terça-feira, 5 de agosto de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 17:14-20 - 09.08.2025

 Liturgia Diária


9 – SÁBADO 

18ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Vinde, ó Deus, em meu auxílio, apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me. Sois meu Deus libertador e meu auxílio. Não tardeis em socorrer-me, ó Senhor! (Sl 69,2.6)


A Fonte que concede a Lei é a mesma que liberta da servidão. Não impõe jugo, mas revela caminhos de dignidade e consciência. Onde muitos veem proibição, ali reside o convite à liberdade interior, sustentada pelo vínculo sagrado entre o Ser e o espírito humano. A Verdade não oprime: eleva, desperta, emancipa. Celebremos, pois, Aquele que não nos vigia de longe, mas caminha conosco — atento, providente, silenciosamente presente. No íntimo da alma que busca, Ele se faz Luz. E onde há Luz, há escolha. Onde há escolha, há sentido. Onde há sentido, ali floresce a verdadeira liberdade.



Transfiguratio et virtus fidei

Evangelium secundum Matthaeum 17,14-20 – Vulgata

14 Et cum venisset ad turbam, accessit ad eum homo, genibus provolutus ante eum, dicens:
14 – E quando chegou à multidão, aproximou-se dele um homem, ajoelhando-se diante dele e dizendo:

15 Domine, miserere filii mei, quia lunaticus est, et male patitur: nam saepe cadit in ignem, et crebro in aquam.
15 – Senhor, tem piedade de meu filho, pois é lunático e sofre muito: cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água.

16 Et obtuli eum discipulis tuis, et non potuerunt curare eum.
16 – Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não puderam curá-lo.

17 Respondens autem Jesus, ait: O generatio incredula et perversa, quousque ero vobiscum? usquequo patiar vos? Afferte huc illum ad me.
17 – Jesus respondeu: Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei convosco? Até quando vos suportarei? Trazei-o a mim.

18 Et increpavit illum Jesus, et exiit ab eo daemonium, et curatus est puer ex illa hora.
18 – Jesus repreendeu o demônio, e ele saiu do menino, que ficou curado a partir daquela hora.

19 Tunc accesserunt discipuli ad Jesum secreto, et dixerunt: Quare nos non potuimus ejicere illum?
19 – Então os discípulos se aproximaram de Jesus em particular e perguntaram: Por que nós não pudemos expulsá-lo?

20 Dixit illis Jesus: Propter incredulitatem vestram. Amen quippe dico vobis, si habueritis fidem sicut granum sinapis, dicetis monti huic: Transi hinc illuc, et transibit, et nihil impossibile erit vobis.
20 – Jesus respondeu: Por causa da vossa pouca fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: “Passa daqui para lá”, e ele passará. E nada vos será impossível.

Reflexão:
A fé é mais do que crença: é impulso criador, força interior que rompe os limites do visível. Quando o espírito humano se alinha ao princípio de confiança ativa, o impossível se desloca, como o monte ao toque da palavra. Não se trata de domar o mundo, mas de participar conscientemente de sua contínua gestação. Somos chamados a reconhecer nossa liberdade como espaço de cooperação com o sentido último do Ser. O Cristo não impõe milagres: desperta a potência de transformação já inscrita em nós. Onde há fé, há ação. Onde há ação com sentido, há o nascer do real.


Versículo mais importante:

O versículo mais importante de Evangelium secundum Matthaeum 17,14-20, tanto pelo conteúdo teológico quanto pelo poder simbólico, é:

20 Dixit illis Jesus: Propter incredulitatem vestram. Amen quippe dico vobis, si habueritis fidem sicut granum sinapis, dicetis monti huic: Transi hinc illuc, et transibit, et nihil impossibile erit vobis.
Jesus lhes disse: Por causa da vossa pouca fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: “Passa daqui para lá”, e ele passará. E nada vos será impossível.(Mt 17:20)

Este versículo revela que a verdadeira força não está no poder externo, mas na interioridade conectada ao sentido do Ser. A fé, mesmo mínima, quando é real, move o mundo.


HOMILIA

O Grão da Realidade que Move o Mundo

No sopro silencioso da Palavra, ouvimos: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda..." — e todo o universo se inclina ao mistério deste dito. A cena do Evangelho nos conduz a um encontro decisivo: um pai suplicante, um filho atormentado, discípulos impotentes, e um Cristo que revela o abismo entre a aparência de fé e sua essência operante.

A fé verdadeira não é uma posse exterior, mas uma vibração interior em consonância com a origem de todas as coisas. Ela não é um esforço de domínio, mas um consentimento profundo à presença que pulsa no âmago do ser. Quando Jesus fala da fé mínima — do grão de mostarda — não reduz a exigência, mas revela que até o menor ato de confiança plena contém, em si, o poder de mover o real.

