Evangelho (Lucas 19,45-48)
Sexta-Feira, 23 de Novembro de 2012
33ª Semana Comum
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 45Jesus entrou no Templo e começou a expulsar
os vendedores. 46E disse: “Está escrito: ‘Minha casa será casa de oração’. No
entanto, vós fizestes dela um antro de ladrões”. 47Jesus ensinava todos os dias
no Templo. Os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os notáveis do povo
procuravam modo de matá-lo. 48Mas não sabiam o que fazer, porque o povo todo
ficava fascinado quando ouvia Jesus falar.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Jesus no templo
Naquele tempo a celebração da Páscoa acontecia anualmente no
templo em Jerusalém. Era uma das três festas anuais que exigiam o
comparecimento de todos os homens, sendo as outras a festa de Pentecostes e a
dos Tabernáculos. A festa da Páscoa comemorava a saída dos judeus da escravidão
no Egito (Êxodo 12:1-13) e começava aproximadamente no décimo quarto dia de
abril em nosso calendário, durando sete dias ao todo. A Páscoa propriamente era
celebrada no dia inicial, seguindo-se depois a festa dos Pães Ázimos.
Muitas judeus com suas famílias viajavam do mundo inteiro
para Jerusalém durante essas festas. Assim, durante a Páscoa, a área do templo
ficava sempre abarrotada com milhares de visitantes além dos seus habitantes.
Todo israelita de vinte anos para cima tinha que pagar
anualmente na tesouraria sagrada do templo meio siclo como um oferecimento ao
Senhor (Êxodo 30:13-15), e isto com a tradicional e antiga moeda hebraica deste
valor exato. O povo também era obrigado a oferecer animais como sacrifício
pelos pecados. Muitos não podiam trazer consigo seus animais porque vinham de
longe, ou porque não dispunham de animais nas perfeitas condições exigidas.
Havia, portanto, grande procura de moedas de meio siclo
assim como de animais próprios para os sacrifícios e holocaustos na festa da
Páscoa. Para facilitar o comércio, os líderes religiosos permitiam que
cambistas de moedas e comerciantes montassem suas bancas e barracas na corte
dos gentios no templo, mediante um aluguel. Era lucrativo para os negociantes e
rendoso para os sacerdotes, à custa dos que vinham oferecer sacrifício. O
templo de Deus estava sendo usado de forma inadequada, e a perseguição do ganho
material e o uso de práticas gananciosas predominavam. A Casa de Deus tinha se
tornado uma espécie de bolsa de mercadorias ou feira livre.
O Senhor indignou-se com isto e, tendo feito um chicote de
cordas, expeliu todos do templo com seus animais, espalhou o dinheiro dos
cambistas e virou-lhes as mesas, dizendo aos que vendiam as pombas “tirai daqui
estas coisas: não façais da casa do meu Pai casa de negócio”, pois estavam
fazendo um escárnio da casa de Deus. Ao término do seu ministério,
aproximadamente três anos mais tarde (Mateus 21:12-17; Marcos 11:12-19; Lucas
19:45-48), Ele repetiu esta “limpeza”, pois o motivo de lucro daquela gente era
mais forte que o desejo de conservar a santidade do templo.
Deus sempre preveniu seu povo contra o uso do culto a Ele
para o seu próprio enriquecimento. O que o Senhor fez naquelas ocasiões não foi
cruel ou injusto, mas era apenas a manifestação da sua santidade e justiça, o
que fez com que seus discípulos se lembrassem do versículo no Salmo 69:9… “o
zelo da tua casa me devorou”. Este salmo é citado dezessete vezes no Novo
Testamento e é um dos seis salmos mais citados no Novo Testamento.
Jesus tinha amplos motivos para dizer que os comerciantes
gananciosos haviam transformado o templo de Deus num “covil de salteadores”.
Para poder pagar o imposto do templo, os judeus e os prosélitos procedentes de
outros países tinham de trocar seu dinheiro estrangeiro por moeda aceitável. Os
cambistas operavam negócios lucrativos, cobrando uma taxa para cada moeda
cambiada. Jesus os chama de salteadores, sugere que as taxas deles eram tão
excessivas, que na realidade extorquiam dinheiro dos pobres.
Alguns não podiam levar seus próprios animais para ser
sacrificados. Todos que os levavam tinham de submetê-los a um exame feito por
um inspetor no templo por uma taxa. Muitos que não queriam arriscar-se a ter um
animal rejeitado depois de trazê-lo de longe, compravam um leviticamente
“aprovado” dos negociantes corruptos no templo. Muitos dos camponeses pobres
eram bem enganados ali.
Há evidência de que o ex-sumo sacerdote Anás e sua família
tinham capital investido nos comerciantes no templo. Escritos rabínicos falam
de “bazares dos filhos de Anás [no templo]”. O lucro que recebiam dos cambistas
e da venda de animais na área do templo era uma das suas principais fontes de
renda. A ação de Jesus, de expulsar os comerciantes, não só tinha por alvo o
prestígio dos sacerdotes, mas também os bolsos deles.
Não será que esta cena ainda se repete em nossos dias nas
festas dos padroeiros em nossas paróquias e capelas?
Espírito purificador, tira do meu coração toda sorte de
maldade e de egoísmo, que o tornam indigno de ser morada de Deus.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova
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