Liturgia Diária
17 – DOMINGO
ASSUNÇÃO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA
MISSA DO DIA
Um grande sinal apareceu no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas (Ap 12,1).
Reunidos na Eucaristia, contemplamos a presença que liberta e abre horizontes ao espírito. Maria, plena da graça, manifesta a realização da promessa divina e nos recorda a dignidade da escolha consciente. Elevada ao céu, torna-se sinal da intercessão contínua e da esperança que não se apaga. Seu sim ressoa como convite à livre adesão à verdade, revelando que cada alma é chamada a corresponder sem imposição, mas em amor. Assim, também os consagrados testemunham que a verdadeira grandeza nasce da entrega livre, iluminando o caminho humano para Deus, onde fé e liberdade se entrelaçam na eternidade.
Evangelium secundum Lucam (Lc 1,39-56)
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In diebus illis exsurgens Maria abiit in montana cum festinatione in civitatem Juda.
Naqueles dias, Maria levantou-se e foi apressadamente às montanhas, a uma cidade de Judá. -
Et intravit in domum Zachariae et salutavit Elisabeth.
Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. -
Et factum est, ut audivit salutationem Mariae Elisabeth, exsultavit infans in utero eius: et repleta est Spiritu Sancto Elisabeth.
E aconteceu que, ao ouvir a saudação de Maria, a criança estremeceu em seu ventre; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. -
Et exclamavit voce magna et dixit: Benedicta tu inter mulieres, et benedictus fructus ventris tui.
E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre. -
Et unde hoc mihi ut veniat mater Domini mei ad me?
E de onde me vem a graça de que a mãe do meu Senhor venha a mim? -
Ecce enim ut facta est vox salutationis tuae in auribus meis, exsultavit in gaudio infans in utero meo.
Pois assim que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança exultou de alegria em meu ventre. -
Et beata, quae credidisti, quoniam perficientur ea, quae dicta sunt tibi a Domino.
Bem-aventurada és tu que creste, pois se cumprirá o que o Senhor te disse. -
Et ait Maria: Magnificat anima mea Dominum:
E Maria disse: A minha alma engrandece ao Senhor, -
Et exsultavit spiritus meus in Deo salutari meo.
E o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador. -
Quia respexit humilitatem ancillae suae: ecce enim ex hoc beatam me dicent omnes generationes.
Pois olhou para a humildade de sua serva; desde agora, todas as gerações me chamarão bem-aventurada. -
Quia fecit mihi magna, qui potens est: et sanctum nomen eius.
Pois fez em mim grandes coisas aquele que é poderoso, e santo é o seu nome. -
Et misericordia eius a progenie in progenies timentibus eum.
E sua misericórdia se estende de geração em geração sobre os que o temem. -
Fecit potentiam in brachio suo: dispersit superbos mente cordis sui.
Manifestou poder com seu braço: dispersou os soberbos nos pensamentos de seu coração. -
Deposuit potentes de sede, et exaltavit humiles.
Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. -
Esurientes implevit bonis: et divites dimisit inanes.
Aos famintos encheu de bens, e aos ricos despediu de mãos vazias. -
Suscepit Israel puerum suum, recordatus misericordiae suae.
Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se da sua misericórdia. -
Sicut locutus est ad patres nostros, Abraham et semini eius in saecula.
Como havia dito a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre. -
Mansit autem Maria cum illa quasi mensibus tribus: et reversa est in domum suam.
Maria permaneceu com ela cerca de três meses e depois voltou para sua casa.
Reflexão:
O cântico de Maria revela a força da liberdade interior que se abre ao infinito, onde cada escolha humana encontra sentido no dom. O movimento de sua vida mostra que o verdadeiro poder não está na imposição, mas na entrega consciente que transforma a realidade. Na sua voz, o tempo se une ao eterno e o futuro se abre como promessa de plenitude. Ela canta a vitória do amor que não oprime, mas eleva. Exalta a dignidade do humilde e confunde o orgulho dos fortes. Assim, sua vida torna-se sinal de esperança ativa, caminho livre rumo ao absoluto.