A cura do filho revela algo além da libertação física: trata-se do realinhamento do ser humano com sua Fonte, da libertação das forças que nos fragmentam interiormente, do reencontro com a inteireza que nos habita e que esquecemos. O demônio que atormenta o menino é símbolo das forças caóticas que invadem o espaço da alma quando esta perde sua centralidade, quando o eu se desconecta de sua dignidade originária.

Jesus, ao repreender os discípulos por sua incredulidade, não os condena, mas os convida a uma travessia espiritual: sair da repetição sem vida dos gestos religiosos e entrar no movimento vivo da fé atuante, que é escolha contínua de comunhão com o sentido.

A montanha que se move é símbolo de tudo o que parecia fixo, intransponível, absoluto — mas que se revela relativo diante da liberdade que brota de um coração unificado. Esta liberdade, no entanto, não é fuga, mas aliança com a verdade que nos habita. E esta verdade nos dignifica, pois nos torna cocriadores no dinamismo eterno da Criação.

Nada será impossível àquele que, mesmo em silêncio, consente com amor à realidade mais profunda do ser. A fé, assim compreendida, é a centelha da evolução interior: não nos transforma em deuses apartados, mas em filhos conscientes, participantes do Mistério que gera e sustenta todas as coisas. A verdadeira fé não afasta da terra, mas revela sua transparência divina. E aquele que crê, mesmo no escuro, já caminha envolto de luz.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação teologicamente profunda e metafísica de Mateus 17,20, com subtítulos que estruturam o pensamento e conduzem à interiorização dos mistérios espirituais contidos neste versículo:

1. A Fé como Potência Interior: mais que crença, um estado de ser

“Por causa da vossa pouca fé...”

Jesus não acusa uma falta total de fé, mas denuncia sua insuficiência qualitativa. A fé, neste contexto, não é meramente uma opinião religiosa ou um assentimento intelectual: ela é força ontológica, uma disposição do ser inteiro em consonância com o Espírito. Ela brota da interioridade desperta, não da repetição ritual ou da expectativa mágica. É energia de comunhão, presença ativa do coração unido à Fonte do Ser.

2. O Grão de Mostarda: a pequena semente do Infinito

“...se tiverdes fé como um grão de mostarda...”

A metáfora da semente revela um paradoxo espiritual: o menor contém o maior. O grão é minúsculo, mas carrega em si uma potência transformadora. A verdadeira fé não precisa ser grandiosa aos olhos humanos, mas real e viva — pois uma centelha de unidade com Deus é suficiente para iniciar a metamorfose da realidade. A semente não se impõe; ela se entrega, e em sua entrega, floresce o universo.

3. A Montanha que se Move: o símbolo das estruturas fixas da alma

“...direis a este monte: ‘Passa daqui para lá’, e ele passará.”

A montanha é imagem das resistências, dos bloqueios interiores, dos medos que parecem inamovíveis. Representa tudo o que julgamos absoluto e que nos impede de viver em liberdade. Jesus ensina que a realidade, por mais sólida que pareça, responde ao movimento interior do ser desperto. Quando o humano se alinha à vontade do Eterno, o mundo já não resiste: ele se transforma. O milagre não está na força do grito, mas na clareza da alma que fala em nome da Verdade.

4. Nada vos será impossível: a dignidade criadora do espírito humano

“E nada vos será impossível.”

Aqui se revela o ápice da dignidade do ser humano: co-participar da obra divina. Esta frase não promete poderes arbitrários, mas aponta para a liberdade interior que nasce da união com o Logos. Aquele que vive em aliança com o Sentido torna-se veículo de transformação do mundo. O impossível deixa de ser obstáculo quando a alma reconhece que o real é tecido por uma inteligência amorosa e dinâmica, que responde ao chamado sincero da fé viva.

5. Conclusão: A fé como caminho de reintegração ao Todo

A fé autêntica nos reintegra ao fluxo da criação. Ela não é conquista do ego, mas abandono confiante no dinamismo divino que tudo sustenta. Aquele que crê profundamente não busca mover montanhas por vaidade, mas participa da obra de reconciliação entre o visível e o invisível. A fé é o fio que une o tempo à eternidade, o humano ao divino, o caos à ordem.

Assim, o Cristo não apenas exige fé, mas revela o que ela é: o estado do espírito que, enraizado na confiança, permite que o Ser eterno se manifeste plenamente através da existência. Neste estado, toda a criação se abre. E nada — absolutamente nada — permanece impossível.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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