quarta-feira, 27 de novembro de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 21:29-33 - 29.11.2024

 Liturgia Diária


29 – SEXTA-FEIRA 

34ª SEMANA COMUM


(verde – ofício do dia)


É de paz que o Senhor vai falar a seu povo e seus fiéis, e aos que a ele se converterem. (Sl 84,9).

A paz divina se revela como um movimento interior que transcende os limites da consciência humana, unificando os corações na busca pela verdade. Sua manifestação é a convergência dos seres em direção à plenitude do ser, no retorno à Fonte.



Lucas 21:29-33  (Vulgata)


29. Et dixit illis similitudinem: Videte ficulneam et omnes arbores.  

29. E disse-lhes uma parábola: Vede a figueira e todas as árvores.  


30. Cum germinaverint iam, videtis, et ipsi scitis quia prope est iam aestas.  

30. Quando já começam a brotar, olhando, sabeis por vós mesmos que o verão está próximo.  


31. Ita et vos, cum videritis haec fieri, scitote quoniam prope est regnum Dei.  

31. Assim também vós, quando virdes acontecerem estas coisas, sabei que o Reino de Deus está próximo.  


32. Amen dico vobis: Non praeteribit generatio haec, donec omnia fiant.  

32. Em verdade vos digo: Esta geração não passará sem que tudo aconteça.  


33. Caelum et terra transibunt, verba autem mea non transibunt.  

33. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.  


Reflexão:  

“Caelum et terra transibunt, verba autem mea non transibunt.”

"O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão." (Lc 21:33)


O Reino de Deus se aproxima como uma transformação contínua que transcende o tempo, refletindo o processo de evolução do ser. Cada sinal visível, como o brotar das árvores, aponta para uma realidade superior que converge para a totalidade. A passagem do céu e da terra simboliza a transitoriedade do físico, enquanto a imutabilidade das palavras divinas ecoa a permanência da verdade eterna. O movimento da criação caminha em direção à plenitude do ser, onde todas as coisas se reunirão no Centro, transcendendo o tempo e a matéria, para alcançar a unidade.


HOMILIA

O Sinal do Reino na Transitoriedade do Mundo


Amados irmãos e irmãs,  


O Evangelho de Lucas nos apresenta hoje uma parábola que fala da figueira e das árvores que brotam, indicando a proximidade do verão. Jesus convida seus discípulos a interpretar os sinais, mas com um olhar que vai além do óbvio: Ele nos ensina a discernir o essencial e a não nos perdermos em especulações ou ilusões acerca do futuro.  

Vivemos em tempos onde muitos criam teorias apocalípticas sem fundamento, alimentadas por medos e confusões. Por outro lado, vemos ideologias que prometem realidades impossíveis, baseadas mais em desejos humanos desordenados do que na verdade que Deus nos revelou. O resultado é uma humanidade que, em busca de respostas, se desvia daquilo que realmente sustenta e conduz a vida: a Palavra de Deus, eterna e imutável.  

Jesus nos recorda: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.” Isso não é apenas um alerta, mas uma promessa. Ele nos convida a ancorar nossa existência não na transitoriedade do mundo, mas na certeza do Reino de Deus que se aproxima. A história humana não caminha para o caos, mas para uma convergência, onde tudo encontrará sua plenitude em Deus. Essa visão nos desafia a abandonar o sensacionalismo, as profecias infundadas e os sistemas ideológicos que não têm raízes na verdade divina.  

O brotar da figueira é um lembrete de que Deus age silenciosamente na história. A transformação que esperamos não será fruto de imposições humanas, mas da abertura de cada coração ao chamado de Cristo. Precisamos, portanto, cultivar uma espiritualidade vigilante, capaz de reconhecer os sinais de esperança em meio às tribulações. Não é o medo que nos guia, mas a confiança na palavra de Jesus, que nunca passará.  

