sábado, 3 de agosto de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Marcos 9:2-10 - 06.08.2024

 Liturgia Diária


6 – TERÇA-FEIRA 

TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR


(branco, glória, prefácio próprio – ofício da festa)



Evangelho: Marcos 9:2-10

Ó Cristo transfigurado, em glória revelada, resplandecente diante dos discípulos, mostra-nos a luz divina. Que possamos ouvir a voz do Pai, seguir teus passos, e encontrar a verdadeira essência da fé, na união do humano com o divino. Amém.


Marcos 9:2-10 (Bíblia de Jerusalém)


2. Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou sozinhos a um monte alto, à parte. E transfigurou-se diante deles.

3. Suas roupas tornaram-se resplandecentes, de uma brancura tal que nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar.

4. E apareceram-lhes Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus.

5. Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: "Mestre, é bom estarmos aqui. Façamos três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias."

6. Com efeito, não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo.

7. Formou-se, então, uma nuvem que os cobriu com sua sombra, e da nuvem saiu uma voz: "Este é o meu Filho amado; escutai-o!"

8. De repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser Jesus, sozinho com eles.

9. Enquanto desciam do monte, ele lhes ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos.

10. Eles observaram a ordem, mas discutiam entre si o que significaria "ressuscitar dos mortos."


Reflexão:

"Este é o meu Filho amado; escutai-o!" (Marcos 9:7)


A transfiguração de Jesus diante dos discípulos é um momento de profunda revelação espiritual. Na montanha, onde a terra toca o céu, a divindade de Cristo se revela, mostrando que o humano e o divino são inseparáveis. As figuras de Elias e Moisés representam a Lei e os Profetas, agora cumpridos em Cristo. O temor dos discípulos diante da glória divina reflete a nossa própria incapacidade de compreender plenamente o mistério divino. A voz do Pai nos chama à escuta atenta de Jesus, o Filho amado. Este evento nos convida a transcender as aparências e a buscar a verdade mais profunda da nossa existência em Cristo, que une o céu e a terra, o humano e o divino.


HOMILIA

Um Chamado à Profundidade Espiritual


Queridos irmãos e irmãs,


Hoje contemplamos um dos mistérios mais sublimes da fé, um evento onde o divino irrompe no humano, revelando-nos a verdade mais profunda sobre a nossa existência. Na montanha alta, Jesus se transfigura diante dos discípulos, e o ordinário se torna extraordinário. Suas vestes, de uma brancura inacessível a qualquer arte humana, nos mostram que há uma realidade além daquela que os nossos olhos normalmente podem ver.

Na presença de Elias e Moisés, figuras centrais da Lei e dos Profetas, percebemos que toda a história da salvação converge neste momento. A Lei e os Profetas, cumpridos em Cristo, nos apontam para a plenitude da revelação divina. Este encontro celestial nos recorda que o caminho de Deus é um caminho de continuidade e de cumprimento, onde cada promessa encontra sua realização.

Os discípulos, tomados de medo e de maravilha, sugerem a construção de tendas, talvez na tentativa de capturar este momento de glória. Contudo, a voz do Pai os chama a uma realidade mais profunda: "Este é o meu Filho amado; escutai-o!" Este mandamento divino nos convida a ir além da contemplação estática da glória, e a entrar em uma relação dinâmica com Jesus, a Palavra viva de Deus.

Descendo da montanha, somos lembrados de que a experiência do divino não nos separa do mundo, mas nos prepara para nele atuar com um coração transformado. A ordem de Jesus para manterem o silêncio até a ressurreição nos ensina que a compreensão plena dos mistérios divinos só é possível à luz da Páscoa, quando a glória da ressurreição ilumina todo o caminho da cruz.

Este evento nos chama a uma fé que vai além das aparências e das emoções momentâneas. Somos convidados a uma transformação interior, a uma escuta atenta e obediente da voz de Cristo, a entrar na dinâmica da morte e ressurreição, onde o verdadeiro sentido da vida é revelado. Na nossa caminhada espiritual, que possamos subir ao monte da transfiguração, deixando-nos transformar pela luz de Cristo, para que, ao descer, possamos ser portadores dessa mesma luz ao mundo.