Versículo mais importante:
Um dos versículos centrais e mais importantes de Evangelium secundum Lucam (Lc 1,39-56) é o versículo 46, no qual Maria inicia o seu cântico, conhecido como Magnificat, expressão de louvor e reconhecimento da ação divina:
46. Et ait Maria: Magnificat anima mea Dominum:
E Maria disse: A minha alma engrandece ao Senhor. (Lc 1:46)
Este versículo é considerado essencial porque inaugura o cântico de Maria, no qual toda a sua vida se revela como abertura livre ao divino, transformando sua experiência pessoal em expressão universal de louvor.
HOMILIA
O Cântico da Elevação da Alma
O Evangelho de Lucas nos conduz hoje ao encontro de Maria e Isabel, encontro silenciosamente cósmico, onde o invisível se torna movimento e o movimento se revela como plenitude de sentido. A saudação de Maria faz vibrar a criança no ventre de Isabel, sinal de que a vida, desde seus primeiros instantes, é chamada à alegria, à resposta, ao despertar. Aqui resplandece um princípio profundo: a existência humana não é estática, mas feita de evolução interior, de abertura progressiva à ação do Espírito que conduz tudo à sua realização.
Maria, em seu Magnificat, canta não apenas a obra realizada em si, mas a lei universal da liberdade: Deus não aprisiona, mas chama; não impõe, mas convida; não reduz, mas eleva. A humildade que ela proclama não é diminuição, mas grandeza do coração que reconhece sua origem e destinação no eterno. No cântico, vemos refletida a dignidade da pessoa, que, ao escolher livremente corresponder à graça, torna-se espaço onde o divino pode habitar e transfigurar.
Cada palavra de Maria é um passo da alma rumo à sua elevação: do reconhecimento da própria pequenez à exaltação do absoluto; da experiência individual à comunhão universal; da história pessoal à promessa de todas as gerações. Ali, o ser humano é visto não como fragmento isolado, mas como participante de um movimento maior, em que cada sim dado ao amor abre caminhos de eternidade.
O Magnificat, portanto, é mais do que louvor: é a revelação de que a liberdade é a porta do infinito, a dignidade é o fundamento da vida verdadeira e a evolução interior é a resposta ao chamado divino que faz de cada criatura um reflexo do eterno.
EXPLICAÇÃO TOLÓGICA
A Voz da Alma que se Expande
Quando Maria proclama: “A minha alma engrandece ao Senhor” (Lc 1,46), ela não apenas exprime gratidão pessoal, mas revela a capacidade infinita da alma humana de se abrir ao divino. A alma não acrescenta nada à grandeza de Deus em essência, mas, ao reconhecê-Lo, torna-se espaço de expansão da sua presença. O engrandecimento é interior: Deus permanece o mesmo, mas o ser humano descobre-se cada vez mais habitado pela Sua luz.
O Movimento da Liberdade Interior
O cântico de Maria nasce de uma escolha livre. Sua alma engrandece a Deus porque ela consentiu em ser morada da promessa. Aqui se manifesta o princípio da liberdade como núcleo da dignidade humana: a verdadeira grandeza não está em impor-se, mas em acolher. Ao dizer o seu sim, Maria revela que a alma cresce quando se entrega ao amor que a ultrapassa e a transforma.
A Transfiguração da Existência
O versículo aponta para um processo de transfiguração: a vida deixa de girar em torno de si mesma para ser centro de ressonância da presença eterna. Maria engrandece a Deus porque vê sua própria história iluminada pela ação divina, e esse reconhecimento abre caminhos para que toda a criação participe da mesma expansão. A alma que louva torna-se espelho do absoluto.
A Comunhão do Humano com o Divino
No Magnificat, o encontro entre finitude e infinitude se dá em forma de canto. O engrandecimento não é apenas um ato individual, mas um ato cósmico: quando a alma humana se abre a Deus, a criação inteira é elevada. A frase de Maria mostra que a vocação última do ser humano é tornar-se comunhão viva, onde a liberdade encontra sua plenitude na união com o eterno.
Síntese
Este versículo concentra o mistério da existência humana: engrandecer a Deus não significa aumentar sua glória, mas permitir que ela resplandeça na própria vida. Maria, ao proclamar, revela que a alma não é um fim em si, mas um espaço de ascensão, um dinamismo de evolução interior em direção à sua fonte. Assim, a dignidade do ser humano manifesta-se na liberdade de corresponder ao chamado divino, fazendo de sua vida um cântico vivo do infinito.
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Obrigada!!! Sempre inspirador as reflexões que mantém a chama acesa em nosso coração!!! Paz e Bem!!!
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