Hoje, mais do que nunca, somos chamados a discernir com sabedoria. Não nos deixemos enganar por teorias sem fundamento ou ideologias que ignoram a natureza espiritual do ser humano. O Reino de Deus não é uma utopia fabricada, mas uma realidade que já está em gestação em nosso mundo, sustentada pela palavra eterna do Senhor.  

Caminhemos com fé, certos de que, mesmo em meio à transitoriedade da criação, somos guiados para a unidade com Deus, onde encontramos a verdadeira vida. Que o Espírito Santo nos conduza, ajudando-nos a discernir os sinais e a viver como testemunhas fiéis da esperança que Cristo nos deixou.  

Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

"O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão." (Lc 21,33)


Essa frase de Jesus Cristo é uma síntese teológica de profundidade extraordinária, que abrange dimensões escatológicas, metafísicas e espirituais. Aqui, o Senhor contrasta a transitoriedade da criação com a eternidade de sua Palavra. Vamos explorar esse ensinamento em suas camadas mais profundas:  


1. A Transitoriedade da Criação 

A expressão "o céu e a terra passarão" aponta para a natureza finita e contingente do universo físico. Toda a criação, incluindo o cosmos e a terra, está submetida ao tempo e às transformações inerentes à sua existência. Isso reflete a visão bíblica de que o mundo criado não é eterno em si mesmo, mas depende continuamente da vontade e do poder sustentador de Deus.  


Essa transitoriedade não deve ser vista como algo negativo, mas como parte de um plano divino. O cosmos é um cenário de peregrinação e de revelação, destinado a evoluir até sua plenitude no "céu novo e na terra nova" (cf. Ap 21,1).  


2. A Eternidade da Palavra Divina

Quando Jesus afirma que "as minhas palavras não passarão", Ele revela o caráter eterno e absoluto de sua mensagem. Suas palavras não são meras expressões humanas sujeitas ao esquecimento ou à obsolescência, mas a manifestação do Logos divino, que é a fonte de toda a criação (cf. Jo 1,1-3).  


Na teologia cristã, a Palavra de Deus é criativa, salvadora e sustentadora. Ela criou o universo, redimiu a humanidade por meio de Cristo e continua a operar na história pela ação do Espírito Santo. A permanência da Palavra é, portanto, a garantia de que Deus está conduzindo toda a criação para seu cumprimento escatológico.  


3. A Escatologia e a Convergência do Ser 

A frase de Jesus também carrega um profundo significado escatológico. Enquanto o céu e a terra, como os conhecemos, serão transformados no final dos tempos, a Palavra de Cristo permanece como a garantia da realização do plano divino. Essa permanência transcende o tempo e o espaço, indicando que tudo converge para a verdade revelada por Deus em Cristo.  


Nesse sentido, a Palavra é o eixo em torno do qual a criação e a história humana encontram seu propósito. Ela une o transitório e o eterno, conduzindo o mundo material para sua plena participação no Reino de Deus.  


4. A Palavra como Fundamento da Vida  

Teologicamente, esta frase desafia o ser humano a não buscar segurança em realidades temporais, mas a fundamentar sua existência na Palavra eterna de Cristo. Ela convida a um desapego das ilusões de permanência que o mundo oferece, lembrando que a verdadeira estabilidade está em Deus.  


5. Aplicação Espiritual

Para a vida cristã, essa verdade é um chamado à confiança e à fidelidade. As promessas de Cristo permanecem inalteradas, mesmo diante das mudanças e crises do mundo. Sua Palavra é uma âncora que sustenta o fiel nas tribulações, garantindo que o plano divino não falhará.  


Conclusão  

"O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão" é uma proclamação da soberania divina sobre a história e a criação. É a garantia de que a verdade revelada em Jesus Cristo transcende a mutabilidade do mundo, conduzindo tudo para a plenitude em Deus. Assim, somos chamados a viver enraizados nessa Palavra eterna, que ilumina e transforma nossa existência em direção à vida eterna.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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Mensagens de Fé

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