Evangelho (Lucas 14,12-14)
Segunda-Feira, 5 de Novembro de 2012
31ª Semana Comum
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 12dizia Jesus ao chefe dos fariseus que o
tinha convidado: “Quando deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos
nem teus irmãos nem teus parentes nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam
também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. 13Pelo contrário, quando
deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. 14Então
serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na
ressurreição dos justos”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Convide os pobres
Jesus olhar tanto para o dono da festa bem como para os
convidados ficou desapontado; e, então levantando a cabeça dirige a palavra à
seus Apóstolos: Quando você der um almoço ou um jantar, não convide os seus
amigos, nem os seus irmãos, nem os seus parentes, nem os seus vizinhos ricos.
Porque certamente eles também o convidarão e assim pagarão a gentileza que você
fez.
A quero lembrar-te de que a oportunidade do Evangelho sobre o
banquete dos pobres e aleijados permite abordar o tema da Igreja como
assembléia universal e indiscriminada dos filhos de Deus.
O plano salvífico de Deus, manifestado em Jesus de Nazaré,
apresenta-se definitivamente como a assembléia universal e indiscriminada dos
filhos de Deus dispersos. Por isso, a Igreja, através de variadas modalidades
associativas pelo amor, os ministérios e os sacramentos, sobretudo a celebração
eucarística, se manifesta nas múltiplas assembléias locais. Abre-se ao projeto
divino da acolhida de todos os homens, mediante a fé em Cristo. Prossegue e
prolonga a obra da congregação universal dos filhos de Deus, privilegiando os
pobres e marginalizados, na qualidade de primeiros convidados ao festim dos
bens messiânicos, pois se os pobres têm vez, ninguém se sente excluído.
Entretanto, a Igreja jamais será um fim em si mesmo, mas o meio pelo qual se
processa a unificação dos homens entre si e com Deus em Cristo. Daí, o tema da
congregação universal apontar para o banquete definitivo do Reino de Deus onde
serão acolhidos na morada do Pai (Jo 14,2-3), a Jerusalém do Alto (Apc 21,10;
Hb 12,22-23).
O amor preferencial pelos pobres, o espaço aberto aos
marginalizados, a promoção dos necessitados será sempre sinal evidente do Reino
de Deus que a Igreja anuncia, vive e constrói. O próprio Reino manifesta sua
força e vitalidade, congregando os pobres na Igreja de Cristo para promovê-los
a uma vida mais digna até a eternidade feliz.
Lucas apresenta o tema da humildade, a partir da parábola da
escolha dos lugares, e o tema da importância dos pobres no Reino de Deus, a
partir da parábola da escolha dos convidados (Lc 14,1.7-14).
Nos diálogos à mesa, os autores gregos geralmente
apresentavam os comensais em torno do dono da casa, sublinhando a posição
social dos presentes. Lucas também começa retratando um dos notáveis entre os
fariseus para logo, desconcertantemente, introduzir um hidrópico na cena,
necessitado de cura. Deste modo, dá a entender que a refeição messiânica não é
reservada a elites, mas se abre a todos, notadamente os pobres e
marginalizados.
Durante os diálogos à mesa, era costume que cada conviva
pronunciasse um discurso para elogiar o tema a ser abordado e descrever-lhe as
situações. No caso de Lucas, é Jesus quem inicia a conversação, referindo-se à
possibilidade de curar o hidrópico no Sábado, enquanto os legistas e fariseus
se calam e não conseguem replicá-lo. Jesus, no entanto, insiste no diálogo,
escolhendo como tema a humildade e descrevendo suas manifestações. Tendo como
pano de fundo a literatura sapiencial (Pr 25,6-7), elogia a humildade, a partir
da parábola da escolha dos lugares em que o ocupante do último posto é
convidado a se transferir para mais perto.
Quanto à parábola da escolha dos convidados, mais do que
apontar para a humildade de quem convida os marginalizados, acentua, bem a
gosto de Lucas, a importância dos pobres no Reino de Deus. Na realidade, há a
questão básica que se impõe aos que crêem, sobre a acolhida devida aos carentes
e necessitados, privilegiados de Jesus. Em tom sapiencial, que sobre exalta as
conseqüências dos atos humanos, é melhor, para Jesus, convidar os pobres, pois,
não tendo com que retribuir, a recompensa da gratuidade há de ser dada pelo
próprio Deus na ressurreição dos justos. Do mesmo modo que é conveniente se
colocar no último lugar pela vivência da humildade, também é mais dadivoso
convidar os pobres e aleijados para o banquete do que os amigos, parentes e
vizinhos ricos.
Consciente de que Jesus inaugura o banquete universal dos
pobres (Is 55,1-5), Lucas insiste na gratuidade do gesto divino que acolhe a
todos em seu Reino, chamado a atenção para a mesma atitude daqueles que
convidam os que não podem retribuir. Entretanto, se considerarmos a
interpretação eucarística proposta por vários comentadores, teremos a
superação, nas assembléias dominicais, de manifestações de vaidade e ostentação
das reuniões pagãs, através das regras da humildade ou das escolhas dos lugares
e a exclusão de barreiras judaicas, impostas pela impureza legal aos
marginalizados mediante as regras da gratuidade e da acolhida dos pobres. Quem
são os que participam da tua festa? Com quem gastas o teu dinheiro? E como o
gastas? Lembra-te do apelo do Mestre: Quando deres um banquete convide os
cegos, os aleijados, os pobres e serás abençoado. Pois eles não poderão pagar o
que tu fizeste, mas Deus te pagará no dia em que as pessoas que fazem o bem
ressuscitarem.
Padre Bantu Mendonça
Fonte : Canção Nova
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