Liturgia Diária
5 TERÇA-FEIRA
31ª SEMANA COMUM
(verde – ofício do dia)
"Parasti in conspectu meo mensam adversus eos qui tribulant me; impinguasti in oleo caput meum, et calix meus inebrians quam præclarus est!"
"Preparas uma mesa para mim, à vista dos meus inimigos; unges com óleo a minha cabeça, e o meu cálice transborda." (Salmo 22:5)
Este versículo evoca a imagem de um banquete preparado com abundância, o que reflete o tema da generosidade e da oferta divina de um banquete na parábola de Lucas 14:15-24. Ambos os textos simbolizam o convite de Deus para a comunhão e a rejeição ou aceitação desse convite.
Lucas 14:15-24
15. Quod cum audisset unus de simul discumbentibus, dixit illi: Beatus, qui manducabit panem in regno Dei.
15. Ao ouvir isso, um dos que estavam à mesa com Ele disse: “Feliz aquele que comer pão no Reino de Deus.”
16. At ipse dixit ei: Homo quidam fecit coenam magnam, et vocavit multos.
16. Mas Jesus respondeu: “Um homem preparou um grande banquete e convidou muitas pessoas.”
17. Et misit servum suum hora coenae dicere invitatis ut venirent, quia jam parata sunt omnia.
17. Na hora do banquete, enviou seu servo para dizer aos convidados que viessem, porque tudo estava pronto.
18. Et coeperunt simul omnes excusare. Primus dixit ei: Villam emi, et necesse habeo exire, et videre illam; rogo te, habe me excusatum.
18. Mas todos começaram a dar desculpas. O primeiro disse: “Comprei um campo e preciso ir vê-lo; peço que me desculpe.”
19. Et alter dixit: Juga boum emi quinque, et eo probare illa; rogo te, habe me excusatum.
19. Outro disse: “Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; peço que me desculpe.”
20. Et alius dixit: Uxorem duxi, et ideo non possum venire.
20. E outro disse: “Casei-me e, por isso, não posso ir.”
21. Et reversus servus nuntiavit haec domino suo. Tunc iratus paterfamilias, dixit servo suo: Exi cito in plateas, et vicos civitatis: et pauperes, ac debiles, et caecos, et claudos introduc huc.
21. O servo voltou e contou isso ao seu senhor. Então o dono da casa, indignado, disse ao servo: “Sai depressa pelas ruas e becos da cidade e traga os pobres, os aleijados, os cegos e os mancos.”
22. Et ait servus: Domine, factum est ut imperasti, et adhuc locus est.
22. O servo disse: “Senhor, o que ordenaste foi feito, e ainda há lugar.”
23. Et ait dominus servo: Exi in vias, et sepes: et compelle intrare, ut impleatur domus mea.
23. O senhor disse ao servo: “Sai pelos caminhos e cercas e obriga as pessoas a entrar, para que minha casa fique cheia.”
24. Dico autem vobis quod nemo virorum illorum qui vocati sunt, gustabit coenam meam.
24. Eu vos digo: Nenhum daqueles homens que foram convidados provará do meu banquete.”
Reflexão:
"Sai depressa pelas ruas e becos da cidade e traga os pobres, os aleijados, os cegos e os mancos." (Lucas 14:21)
O banquete preparado é uma imagem da generosidade e da abundância divina que está sempre disponível. Contudo, as desculpas daqueles que se recusam a participar simbolizam as distrações da vida que nos afastam do convite à plenitude. Hoje, num mundo repleto de apelos materiais e de compromissos que parecem urgentes, somos chamados a discernir o que realmente importa.
A abertura ao divino não está reservada para os que se acham preparados ou dignos, mas é oferecida sem distinção, especialmente àqueles que reconhecem sua vulnerabilidade. Somos convidados a expandir nossa percepção para além das barreiras que separam, a fim de construir uma unidade onde todos tenham lugar. Nesse movimento, nos aproximamos de uma realidade mais ampla e espiritual, em que o amor se manifesta na acolhida e na inclusão, refletindo o propósito eterno que nos chama.
HOMILIA
O Convite ao Banquete da Eternidade
Caros irmãos e irmãs, hoje somos convidados a refletir profundamente sobre a parábola do grande banquete em Lucas 14:15-24. Jesus nos apresenta uma imagem viva de um homem que, com generosidade, prepara um banquete e convida muitos a participarem. Mas o que vemos em resposta a este convite? Desculpas. Uma série de justificativas, todas marcadas por preocupações materiais e compromissos que parecem inadiáveis.
Vivemos em um mundo onde o materialismo grita por nossa atenção e os compromissos cotidianos ocupam nossa mente. Quantas vezes sentimos que precisamos correr atrás de um campo, de nossos bens ou das relações que nos sobrecarregam, como na parábola, deixando de lado o essencial? A vida moderna é um constante chamariz de urgências que, na realidade, podem nos afastar do convite mais importante: o da plenitude do Reino de Deus.
Por que damos desculpas? Porque muitas vezes acreditamos que há algo mais urgente ou que podemos sempre adiar o que é eterno. Mas o Evangelho de hoje nos lembra que Deus nos chama constantemente a participar de Sua abundância e amor. E este chamado não é apenas uma mensagem espiritual distante, mas uma realidade que está entrelaçada com cada escolha que fazemos, cada momento em que decidimos o que é prioritário.
