domingo, 26 de outubro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 13:10-17 - 27.10.2025

 Liturgia Diária


27 – SEGUNDA-FEIRA 

30ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Exulte o coração que busca a Deus! Procurai o Senhor Deus e seu poder, buscai constantemente a sua face (SI 104,3s).


Na celebração do pão e do vinho, a alma reencontra o chamado à transparência interior. A mesa sagrada não é apenas rito, mas espelho da consciência que busca coerência entre o que crê e o que pratica. A hipocrisia dissolve-se quando o ser se abre à presença do Espírito, libertando-se do orgulho e do medo. Viver o ensinamento divino é tornar-se missionário do próprio silêncio, instrumento da verdade que age sem disfarce. Assim, cada gesto cotidiano converte-se em oração contínua, onde a fé se manifesta em retidão, e a liberdade floresce como fruto da consciência desperta.



Dominica XXIX per Annum – Evangelium secundum Lucam 13,10-17

10. Erat autem docens in una synagogarum sabbatis.
Ele estava ensinando em uma das sinagogas, num dia de sábado.

11. Et ecce mulier, quae habebat spiritum infirmitatis annis decem et octo, et erat inclinata nec omnino poterat sursum respicere.
E eis que uma mulher, há dezoito anos possuída por um espírito de enfermidade, andava encurvada e não podia de modo algum erguer-se.

12. Quam cum vidisset Iesus, vocavit eam ad se, et ait illi: Mulier, dimissa es ab infirmitate tua.
Quando Jesus a viu, chamou-a e disse: Mulher, estás livre da tua enfermidade.

13. Et imposuit illi manus, et confestim erecta est, et glorificabat Deum.
E impôs-lhe as mãos; e imediatamente ela se endireitou e glorificava a Deus.

14. Respondens autem archisynagogus, indignans quia sabbato curasset Iesus, dicebat turbae: Sex dies sunt in quibus oportet operari; in his ergo venite, et curamini, et non in die sabbati.
O chefe da sinagoga, indignado por Jesus ter curado no sábado, dizia à multidão: Há seis dias em que se deve trabalhar; vinde nesses dias e sede curados, e não no dia de sábado.

15. Respondit autem illi Dominus, et dixit: Hypocritae, unusquisque vestrum sabbato non solvit bovem suum aut asinum a praesepio, et ducit adaquare?
Mas o Senhor lhe respondeu: Hipócritas! Cada um de vós não desprende, no sábado, o seu boi ou o seu jumento da manjedoura para o levar a beber?

16. Hanc autem filiam Abrahae, quam alligavit Satanas ecce decem et octo annis, non oportuit solvi a vinculo isto die sabbati?
E esta filha de Abraão, que Satanás mantinha presa há dezoito anos, não devia ser libertada dessa prisão em dia de sábado?

17. Et cum haec diceret, erubescebant omnes adversarii eius, et omnis populus gaudebat in universis, quae gloriose fiebant ab eo.
Dizendo Ele essas coisas, todos os Seus adversários se envergonhavam, e o povo alegrava-se por todas as maravilhas que Ele realizava.

Verbum Domini

Reflexão:
A libertação da mulher encurvada revela a urgência da verdade sobre o formalismo. A alma, quando curvada pelo peso da aparência, esquece o horizonte de sua própria luz. O gesto de Cristo recorda que a lei existe para servir à vida, não para aprisioná-la. Assim, o espírito que busca a retidão supera o medo de romper convenções. A verdadeira cura nasce quando a consciência se ergue e reconhece o divino em si. Cada ser é chamado a libertar-se do jugo interior, permitindo que a compaixão transforme o dever em ato de amor silencioso e livre.


Versículo mais importante:

Versiculus praecipuus:

13. Et imposuit illi manus, et confestim erecta est, et glorificabat Deum.
E impôs-lhe as mãos; e imediatamente ela se endireitou e glorificava a Deus.(Lc 13:13)

Este versículo é o coração do relato, pois nele se manifesta a força libertadora do gesto divino. O toque de Cristo não apenas cura o corpo, mas restaura a dignidade da alma, que se levanta e volta a louvar. Nele se revela o poder do Espírito que eleva o ser da condição de cativeiro interior à plenitude da comunhão com o sagrado.


