domingo, 2 de novembro de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 14,25-33 - 05.11.2014 - Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!

Pai,
reforça minha disposição
a ser discípulo de teu Reino,
afastando tudo quanto possa abalar
a solidez de minha adesão a ti e a teu Filho Jesus.
4ª-feira da 31ª Semana Tempo Comum
Cor: Verde

Evangelho - Lc 14,25-33

Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 14,25-33

Naquele tempo:
25Grandes multidões acompanhavam Jesus.
Voltando-se, ele lhes disse:
26'Se alguém vem a mim, mas não se desapega
de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos,
seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida,
não pode ser meu discípulo.
27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim,
não pode ser meu discípulo.
28Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre,
não se senta primeiro e calcula os gastos,
para ver se tem o suficiente para terminar?
Caso contrário,
29ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar.
E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo:
30'Este homem começou a construir
e não foi capaz de acabar!'
31Ou ainda:
Qual o rei que ao sair para guerrear com outro,
não se senta primeiro e examina bem
se com dez mil homens poderá enfrentar o outro
que marcha contra ele com vinte mil?
32Se ele vê que não pode,
enquanto o outro rei ainda está longe,
envia mensageiros para negociar as condições de paz.
33Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós,
se não renunciar a tudo o que tem,
não pode ser meu discípulo!'
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Lc 14, 25-33

O nome de cristão é motivo de orgulho para muita gente e muitos usam esse nome e fazem propaganda do fato de serem cristãos. Mas muitos são cristãos de apenas de nome e de conversa, porque quando surgem as exigências da vivência coerente com o evangelho, são os primeiros a recuarem e a ficarem teorizando formas de religião que justifiquem a sua incoerência evangélica e outros valores nada cristãos que marcam as suas vidas. A exigência de Jesus é clara: renunciar a todos os valores que são contrários ao evangelho e fazer do seu seguimento o centro da própria vida. O resto é conversa fiada de quem quer usar do discurso para legitimar os próprios erros.
Fonte CNBB



COMO SEGUIR JESUS? Lc 14,25-33
HOMILIA

No Evangelho de hoje, Lucas nos apresenta um Jesus acompanhado por grandes multidões. À vista disso Ele, dirige-se às multidões determina quais são as verdadeiras características dos que realmente se tornam seus discípulos. Não basta seguir o mestre é preciso saber que o discipulado é coisa séria. É o chamado universal ao seu seguimento. Muitos se aproximam dele movidos por um misto de curiosidade e esperança. Ele quer que todos estejam conscientes do compromisso a que são chamados. O seguimento de Jesus diferencia-se da observância da Lei, no judaísmo, ou da prática de sábios conselhos deixados por líderes religiosos. Como era clássico na moral semita, Jesus nomeia um por um os casos em que ele deve ser preferido e pela ordem em que eles deviam ser considerados ou amados segundo a lei e a tradição: Pai, mãe, esposa, filhos, irmãos e irmãs. Discípulo significava todo aquele que seguia a vida e as instruções do mestre de forma contínua. Moravam juntos e participavam das mesmas idéias e comidas. O discípulo era uma réplica do mestre. A primeira qualidade dos mesmos é preferir Jesus a todos os parentes. Segui-lo é unir-se em comunidades vivas e fraternas, como uma nova família. É ter a coragem de enfrentar o desprezo e a repressão da sociedade submissa à ideologia de status e poder. É o dom da própria vida, para comunicar a vida ao mundo, entrando-se em comunhão de vida eterna com Deus.
Devemos, pois entender que Jesus exige prioridade respeito a parentes, seja qualquer o degrau dos mesmos, prioridade que unicamente no AT era atribuída a Deus. A melhor interpretação desta passagem a temos em Mt 10, 37: Aquele que ama pai ou mãe mais do que a mim não é digno de mim. E aquele que ama filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim. Lucas, como vemos, acrescenta esposa, pois não podemos esquecer que ele escreve para gentios em que a esposa contava como parte importante da vida.

Jesus exige abandonar não unicamente os planos pecaminosos do pecado, mas também os projetos bons e lucrativos da vida em particular. Tudo estará subordinado a Ele, como estavam no A T as coisas e os seres dependentes de Javé-Deus. Lucas em lugar paralelo exige a negação a si mesmo: não tanto negação ao pecado como aos projetos e planos próprios, legítimos desde a liberdade do ser humano. Todo o amor é portador de eternidade; mas nenhum amor é autêntico se prefere aquilo que se goza no tempo ao que é único e eterno.

Jesus não pede ser morto na cruz, mas carregar a mesma. Quando falam os evangelistas da cruz expressam com duas palavras o fato de suportar o peso dela no caminho do suplício. A cruz era o suplício mais atroz dos tempos de Jesus entre os romanos, segundo testemunho de Cícero; e, além disso, o crucificado era segundo Dt 21, 23, maldito por lei: o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus, que Paulo cita em Gl 3, 13: Cristo nos resgatou da maldição da Lei fazendo-se Ele próprio maldição em nosso lugar porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro.

Se alguém quer vir após mim (...) tome a sua cruz cada dia e siga-me. Jesus está pedindo o impossível: a destruição do próprio ego. Tudo soa como aquilo de amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, etc.

As parábolas explicam as dificuldades e inconvenientes que levarão muitos a abandonar o caminho empreendido. Por isso devemos enfrentar o nosso discipulado com a intenção de total e absoluta renúncia a todo o que possuímos. É um esquecer definitivo uma renúncia absoluta a todos os bens. Isso é que determina e fixa o verdadeiro discípulo. Como conclusão distaremos três pontos:

1 - O discipulado de Cristo é um chamado a todos. Mas unicamente serão verdadeiros discípulos os que estejam dispostos a uma renúncia total a começar por si mesmos, que é notada externamente pela pobreza de uma opção aparentemente irracional. Discípulo de um Mestre que teve uma cruz como fim e uma vida em que o sofrimento era parte essencial, especialmente o sofrimento da incompreensão e perseguição.

2 - A cruz não é unicamente um símbolo de quem sofreu por nós, mas uma opção necessária que deve dirigir nossas vidas de discípulos de Cristo. Não existe um cristianismo light em que a humilhação, o escárnio e o sofrimento possam ser referidos unicamente ao Senhor. Os discípulos devem como Ele pediu aos filhos do Zebedeu, optar por beber o cálice amargo de sua paixão.

3 - Seguir Jesus é continuar o projeto do Pai, experimentando um clima novo em relação com as pessoas, as coisas materiais e consigo mesmo. Trata-se de assumir com liberdade e responsabilidade a condição humana sem superficialismos, conveniências ou egoísmos. Decidir-se por uma humanidade que Jesus adotou como modelo, em que a renúncia a si mesmo é a base da entrega a Deus e ao próximo.

Abenção de Deus para ti
PE. BANTU

Fonte Padre BANTU SAYLA

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