quinta-feira, 21 de novembro de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 20:27-40 - 23.11.2024

  Liturgia Diária


23 – SÁBADO 

33ª SEMANA COMUM


(verde – ofício do dia)



Meus pensamentos são de paz e não de aflição, diz o Senhor. Vós me invocareis e hei de escutar-vos, e de todos os lugares reconduzirei vossos cativos (Jr 29,11s).

Esta frase revela a intenção divina como força transcendente que orienta a existência humana para a paz essencial, além das contingências do mundo. Invocar o Senhor é alinhar-se à ordem superior, onde a libertação dos cativeiros interiores conduz à comunhão plena com o Absoluto.


Lucas 20:27-40 ( Vulgata)


27 Accesserunt autem quidam sadducaeorum, qui negant esse resurrectionem, et interrogaverunt eum,  

27 Aproximaram-se alguns dos saduceus, que negam a ressurreição, e o interrogaram,  


28 dicentes: “Magister, Moyses scripsit nobis: Si frater alicuius mortuus fuerit habens uxorem et hic sine filiis fuerit, ut accipiat eam frater eius uxorem et suscitet semen fratri suo.  

28 dizendo: “Mestre, Moisés escreveu para nós: Se o irmão de alguém morrer, tendo mulher, mas sem deixar filhos, que seu irmão tome a mulher e suscite descendência para seu irmão.  


29 Septem ergo fratres erant: et primus accepit uxorem et mortuus est sine filiis;  

29 Ora, havia sete irmãos: o primeiro tomou uma mulher e morreu sem deixar filhos;  


30 et sequens accepit illam, et ipse mortuus est sine filio;  

30 o segundo a tomou e também morreu sem deixar filhos;  


31 et tertius accepit illam. Similiter autem et septem non reliquerunt filios et mortui sunt.  

31 o terceiro a tomou; e assim também os sete, não deixando filhos, morreram.  


32 Novissime mortua est et mulier.  

32 Finalmente, morreu também a mulher.  


33 In resurrectione ergo cuius eorum erit uxor? Siquidem septem habuerunt eam uxorem”.  

33 Na ressurreição, de quem será a mulher? Pois os sete a tiveram como esposa.”  


34 Et ait illis Iesus: “Filii saeculi huius nubunt et traduntur ad nuptias;  

34 Jesus lhes respondeu: “Os filhos deste mundo se casam e se dão em casamento;  


35 illi autem, qui digni habentur saeculo illo et resurrectione ex mortuis, neque nubunt neque ducunt uxores.  

35 mas os que forem julgados dignos do outro mundo e da ressurreição dos mortos não se casam nem se dão em casamento.  


36 Neque enim ultra mori possunt: aequales enim sunt angelis et filii sunt Dei, cum filii resurrectionis sint.  

36 Pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.  


37 Quia vero resurgant mortui, etiam Moyses ostendit secus rubum, sicut dicit: Dominum, Deum Abraham et Deum Isaac et Deum Iacob.  

37 Que os mortos ressuscitam, o próprio Moisés mostrou junto à sarça, como disse: O Senhor é o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó.  


38 Deus autem non est mortuorum sed vivorum: omnes enim vivunt ei.  

38 Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para Ele.  


39 Respondentes autem quidam scribarum dixerunt: “Magister, bene dixisti”;  

39 Então, alguns dos escribas disseram: “Mestre, respondeste bem”;  


40 et amplius non audebant eum quidquam interrogare.  

40 e já não ousavam perguntar-lhe mais nada.  


Reflexão:  

"Deus autem non est mortuorum sed vivorum: omnes enim vivunt ei."

"Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para Ele." (Lucas 20,38)


A ressurreição nos convida a transcender a visão limitada da existência, revelando-nos uma vida plena em comunhão com o eterno. Nessa dimensão, a matéria e o espírito se integram, e o ser humano atinge sua plenitude como filho de Deus. Cada instante no presente é um movimento rumo à plenitude, onde o temporal se une ao transcendente. Assim, a ressurreição não é apenas um evento futuro, mas a realização do propósito divino, que harmoniza a criação com sua origem e destino, revelando a verdade última da vida no amor divino.


HOMILIA

A Ressurreição e a Transformação do Mundo em Deus


Caros irmãos e irmãs,  


Nos dias em que vivemos, onde a corrupção e a injustiça permeiam muitas esferas da sociedade, é fácil perder a esperança. Vivemos em um mundo que, muitas vezes, parece preso ao materialismo, onde os valores espirituais são desvalorizados e as práticas de retidão, relegadas. Mas o Evangelho de hoje, tomado de Lucas 20,27-40, nos oferece uma resposta profunda e transformadora, que nos direciona para a esperança na ressurreição e na vivência plena da vida em Deus.  

Neste Evangelho, os saduceus, que negavam a ressurreição, questionam Jesus com uma situação hipotética, buscando descreditar a doutrina da vida eterna. No entanto, a resposta de Jesus vai além da simples refutação. Ele nos ensina que a verdadeira vida em Deus não é limitada pelas estruturas terrenas e finitas, como o casamento ou as convenções sociais, mas que nos conduz a uma realidade muito mais profunda e transformadora. Jesus nos fala de um novo estado de existência, onde não há mais morte, onde todos são iguais aos anjos e filhos de Deus, participando da plenitude da ressurreição.  

Nosso filósofo e pensador, embora longe de se referir diretamente à ressurreição, nos apresenta uma visão do mundo em constante evolução, onde a matéria e o espírito se entrelaçam para formar uma realidade mais ampla e luminosa. Ele fala de um ponto omega, onde a convergência de todo o processo evolutivo encontra sua culminação na plena união com Deus. Assim como em nossa fé, ele vê a transformação do mundo não como algo estático, mas como um movimento contínuo em direção a um estado de total plenitude, onde a corrupção, a injustiça e as limitações humanas são superadas.  