HOMILIA

A Cura que Eleva: o Gesto Silencioso da Liberdade Interior

No Evangelho segundo Lucas, Jesus encontra uma mulher encurvada há dezoito anos, prisioneira de uma força invisível que a impedia de contemplar o alto. O olhar de Cristo penetra essa condição e, com um simples toque, devolve-lhe a verticalidade perdida. Esse encontro é mais do que um milagre físico — é a revelação de uma verdade espiritual que atravessa o tempo: toda criatura é chamada a erguer-se do peso que a dobra para o chão da matéria e a reencontrar o eixo da consciência.

A mulher representa a humanidade quando se esquece de sua origem luminosa e se curva diante das leis que impõem a forma sobre o espírito. Jesus, ao libertá-la em pleno sábado, recorda que a verdadeira lei é aquela que nasce do amor, não do temor. Ele ensina que a liberdade não é concessão externa, mas força interior que brota quando a alma compreende sua própria dignidade.

O ser humano só se endireita quando rompe as amarras do costume e reconhece que a obediência cega à letra pode transformar-se em prisão. O gesto de Cristo transcende o tempo e convida à restauração da harmonia entre o humano e o divino. Cada um, em silêncio, é chamado a esse mesmo toque — o toque da consciência desperta, que ergue, cura e conduz à serenidade do espírito livre.

Assim, a verdadeira cura não é apenas a libertação do corpo, mas o retorno à estatura da alma. A verticalidade recuperada é símbolo da comunhão entre céu e terra, matéria e espírito, lei e amor. No instante em que a mulher se endireita, o universo inteiro parece respirar com ela, pois quem se levanta em verdade glorifica o Criador com o simples gesto de existir em plenitude.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

“E impôs-lhe as mãos; e imediatamente ela se endireitou e glorificava a Deus.” (Lc 13,13)

1. O Toque que Desperta o Espírito

O gesto de Cristo não é apenas físico, mas portador de uma energia ordenadora que reconcilia o ser com seu princípio interior. A imposição das mãos simboliza a transmissão da presença divina que restaura o eixo vital do ser humano. Nesse instante, o que estava disperso se unifica, o que estava submisso ao peso da dor reencontra o equilíbrio. É o toque silencioso do Verbo, que desperta a consciência adormecida e chama a criatura à sua verdadeira estatura diante do Criador.

2. A Verticalidade da Alma

“Ela se endireitou” é mais do que a cura de um corpo curvado. É a imagem da alma que, após longo exílio em si mesma, levanta-se para o alto. A verticalidade é símbolo da harmonia recuperada, da reconciliação entre o terreno e o divino. Quando o ser se ergue, ele retoma o diálogo com o Céu; e o eixo que o sustenta não é mais a rigidez da lei, mas a firmeza do amor. Cada elevação espiritual é um retorno à origem, uma restauração da forma primeira da alma criada à imagem do Altíssimo.

3. A Liberdade como Estado Interior

A mulher encurvada há dezoito anos vivia sob o jugo invisível da prisão interior. Cristo revela que a verdadeira liberdade não é ausência de limites, mas libertação das forças que impedem o ser de elevar-se. O sábado, signo da ordem, torna-se o tempo da libertação. Assim, o sagrado não se fecha em regras, mas se cumpre na liberdade de quem vive conforme a verdade interior. O espírito livre é aquele que, ao erguer-se, reconhece que o bem é o seu próprio centro e que agir em conformidade com ele é a suprema forma de paz.

4. O Louvor como Expressão do Ser Restaurado

“E glorificava a Deus” — o louvor surge espontaneamente quando o ser reencontra o eixo da vida. O louvor verdadeiro não é palavra, mas respiração da alma que reconhece o dom da existência. Aquele que se reergue não o faz para exaltar-se, mas para refletir a luz que o sustentou. O gesto de glorificar é o selo da liberdade: o ser, restituído à sua inteireza, volta a irradiar o que recebeu do alto. Assim, a glória de Deus manifesta-se na criatura que, erguendo-se, torna-se espelho da ordem divina e testemunho silencioso da harmonia universal.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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