Evangelho (Lucas 21,12-19)
Quarta-Feira, 28 de Novembro de 2012
34ª Semana Comum
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 12“Antes que
estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos; sereis entregues às
sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por
causa do meu nome. 13Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé.
14Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa;
15porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos
poderá resistir ou rebater. 16Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais,
irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós. 17Todos vos odiarão
por causa do meu nome. 18Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa
cabeça. 19É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!”
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
O testemunho nas
perseguições é resultado do confiante abandono nas mãos de Deus
Jesus continua falando sobre as perseguições que os
discípulos sofrerão. Estas advertências estão inseridas na fala de Jesus ao
fazer o envio missionário. As provações dos discípulos de Jesus têm um alcance
escatológico, isto é, anteciparão não só a destruição de Jerusalém, mas também
a própria Parusia. Eles serão perseguidos tanto pelas sinagogas judaicas como
por reis e governadores gentios.
Nos Evangelhos sinóticos, encontramos conjuntos de textos
escatológicos com estilo apocalíptico, os quais prenunciam o fim dos tempos de
maneira trágica com a volta do “Filho do Homem”. Este estilo literário reproduz
a forma encontrada no Antigo Testamento, no qual, a partir do “Dia de Javé” –
dia de terror para o mundo, porém, de glória para Israel – elaborou-se uma
literatura apocalíptica.
A presença destes textos, no Novo Testamento, é o reflexo da
antiga tradição das primeiras comunidades de convertidos do Judaísmo. Tais
textos são encontrados, em bloco, nos “discursos escatológicos” em Mateus (cap.
24-25), em Marcos (cap. 13) e em dois discursos no Evangelho segundo Lucas. A
invariabilidade das sentenças dos textos, nos três Evangelhos, leva a supor que
os evangelistas recorreram às mesmas fontes de tradição, especificamente
escatológicas.
O discurso escatológico em Marcos prioriza o prenúncio da
destruição de Jerusalém, à qual é associada a vinda do Filho do Homem. No
discurso escatológico de Mateus, as sentenças sobre a destruição de Jerusalém e
sobre a vinda do Filho do Homem estão entremeadas.
Lucas, num primeiro discurso, destaca o tema escatológico da
vinda do Filho do Homem (17, 22-37) e, em outro, retoma este tema a partir do
tema da destruição de Jerusalém, incluindo também a perseguição contra os
discípulos missionários (21, 5-36).
No início do ministério de Paulo havia uma expectativa da
volta iminente de Jesus, a Parusia. Contudo, essa expectativa surtiu efeito
negativo, na medida em que muitos passaram a viver uma vida ociosa e
desordenada. Com o tempo, a expectativa da Parusia foi desaparecendo, dando
lugar à consciência da presença atual de Jesus nas comunidades dos discípulos,
que lutam por um mundo novo possível.
O testemunho nas perseguições e diante dos tribunais, não é
resultado da eloquência, mas sim do abandono confiante nas mãos de Deus. O
próprio Jesus é que dá ao discípulo as palavras adequadas a serem proferidas
diante dos tribunais. Lucas tinha em mente o testemunho de Estevão e outros
mártires.
As comunidades dos discípulos, comprometidas com a missão ao
longo da história, têm vivido sob as diversas provações impostas pelos
poderosos. A perseverança nas tribulações, suportadas em nome de Jesus, é o
caminho para a vida.
Dai-me, Senhor, a graça da perseverança nas tribulações a
fim de que eu tenha vida plena em Vós.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova
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