Nos dias atuais, quando a corrupção parece dominar tantas esferas de nossa sociedade, somos chamados a olhar para a ressurreição não apenas como um evento futuro, mas como uma realidade presente. A ressurreição começa agora, em nossas escolhas, em nossos corações e em nossas ações. Não somos chamados a esperar que a transformação aconteça por si mesma, mas a ser instrumentos dessa transformação. A ressurreição é uma vivência diária, na qual rejeitamos a corrupção do espírito e buscamos a pureza, a justiça, e o amor divino, mesmo nas condições mais desafiadoras.  

Se a corrupção parece dominar a sociedade, a ressurreição nos chama a trabalhar pela sua superação. Somos filhos de Deus, chamados à ação em Sua imagem e semelhança. A cada ato de bondade, de justiça, de amor ao próximo, participamos da transformação que vai além dos limites do tempo e da matéria. Nossa tarefa é ser conscientes de nossa filiação divina e de nosso papel em levar o mundo para a união com Deus, tal como o ponto omega nos propõe: um mundo renovado, não pela imposição ou pela destruição, mas pela adesão livre e plena à verdade divina, onde todas as injustiças e corrupções serão finalmente dissolvidas.  

Portanto, a ressurreição nos chama a viver a transformação do mundo em Deus agora, não em um futuro distante. Em cada momento, em cada escolha, estamos chamados a ser sinais da vida eterna. A corrupção, a injustiça e a morte não têm a última palavra. Em Cristo, a última palavra é sempre a vida, a paz e a plenitude. Que possamos viver essa verdade com coragem, sabendo que estamos sendo moldados para o mundo novo que Deus está criando em nós.  

Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A frase de Lucas 20,38, "Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para Ele", é uma declaração central sobre a natureza divina e a relação de Deus com a criação, revelando aspectos profundos da teologia cristã sobre a vida, a morte e a ressurreição.


1. Deus não é Deus de mortos, mas de vivos:

Esta afirmação se contrapõe à visão comum de que Deus está apenas presente ou atua em momentos que envolvem a morte ou a destruição. Ao dizer que Deus é o "Deus de vivos", Jesus está afirmando que a essência de Deus é a vida, não a morte. Ele é a fonte de toda a vida e de todo o ser, e a morte, embora real no contexto humano, não pode ser vista como um fim absoluto. A morte não anula a relação entre Deus e a humanidade, mas revela sua natureza transformadora. Em Deus, a vida é eterna, e Sua existência transcende a temporalidade e a morte física.


2. A ressurreição e a vitória sobre a morte:

Esta frase está intimamente ligada à doutrina da ressurreição dos mortos. Jesus não apenas afirma que Deus é fonte de vida, mas também sublinha que em Deus, a morte é vencida. A verdadeira vida não é limitada à vida terrena ou física, mas é uma vida eterna, que se desvela plenamente na ressurreição. Aqui, a teologia cristã nos ensina que a morte não tem a última palavra, pois a vida em Deus, revelada em Cristo, ultrapassa as fronteiras da morte física e se transforma em uma vida espiritual plena.


3. "Todos vivem para Ele":

Esta parte da frase aponta para a centralidade de Deus na existência humana. A vida humana, na sua totalidade, tem como propósito viver para Deus. Isso implica que a finalidade última da vida não é simplesmente viver por si mesma, mas ser vivida em comunhão com o Criador. Viver para Deus é compreender que nossa existência, em sua profundidade, é orientada para um relacionamento com Ele, cuja plenitude é alcançada através da ressurreição e da união com Ele. Isto reflete o conceito de vida eterna, onde não há separação entre a existência e a comunhão com Deus.


4. A relação entre morte e vida em Deus:

No contexto da tradição cristã, a morte física é vista como a separação temporária da alma do corpo, mas, para o cristão, essa separação é passageira. A morte não é o fim definitivo, pois é apenas um ponto intermediário entre o tempo e a eternidade. Deus, que é a fonte de toda vida, não é afetado pela morte, mas age para a restauração e transformação da humanidade através da ressurreição. A vida, em sua plenitude, é restaurada em Deus. 


5. A revelação de Cristo e a vitória sobre a morte:

Na pessoa de Jesus Cristo, essa verdade se torna ainda mais profunda e concreta. A ressurreição de Jesus é a prova de que Deus não é Deus de mortos, mas de vivos. Cristo, ao vencer a morte, revela que a verdadeira vida é encontrada em comunhão com Ele, que é o caminho, a verdade e a vida (João 14,6). A ressurreição de Cristo inaugura um novo modo de existência, onde a morte não tem mais poder sobre os filhos de Deus. Por isso, quando Jesus afirma que todos "vivem para Ele", Ele também está chamando os seres humanos para uma nova vida, marcada pela esperança na ressurreição e na comunhão eterna com Deus.


6. Implicações para a vida cristã:

Essa afirmação nos leva a refletir sobre o sentido da vida cristã. A vida cristã, em sua essência, é uma vida voltada para Deus, que transcende o sofrimento e a morte. A vivência da fé cristã não é apenas uma preparação para a vida após a morte, mas um compromisso com uma transformação radical do modo de viver no presente. Viver para Deus é uma forma de existir que reflete a eternidade, buscando a união com Ele em todas as ações e escolhas, participando ativamente da ressurreição que começa agora, com a renovação espiritual.


Portanto, a frase "Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para Ele" encapsula uma visão de Deus como a fonte de toda vida, um Deus que não é aprisionado pela morte, mas que, através da ressurreição, oferece à humanidade a verdadeira e eterna vida, com um propósito voltado para a comunhão plena com Ele.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

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Oração Diária

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