EXPLICAÇÃO

A frase "Este é o meu Filho amado; escutai-o!" (Marcos 9:7) é uma declaração teologicamente rica e central ao entendimento cristológico e soteriológico da fé cristã. Aqui está uma explicação teologicamente profunda dessa frase:


A Revelação da Identidade Divina de Jesus


No contexto da Transfiguração, esta declaração do Pai celeste é um momento de revelação divina que afirma a identidade única de Jesus como o Filho de Deus. A expressão "meu Filho amado" ecoa as palavras do Pai no batismo de Jesus (Marcos 1:11), confirmando a filiação divina de Jesus e sua missão messiânica. A teologia cristã vê nesta frase uma afirmação clara da divindade de Jesus, que é consubstancial com o Pai, um elemento central da doutrina da Trindade.


A Amada Filiação e a Missão de Jesus


A palavra "amado" sublinha a relação íntima e especial entre o Pai e o Filho. No contexto bíblico, o amor do Pai pelo Filho não é apenas um afeto sentimental, mas uma confirmação do agrado e da aprovação divina. Este amor indica que Jesus é o portador da vontade do Pai e que sua missão na terra é uma expressão do amor divino pela humanidade. Teologicamente, isso nos lembra que a obra redentora de Jesus é enraizada no amor eterno de Deus.


O Chamado à Obediência


A instrução "escutai-o!" é um imperativo que chama à obediência e à atenção à palavra de Jesus. Na teologia bíblica, ouvir não é apenas um ato passivo, mas implica uma resposta ativa de obediência e seguimento. Este chamado remete à Shemá de Deuteronômio 6:4-5, onde Israel é chamado a ouvir e amar a Deus com todo o coração. Jesus, como o Filho amado, é o novo mediador da aliança, e sua palavra é a revelação definitiva da vontade de Deus. A teologia cristã entende que escutar Jesus é escutar Deus, pois ele é a Palavra encarnada.


A Continuidade e o Cumprimento das Escrituras


O evento da Transfiguração, com a presença de Moisés e Elias, representa a Lei e os Profetas, apontando para a continuidade e o cumprimento das Escrituras em Jesus. A voz do Pai confirma que Jesus é o cumprimento de todas as promessas divinas. Ele é aquele a quem toda a Escritura aponta, e sua palavra é a interpretação definitiva da Lei e dos Profetas. Teologicamente, isso enfatiza a unidade das Escrituras e a centralidade de Cristo na história da salvação.


A Autoridade de Jesus


Ao declarar "escutai-o!", o Pai está conferindo a Jesus autoridade suprema. Ele é a voz de Deus no mundo, e suas palavras são espírito e vida (João 6:63). Esta autoridade não é meramente humana, mas divina, e implica que a revelação de Jesus é superior e definitiva. Na teologia cristã, isso reforça a crença na inerrância e na autoridade das palavras de Jesus como fundamento da fé e da prática cristã.


A Implicação para os Discípulos


Para os discípulos, esta declaração é um chamado a reconhecer a verdadeira identidade de Jesus e a seguir sua orientação. É um convite a entrar numa relação mais profunda com ele, baseada na fé e na obediência. Teologicamente, isso reflete a dinâmica do discipulado cristão, que é uma resposta ao chamado divino para viver segundo os ensinamentos de Jesus e ser transformado por sua graça.


Conclusão


"Este é o meu Filho amado; escutai-o!" é uma afirmação teologicamente rica que revela a identidade divina de Jesus, confirma sua missão messiânica, e chama os crentes à obediência e ao seguimento. É uma declaração que une o amor eterno de Deus, a continuidade das Escrituras, e a autoridade suprema de Cristo, servindo como um fundamento para a fé e a vida cristã.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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