Aqueles que rejeitaram o convite estavam presos às suas posses e preocupações imediatas. Não viam que o que era oferecido ia além de suas imaginações: uma comunhão profunda com o divino, um destino maior que transcende os limites do tempo e espaço. O que Jesus nos ensina é que o verdadeiro sentido da vida não se encontra no acúmulo de coisas, mas na partilha, na inclusão, no amor desinteressado.
Hoje, somos desafiados a reavaliar o que realmente importa. Será que, como os convidados da parábola, estamos tão preocupados com nossos afazeres que esquecemos o convite ao transcendente? O Reino de Deus não é um evento que podemos deixar para depois. Ele se manifesta em cada ato de compaixão, cada gesto de solidariedade, cada escolha que fazemos de viver para o outro, especialmente aqueles que mais necessitam de acolhida.
O banquete de Deus é para todos, mas requer que nos desprendamos do que é efêmero. Que sejamos como o servo que busca os marginalizados, os pobres, os cegos e os mancos, e que nosso coração se abra para abraçar o Reino que já está entre nós, mas que ainda aguarda nossa resposta. Hoje, Jesus nos pergunta: estamos prontos para deixar nossas desculpas e aceitar o convite à vida plena? Que possamos responder com o coração aberto e com a coragem de viver para o eterno. Amém.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
A Chamada à Urgência Divina
A frase "Sai depressa pelas ruas e becos da cidade e traga os pobres, os aleijados, os cegos e os mancos" em Lucas 14:21 é um chamado poderoso e cheio de significado. Jesus não utiliza palavras aleatórias, mas cada uma carrega uma profundidade teológica que nos convida a mergulhar em uma realidade transformadora. Vamos explorar a essência deste convite, que fala não apenas de acolhimento social, mas de uma visão do Reino de Deus que desafia as estruturas do mundo.
1. A Pressa como Reflexo da Urgência Divina
O verbo "sai depressa" não é uma mera instrução prática; é um reflexo da urgência de Deus em alcançar os que mais precisam. O Senhor não espera calmamente que todos venham a Ele, mas age com um senso de pressa divina. Essa pressa mostra que a salvação e a inclusão no Reino de Deus não são algo a ser adiado. Elas são necessárias agora. Em um mundo em que somos tentados a procrastinar o bem, essa urgência nos desafia a sermos instrumentos imediatos de Sua graça.
2. Ruas e Becos: Os Espaços Marginalizados da Sociedade
As "ruas e becos da cidade" simbolizam os lugares onde habitam aqueles que a sociedade muitas vezes ignora. Estes são os espaços de exclusão, onde a presença humana é marcada pela vulnerabilidade e pelo abandono. Jesus nos chama a sair das zonas de conforto e ir aonde poucos desejam estar. O Reino de Deus não se manifesta apenas nos lugares bonitos e organizados, mas especialmente entre aqueles que vivem nas sombras da sociedade.
3. A Inclusão Radical: Pobres, Aleijados, Cegos e Mancos
Os grupos mencionados — pobres, aleijados, cegos e mancos — representam todas as formas de exclusão e marginalização. Eles simbolizam não apenas a miséria material, mas também a condição espiritual de quem é considerado "menos digno" ou "impuro" pelos padrões humanos. Jesus nos ensina que a dignidade não é determinada pelas aparências externas ou habilidades físicas, mas pela imago Dei, a imagem de Deus impressa em cada ser humano.
4. O Reino de Deus: Um Reino de Inclusão e Graça
A mensagem aqui é clara: o Reino de Deus é um Reino de inclusão radical, onde os últimos são colocados em primeiro lugar. Deus não escolhe com base em méritos humanos, mas estende Sua misericórdia aos que mais necessitam. Essa inversão das expectativas revela o coração de um Deus que deseja transformar nossa compreensão da comunidade e da justiça. A lógica divina subverte a lógica humana, chamando-nos a acolher sem discriminação.
5. A Vocação do Discípulo: Ser Servo da Graça
O servo que recebe a ordem de sair simboliza cada um de nós, chamados a ser agentes de inclusão. Não podemos simplesmente esperar que as pessoas venham a nós; somos chamados a ir até elas, a buscá-las ativamente. Isso exige um coração que não só conhece a graça, mas também a compartilha. É um convite para deixar nossa vida de autopreservação e caminhar rumo àqueles que vivem nas margens, oferecendo-lhes dignidade e amor.
6. A Teologia da Graça e do Chamado Universal
Teologicamente, esse texto nos lembra que a graça de Deus é universal e incondicional. Deus não deseja que ninguém fique de fora do Seu banquete. A inclusão dos marginalizados é uma imagem da graça que transcende nossas limitações humanas. Mesmo aqueles que o mundo rejeita são, aos olhos de Deus, preciosos e bem-vindos. Este é um lembrete de que o amor divino não conhece fronteiras e que somos chamados a replicar essa realidade na terra.
Conclusão
Lucas 14:21 desafia nossa compreensão da missão cristã. Somos convidados a agir com urgência, a nos envolver nas realidades mais difíceis, e a incluir os que são frequentemente esquecidos. Esse é um convite à conversão pessoal e comunitária, uma oportunidade de participar ativamente do Reino que já está presente, mas ainda não completamente realizado. Deus nos chama a transformar o mundo, um ato de amor por vez, até que todos estejam à mesa do banquete celestial.
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
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