segunda-feira, 13 de outubro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 11:37-41 - 14.10.2025

 Liturgia Diária


14 – TERÇA-FEIRA 

28ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Se levardes em conta, Senhor, nossas faltas, quem haverá de subsistir? Mas em vós se encontra o perdão (SI 129,3s).


Na comunhão silenciosa do ser, compreendemos que o conhecimento, por si só, é estéril se não se converte em amor e reverência. A sabedoria não habita a superfície, mas floresce no interior purificado, onde o espírito reconhece sua origem e destino. Amar o divino é unir-se à ordem que sustenta o cosmos, e glorificá-lo é viver conforme essa harmonia. A verdadeira santidade não se veste de aparências, mas se manifesta na coerência entre pensamento e ação, no domínio de si e na serenidade que nasce quando a alma se alinha à razão eterna.

“Sede santos, porque Eu sou santo.”
1 Pedro 1,16



Evangelium secundum Lucam 11,37–41

  1. Et cum loqueretur, rogavit illum quidam pharisæus ut pranderet apud se; et ingressus recubuit.
    Enquanto Ele falava, um fariseu O convidou para comer em sua casa; e, entrando, reclinou-Se à mesa.

  2. Pharisaeus autem videns miratus est quod non prius baptizatus esset ante prandium.
    O fariseu admirou-se ao ver que Ele não se lavara antes de comer.

  3. Et ait Dominus ad illum: Nunc vos Pharisæi quod de foris est calicis et catini mundatis; quod autem intus est vestrum, plenum est rapina et iniquitate.
    E o Senhor lhe disse: Vós, fariseus, limpais o exterior do copo e do prato, mas o vosso interior está cheio de roubo e maldade.

  4. Stulti! Nonne qui fecit quod de foris est, etiam id quod de intus est fecit?
    Insensatos! Aquele que fez o exterior, não fez também o interior?

  5. Verumtamen quod superest, date eleemosynam; et ecce omnia munda sunt vobis.
    Entretanto, dai esmola do que está dentro, e tudo ficará puro para vós.

Verbum Domini

Reflexão:
A pureza não é aparência, mas consonância entre o ser e o agir. O que nasce do interior reflete o estado da alma, e nenhuma máscara sustenta o vazio do espírito. O homem íntegro é aquele cuja ação brota da ordem interior, não da convenção. O domínio de si é a mais alta oferenda, pois purifica o gesto e torna livre o coração. A esmola verdadeira é o desprendimento, o gesto de dar sem cálculo, de servir sem busca de retorno. Assim, o exterior se alinha ao interior, e a vida torna-se transparente à luz que a habita.


Versículo mais importante:

Verumtamen quod superest, date eleemosynam; et ecce omnia munda sunt vobis.

Entretanto, dai esmola do que está dentro, e tudo ficará puro para vós.(Lc 11:41)

Este versículo é o núcleo espiritual do trecho, pois revela que a verdadeira purificação não vem de ritos externos, mas da generosidade interior. O gesto de oferecer — não apenas bens, mas a essência do ser — transforma o coração e alinha o homem à pureza divina. A esmola aqui é símbolo do desapego, da entrega que liberta e ilumina, tornando o interior fonte de autenticidade e comunhão.


HOMILIA

A Pureza Interior e a Liberdade do Espírito

O encontro de Jesus com o fariseu revela o contraste entre a aparência e a essência, entre a forma e o sentido. O Mestre não reprova o cuidado exterior, mas denuncia o esquecimento daquilo que confere valor ao gesto: a integridade da alma. Purificar o copo por fora e deixá-lo impuro por dentro é viver na divisão do ser, na distância entre o que se mostra e o que verdadeiramente se é.

A evolução interior começa quando o homem se volta para o invisível, quando entende que a pureza não nasce do cumprimento de normas, mas da fidelidade à ordem interior que o une ao divino. O espírito livre não busca aprovação, mas coerência. Ele sabe que o templo verdadeiro está dentro, e que a esmola, como ensinou o Cristo, é o transbordamento da alma generosa, a expressão visível de um coração que já não se pertence.

Viver a pureza interior é restaurar a dignidade da pessoa, pois o homem digno é aquele que governa a si mesmo e não é escravo das aparências. Cada ato torna-se então um espelho do que habita o interior: dar é ser, e ser é participar da unidade que sustenta o cosmos. Assim, a alma livre encontra no silêncio do próprio coração a comunhão mais alta — onde o exterior e o interior se tornam um só movimento de luz.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A Generosidade Interior como Caminho de Purificação

“Entretanto, dai esmola do que está dentro, e tudo ficará puro para vós.”
(Lc 11,41)

1. A raiz interior da pureza

A palavra de Cristo não se refere à esmola como simples doação material, mas como expressão do que transborda do íntimo. O “dar do que está dentro” é um chamado à integridade, à unificação entre o ser e o agir. O coração purifica-se quando o gesto nasce da fonte interior, quando a intenção é clara e o bem é praticado sem cálculo. Assim, a pureza não é aparência, mas transparência da alma diante da luz divina.

2. A coerência entre o exterior e o interior

Jesus confronta a falsa ordem das aparências, na qual o homem busca parecer justo sem o ser. Ele revela que a harmonia verdadeira só existe quando o interior e o exterior caminham juntos, quando a ação visível é reflexo da verdade invisível. O ser humano encontra dignidade quando age a partir da coerência interior, e não da expectativa alheia. O gesto torna-se sagrado porque reflete uma consciência desperta.

3. A liberdade que nasce do desapego

“Dar do que está dentro” é libertar-se da posse, tanto das coisas quanto das ilusões. O desapego interior abre espaço para o essencial e liberta o espírito da servidão do ego. A verdadeira liberdade não é ausência de limites, mas domínio de si, serenidade diante do mundo, poder de oferecer sem perder-se. Quem dá de si mesmo participa da generosidade divina e reencontra sua própria plenitude.

4. A purificação como retorno à unidade

Quando Cristo afirma que “tudo ficará puro”, indica a restauração da unidade perdida. O homem dividido entre o que sente e o que mostra vive em impureza; o homem reconciliado consigo mesmo e com Deus vive em pureza. O dar interior é o caminho do retorno — a reintegração do humano ao princípio que o gerou. Nesta harmonia silenciosa, a alma reconhece sua origem, e toda ação torna-se oração.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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