.
19 Ecce dedi vobis potestatem calcandi supra serpentes, et scorpiones, et super omnem virtutem inimici: et nihil vobis nocebit.
19 Eis que vos dei poder para pisardes sobre serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará mal.
20 Verumtamen in hoc nolite gaudere quia spiritus vobis subjiciuntur: gaudete autem, quod nomina vestra scripta sunt in cælis.
20 Contudo, não vos glorieis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos antes pelo fato de que os vossos nomes estão escritos nos céus.
21 In ipsa hora exsultavit Spiritu Sancto, et dixit: Confiteor tibi Pater, Domine cæli et terræ, quod abscondisti hæc a sapientibus et prudentibus, et revelasti ea parvulis. Etiam Pater: quoniam sic placuit ante te.
21 Na mesma hora exultou no Espírito Santo, e disse: Confesso-te, Pai, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas dos sábios e prudentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim aprouve-te.
22 Omnia mihi tradita sunt a Patre meo. Et nemo scit quis sit Filius, nisi Pater: et quis sit Pater, nisi Filius, et cui voluerit Filius revelare.
22 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. E ninguém sabe quem é o Filho senão o Pai; nem quem é o Pai senão o Filho e àquele a quem o Filho quiser revelar.
23 Et conversus ad discipulos suos, dixit: Beati oculi qui vident quæ vos videtis.
23 E, voltando-se para os discípulos, disse: Bem-aventurados os olhos que vêem o que vós vedes.
24 Dico enim vobis quod multi prophetae et reges voluerunt videre quæ vos videtis, et non viderunt: et audire quæ auditis, et non audierunt.
24 Pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes e não viram; e ouvir o que ouvistes, e não ouviram.
Verbum Domini
Reflexão:
No profundo silêncio entre ação e contemplação surge a verdadeira liberdade — não aquela imposta de fora, mas cultivada no coração. Quem reconhece seu papel, sem desejo de controle, colabora com uma ordem maior. A confiança nasce quando se aceita que nem todo poder pertence a nós, mas o dever de agir com responsabilidade. Alegrar-se pelo reconhecimento que transcende o efêmero é sustentar-se no que é duradouro. Mesmo no confronto com forças adversas, o verdadeiro triunfo consiste em persistir no dever, com integridade, dentro dos limites que nos são dados.
Versículo mais importante:
Verumtamen in hoc nolite gaudere quia spiritus vobis subjiciuntur: gaudete autem, quod nomina vestra scripta sunt in cælis.
Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos antes pelo fato de que os vossos nomes estão escritos nos céus.(Lc 10:20)
HOMILIA
A Alegria que se Enraíza no Eterno
O Evangelho nos conduz ao coração da verdadeira vitória. Os discípulos regressam jubilosos porque até os espíritos se submetem à força do Nome. Contudo, o Mestre desloca o olhar deles para uma dimensão mais profunda. Não é a obediência das forças externas que deve ser motivo de júbilo, mas a inscrição do ser humano na eternidade. Aqui se encontra o núcleo da liberdade: não depender do aplauso, nem da conquista visível, mas do reconhecimento silencioso de que nossa essência está firmada em Deus.
A queda de Satanás, como relâmpago que se desfaz no céu, revela que todo poder transitório se dissolve. Nada permanece quando está enraizado apenas na força exterior. O que se sustenta é a dignidade interior, cultivada na simplicidade e na confiança. O Senhor se alegra porque os pequenos compreendem o que os orgulhosos não percebem: a verdade não se mede por títulos, mas pela clareza da alma que sabe ver e escutar.
A evolução interior não é conquista de muitos feitos, mas a capacidade de viver sem pertencer ao domínio daquilo que é passageiro. A verdadeira grandeza floresce quando a vida é ordenada pelo eterno, e a pessoa encontra serenidade mesmo entre provas. Essa visão nos convida a reconhecer que o essencial já está dado: nossos nomes inscritos no céu, sinal de uma dignidade inapagável.
Assim, a homilia deste Evangelho nos recorda que a liberdade não é ausência de limites, mas a harmonia de viver consciente da ordem invisível que sustenta todas as coisas. Alegrar-se nesse horizonte é encontrar a força de permanecer firme diante da mudança, em paz diante do transitório, e pleno diante da eternidade que já habita em nós.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
A Verdadeira Alegria que Habita no Alto
(Lc 10,20)
"Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos antes pelo fato de que os vossos nomes estão escritos nos céus."
A Alegria que não Depende do Mundo
Jesus ensina que a fonte da verdadeira alegria não está nas vitórias exteriores nem nos poderes conquistados. A submissão dos espíritos pode encher de entusiasmo momentâneo, mas permanece transitória. O que realmente sustenta o coração humano é a certeza de que sua existência tem valor eterno, pois está guardada em Deus.
A Inscrição no Céu como Dignidade do Ser
Ter o nome escrito nos céus significa que a vida humana não se reduz ao que é visível. Cada pessoa carrega uma marca que a transcende, sinal de que não nasceu para o esquecimento, mas para a plenitude. Essa inscrição não é fruto de façanhas humanas, mas dom gratuito, que concede à criatura uma dignidade inalienável.
A Liberdade da Interioridade
Quando a alma se ancora nesse horizonte, torna-se livre de buscar reconhecimento passageiro. O poder sobre o mundo exterior pode inflar o orgulho, mas a certeza de pertencer ao eterno fortalece a serenidade. A pessoa aprende a viver com equilíbrio, consciente de que sua essência não está sujeita às flutuações da fortuna, mas permanece firme no que não passa.
O Chamado à Evolução Interior
Cristo convida a um crescimento que não se mede em feitos, mas em clareza interior. O discípulo amadurece quando compreende que a maior conquista é habitar na verdade e permanecer fiel àquilo que o liga ao céu. Esse processo conduz à paz, à sobriedade e à firmeza diante de todas as circunstâncias.
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