quinta-feira, 1 de novembro de 2012

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - 02.11.2012 - Um culto de fé na ressurreição.


Evangelho (João 11,17-27)
Sexta-Feira, 2 de Novembro de 2012
Comemoração dos Fiéis Defuntos


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.

17Quando Jesus chegou a Betânia, encontrou Lázaro sepultado havia quatro dias. 18Betânia ficava a uns três quilômetros de Jerusalém. 19Muitos judeus tinham vindo à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão. 20Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa.
21Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. 22Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá”.
23Respondeu-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”.
24Disse Marta: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”.
25Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. 26E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais. Crês isto?”
27Respondeu ela: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.






HOMILIA 1

Temos consciência do valor da Missa pelos fiéis defuntos?

Nós não podemos nos esquecer dos mortos, porque são eles que vivem verdadeiramente. Fazemos memória dos mortos, porque com eles estabelecemos uma comunhão única, somente possível pelo mistério da Graça e só vivencial no amor que Deus nos tem, porque Ele é Deus dos vivos e dos mortos.
A celebração da Santa Missa pelos defuntos não é moda de agora. (Infeliz) Moda de agora é ignorar o valor da Santa Missa pelos defuntos. Tal desconhecimento deve-se à vontade de ignorar o acontecimento sempre trágico e traumático que é a morte. Perante ela nasce mais depressa a revolta (— Porque é que Deus não fez nada?) e a incompreensão (— Se alguém devia morrer não era ele!), que a serenidade e a esperança no Senhor.
É fé da Igreja que a Missa se oferece pelo perdão dos pecados (e outras necessidades) dos fiéis vivos, mas também pelos defuntos.
A memória dos defuntos é hoje um dos centros psicológicos da Missa, e é consensual e até necessário mencionar publicamente os seus nomes. Na verdade, a morte possibilita que nos abramos completamente Àquele que nos fez viver na terra; e tanto assim que, quer os vivos quer os mortos, comungam o mesmo mistério da Graça: a incorporação em Cristo, no Corpo Místico de Cristo! É por isso que, vivos e mortos, verdadeiramente nos encontramos na Eucaristia.
Excetuando a memória terna que deles fazemos na oração da Igreja, é bem sabido que a nossa época se esforça por esquecer publicamente a agonia e a morte. É assunto por demais desagradável e inibidor para os de hoje. Será porque nos recorda os nossos limites? Será porque um dia nos tocará? Será porque nos disseram que seríamos “quase deuses intocáveis” e, afinal, pereceremos como os outros? Será que a morte para além da separação parece uma derrota? Será porque na morte não vimos um sinal da presença do amor de Deus? Será por isto, será por aquilo ou por tudo?
É porém verdade, que aquilo que nos afasta da comunhão espiritual dos mortos nos afasta também da poderosa força da mensagem cristã da ressurreição. Quem perde uma, perde a outra também.
A fé cristã exprime-se na comunhão do cristão com Deus, na comunhão dos crentes entre si e também na comunhão dos vivos com os mortos. Entre os fiéis vivos e os fiéis defuntos existe uma solidariedade de que ambos beneficiam.
A comunhão com Deus — como Deus dos vivos! — é tanto mais expressiva quanto mais os mortos significam para nós, através da comunhão dos santos que professamos quando rezamos o Credo.
Por sua vez, quando rezamos: “Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno entre os esplendores da luz perpétua; que descansem em paz. Amém”, estamos a rezar aquela mesma palavra de amor, que os nossos irmãos mortos pronunciam sobre nós desde a plenitude de Deus, e que é: “Depois das lutas da vida, dai, Senhor, a estes irmãos [isto é, a nós que ainda vivemos na Terra] a quem, como nunca, amamos no Vosso amor, o descanso eterno e que a Vossa luz igualmente brilhe sobre eles”.
Essa é a comunhão plena dos santos, aquela que ansiamos, que professamos e que já vivemos, embora a partir da perspectiva da fé, não do amor pleno e definitivo.
A Eucaristia é memorial da Paixão e Morte de Jesus. Essa é a razão pela qual ela é o lugar onde melhor podemos recordar os mortos. Ali recordamos a morte do Rei da vida e professamos a Sua ressurreição. Por isso, a recordação da morte dos nossos defuntos é também a da sua ressurreição. Não é humano não fazer memória dos mortos.
Celebremos, pois, a Eucaristia, com a certeza de que nela se reatualiza a Nova Aliança. De que por ela nos aproximamos confiadamente de Deus, de que nela fundamentamos a nossa existência, lhe conferimos densidade e renovamos a comunhão com Deus e os irmãos, isto é, retomamos o projeto inicial de amor no qual Deus nos criou.
Padre Bantu Mendonça





