sábado, 23 de novembro de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 21:1-4 - 25.11.2024

 Liturgia Diária


25 – SEGUNDA-FEIRA 

34ª SEMANA COMUM


(verde – ofício do dia)



É de paz que o Senhor vai falar a seu povo e seus fiéis, e aos que a ele se converterem. (Sl 84,9). (Sl 84,9).


A paz que o Senhor fala é mais que ausência de conflitos; é a manifestação da ordem divina no íntimo da alma. Aos fiéis e convertidos, revela-se como convite à plenitude, onde o coração se alinha à vontade eterna, transcendendo limites e abraçando o mistério da comunhão com o Criador.


Lucas 21:1-4 ( Gulgata)


1. Respiciens autem vidit eos qui mittebant munera sua in gazophylacium, divites.  

1. Levantando os olhos, viu os ricos que depositavam suas ofertas no tesouro.  


2. Vidit autem quamdam viduam pauperculam mittentem aera minuta duo.  

2. E viu também uma pobre viúva colocar duas pequenas moedas.  


3. Et dixit: “Vere dico vobis: vidua haec pauper plus quam omnes misit”.  

3. E disse: “Em verdade vos digo: esta pobre viúva deu mais do que todos”.  


4. Nam omnes hi ex abundantia sua miserunt in munera Dei; haec autem ex inopia sua omnem victum suum quem habuit misit.  

4. Pois todos esses deram como oferta a Deus o que lhes sobrava; esta, porém, da sua penúria, deu tudo o que tinha para viver.  


Reflexão:

“Vere dico vobis: vidua haec pauper plus quam omnes misit.”

“Em verdade vos digo: esta pobre viúva deu mais do que todos.” (Lc 21,3)


O gesto da viúva é um testemunho do sacrifício pleno e da confiança absoluta no divino. Nele, reconhecemos o chamado para uma entrega total de nós mesmos à obra que transcende o efêmero. É no doar-se, não no excedente, que participamos do movimento universal de união, onde o menor gesto carrega o potencial de transformar a criação em direção ao absoluto. A verdadeira abundância surge quando nos desprendemos e permitimos que nossas ações reflitam a essência que pulsa em comunhão com o eterno.


HOMILIA

O Dom que Transcende a Possessão 


Amados irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje, retirado de Lucas 21,1-4, nos apresenta uma cena simples, mas profundamente reveladora. Jesus observa uma pobre viúva depositar duas pequenas moedas no templo, enquanto outros, ricos, ofertam grandes quantias. Ele então declara: “Em verdade vos digo: esta pobre viúva deu mais do que todos.”

Vivemos tempos em que o roubo assume formas variadas — desde a corrupção que dilacera o tecido social até o egoísmo que rouba a dignidade alheia. Mais do que bens materiais, o mundo carece de generosidade, aquela entrega que transforma não apenas o outro, mas também a nós mesmos. A viúva não deu o que sobrava; deu tudo o que tinha. Seu gesto vai além de um ato de caridade; é um testemunho de fé, confiança e amor absoluto pelo que é eterno.  

Hoje, somos frequentemente tentados a acumular, proteger e reter o que temos, em vez de partilhar. No entanto, este Evangelho nos desafia a refletir: o que realmente temos para oferecer ao mundo? Quando nos doamos por inteiro — seja com tempo, atenção, bens ou oração —, participamos de um movimento de transformação que transcende nossa existência individual e ecoa no horizonte divino.  

A viúva ensina que o valor de uma doação não está em sua quantidade, mas no quanto ela carrega de nosso ser. Em um mundo onde a ganância prevalece, sua entrega total é um grito contra a desumanização e um chamado à renovação. Ela nos lembra que o verdadeiro poder está no amor que se dá, não no poder que se guarda.  

Se quisermos ver a transformação que tanto desejamos, precisamos começar a dar, não do que sobra, mas do que somos. Cada ato de generosidade autêntica, por menor que pareça, é como uma centelha de luz que colabora com o advento do Reino de Deus. Assim como a pequena moeda da viúva sustentou o templo, nossas pequenas doações, quando feitas com fé, sustentam a construção de um mundo reconciliado no amor divino.  

Que possamos aprender com a viúva a nos desprendermos do transitório, para vivermos na plenitude do eterno, sendo instrumentos de generosidade e verdade em um tempo que tanto precisa de luz. Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A frase “Em verdade vos digo: esta pobre viúva deu mais do que todos” (Lc 21,3) é uma declaração central de Jesus que subverte as expectativas humanas sobre valor e mérito, revelando uma verdade teológica profunda: o que é oferecido a Deus não é medido pela quantidade externa, mas pela qualidade interior do sacrifício e pela intenção do coração.  

Jesus destaca que a viúva, em sua pobreza, deu tudo o que tinha, enquanto os ricos ofertavam do que lhes sobrava. Essa observação nos conduz a três níveis de reflexão teológica:  

1. A teologia da totalidade  

A viúva representa a entrega total, um gesto que transcende o mero ato material. O dom da viúva não é simplesmente monetário, mas existencial. Ela entrega não apenas seus bens, mas sua própria subsistência, confiando radicalmente na providência divina. Esse ato reflete o ideal da "kenosis" (esvaziamento), tão evidente em Jesus Cristo, que se entregou completamente na cruz por amor à humanidade.  

2. O valor do sacrifício interior  

Na lógica divina, o sacrifício verdadeiro não é avaliado pelo tamanho da oferta, mas pelo quanto ele exige de quem o faz. A viúva deu de sua pobreza, revelando uma disposição de coração que ressoa com o amor sacrificial de Deus. Este gesto revela que a verdadeira adoração a Deus não está em ritos exteriores, mas em um coração contrito e pleno de fé.  

3. A subversão das prioridades humanas  

No contexto cultural, a viúva era marginalizada, sem poder ou importância social. No entanto, Jesus a eleva como exemplo de fé e generosidade, desafiando as estruturas humanas que valorizam a opulência e o poder. Essa frase denuncia o apego às riquezas como barreira para o Reino de Deus e aponta para uma espiritualidade do desapego e da confiança.  

4. A escatologia do dom  

O ato da viúva é escatológico, pois antecipa a lógica do Reino de Deus, onde o menor é exaltado e o maior é chamado a servir. Sua doação não tem impacto visível imediato, mas carrega um significado eterno, contribuindo para o crescimento espiritual dela e para a realização do plano divino.  

Aplicação cristológica  

Essa frase ecoa a própria vida de Cristo, que “sendo rico, se fez pobre por vós, para que vos tornásseis ricos por sua pobreza” (2Cor 8,9). Jesus se identifica com a viúva, pois ambos entregam tudo de si por amor. O gesto da viúva, assim, aponta diretamente para o sacrifício redentor de Cristo, que é o dom total e perfeito.  

Em última análise, esta frase é um convite radical para os cristãos. Não somos chamados a dar do que nos sobra, mas a oferecer nossa vida inteira, com fé e amor, confiando que Deus multiplica o pouco que colocamos em suas mãos. Este é o mistério da generosidade divina: o que é dado com o coração se torna infinitamente fecundo no plano eterno.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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