Dia de Finados

HOMILIA 2
Um culto de fé na ressurreição.

Há o dia do trabalho, dos pais, das mães, das diversas profissões etc... O dia de Finados parece um dia triste. Chamamos dia dos mortos. Mas, se formos um cemitério para a visita da saudade, encontramos flores e luzes. É a festa da vida. Ali não contemplamos ossos ressequidos, mas lembranças daqueles que passaram da morte para a vida. O culto dos mortos é uma tradição muito antiga no mundo. Podemos ver isso na atitude das mulheres que, no dia seguinte ao sepultamento de Jesus, foram terminar os ritos de preparação do corpo de Jesus. E surpresa! Ele não estava mais lá. Ressuscitara. Ali nasce para nós a esperança da ressurreição. Assim também será conosco, se bem que não sabemos nem quando nem como. Vem das origens da Igreja a celebração dos mortos. Nas catacumbas romanas há um imenso testemunho de respeito aos mortos, de fé na ressurreição e no valor de nossa oração por eles e da oração deles por nós. Desde o início, a Igreja celebra o culto em torno das tumbas dos mártires. E temos sempre em nossos altares relíquias de santos mártires. Pude ver, em um livro do século VIII (Sacramentário Gelasiano), anotada à margem, a primeira indicação da colocação da oração dos mortos dentro do texto da prece eucarística. No mosteiro de Cluny, lá pelo ano 1000, aparece a celebração do dia de Finados, seguindo ao dia de todos os santos. Temos uma larga tradição de oração pelos mortos e celebração de sua memória. Na realidade, mais do que saudade, é uma demonstração de fé na ressurreição. Nossos mortos estão vivos. E os que foram para o inferno? Por acaso podemos dizer que alguém foi para o inferno? Vamos ter surpresas!

Fundamento da oração pelos mortos.

Os fundamento da oração pelos mortos já se acham no livro dos Macabeus: Judas manda oferecer sacrifico pelo pecado dos combatentes mortos que se deixaram levar pela idolatria. “Ação justa e nobre inspirada na sua crença na ressurreição. Pois se não esperasse que os soldados mortos houvessem de ressuscitar, teria sido em vão e supérfluo rezar por eles” (2 Mc 12, 43-44). Na leitura do livro de Jó encontramos a esperança na Ressurreição (Jó 19,23-27): “Sei que o meu Redentor vive (...) depois que tiver destruída esta minha pele, na minha carne eu verei a Deus. Eu mesmo o verei e meus olhos o contemplarão e não os olhos de outro”. A carta de Paulo aos Romanos é um claro testemunho: Há uma vida, uma morte e uma ressurreição.

Fé que anima a vida.

Batizados, temos em nós a semente da vida eterna. Por nossa fé e obras, vamos tomando posse desta vida. “Quem vê o Filho e nEle crê, tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia”. Temos garantia de ressurreição. Nossos irmãos na fé, que morreram, são santos junto de Deus e são nossos intercessores. Por isso celebramos a festa de todos os santos. Assim, nós que temos parentes falecidos, velhos ou criancinhas inocentes, podemos pedir que rezem a Deus por nós, e nos amem. E nós rezemos pelos mortos, sem supertição, pois um dia os vivos rezarão por nós.

Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R.

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