quinta-feira, 22 de agosto de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho de João 6:60-69 - 25.08.2024

 Liturgia Diária


25 – DOMINGO 

21º DO TEMPO COMUM


(verde, glória, creio – 1ª semana do saltério)

Evangelho de João 6:60-69

Senhor, Tu tens as palavras de vida eterna. Quem poderá nos dar o que o espírito vivifica? Confiamos em Ti, pois és o Santo de Deus. A quem iremos, senão a Ti? Na Tua palavra encontramos o caminho e a verdade.


João 6:60-69


60 Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o, disseram: “Essa palavra é dura. Quem pode escutá-la?”  

61 Jesus, sabendo interiormente que seus discípulos estavam murmurando por causa disso, perguntou-lhes: “Isso vos escandaliza?  

62 E quando virdes o Filho do Homem subir para onde estava antes?  

63 O espírito é que dá vida, a carne não serve de nada. As palavras que vos disse são espírito e vida.  

64 Mas entre vós há alguns que não creem”. Pois Jesus sabia desde o princípio quem eram os que não criam e quem o iria trair.  

65 E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim, se não lhe for concedido pelo Pai”.  

66 A partir de então, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele.  

67 Jesus perguntou aos Doze: “Vós também quereis ir embora?”  

68 Simão Pedro respondeu-lhe: “Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna.  

69 Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.


Reflexão:

"Senhor, a quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna." (João 6:68)


A busca pela plenitude exige coragem para abraçar a verdade que transcende as limitações humanas. Jesus oferece uma realidade que é, ao mesmo tempo, difícil de aceitar e profundamente libertadora. A transformação interior que Ele propõe é radical, implicando numa entrega que transcende o mundo material. Ao enfrentar a dificuldade de suas palavras, somos convidados a uma abertura maior para o mistério da vida divina. Aqueles que perseveram encontram, como Pedro, uma certeza firme: em Cristo está o caminho para a vida eterna, um convite a uma união mais profunda com o sagrado, onde toda existência se encontra redimida e renovada.


HOMILIA

Caminho da Transformação Interior


No Evangelho de João 6:60-69, somos confrontados com a tensão entre a materialidade e a espiritualidade, o que muitas vezes desafia nossa compreensão e fé. Jesus pronuncia palavras que parecem duras aos ouvidos de muitos, revelando verdades espirituais que vão além das limitações humanas. A reação dos discípulos é um reflexo de nosso próprio dilema: aceitar ou resistir à profundidade do chamado divino?

Quando Jesus afirma que "o espírito é que vivifica; a carne para nada serve", ele não está menosprezando o mundo material, mas redirecionando nossa atenção para a dimensão mais profunda da existência. A vida verdadeira, a vida eterna, não é encontrada nas realidades visíveis e tangíveis, mas na Palavra de Deus, que é espírito e vida.

Muitos dos discípulos que não conseguem compreender essa revelação decidem voltar atrás. O desafio aqui é entender que o seguimento de Cristo requer um salto para além do que é familiar. Há uma dimensão do ser que só se revela a quem está disposto a transcender o imediatismo do corpo e entrar no mistério da vida divina. Aqueles que permanecem, como Pedro, reconhecem que não há outra alternativa que preencha o vazio existencial além de Jesus. "Senhor, a quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna." Esta confissão é um eco da alma que, tendo experimentado a revelação, não pode mais retroceder para a superfície da vida.

A proposta de Cristo é clara: Ele nos chama a uma transformação radical, onde não mais vivemos segundo o limitado, mas segundo o espírito. Esta escolha pode parecer incompreensível à primeira vista, mas é nela que encontramos a verdadeira vida. Na busca por esse Verbo encarnado, somos levados a uma evolução espiritual, onde nosso ser se eleva em comunhão com o mistério do Cristo. Assim, a pergunta de Jesus ressoa ainda hoje: "Vós também quereis ir embora?" 

É um convite a decidir, dia após dia, pelo caminho da fé, pela adesão à Palavra que transforma e dá vida.


EXPLICAÇÂO TEOLÓGICA

Explicação Teológica da Frase: "Senhor, a quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna." (João 6:68)


A Profunda Interrogação da Existência

A frase "Senhor, a quem iremos?" pronunciada por Pedro no Evangelho de João 6:68, expressa uma interrogação existencial que ressoa no coração de todo ser humano. Pedro fala em nome dos discípulos e, em um sentido mais amplo, em nome de toda a humanidade. Esta pergunta revela a busca incessante pelo significado último da vida. Quando as propostas do mundo falham em saciar as aspirações mais profundas da alma, o ser humano se depara com essa mesma pergunta: "A quem iremos?"


Aqui, Pedro verbaliza uma consciência espiritual: não há alternativa verdadeira fora de Cristo. Todas as outras respostas oferecidas pelas filosofias, culturas ou religiões que não têm sua fonte no Verbo encarnado permanecem incompletas. Esta frase contém uma implicação teológica de que a humanidade não pode se autossustentar espiritualmente sem a intervenção de Deus. Sem uma fonte transcendente, a existência se fragmenta.


O Verbo de Vida: A Palavra que Vivifica

"Tu tens as palavras de vida eterna" é a proclamação central da fé cristã, que reconhece em Cristo o Logos divino. A Palavra de Deus não é meramente uma coleção de ensinamentos ou preceitos éticos, mas é a manifestação da própria vida divina, dada ao homem. João começa seu evangelho identificando Jesus com o Logos: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (João 1:1). Assim, as palavras de Cristo não são simples discursos, mas são portadoras da plenitude da vida divina, o meio pelo qual a humanidade pode ser vivificada.


Teologicamente, isso se relaciona ao conceito de revelação. Em Cristo, a Palavra eterna de Deus assume carne, e em Suas palavras está o poder de comunicar a vida divina, que ultrapassa as limitações da temporalidade e da morte. Este "Verbo de Vida" é a fonte da regeneração espiritual e da transformação do ser humano, chamando-o a participar da vida divina.


Vida Eterna: A Nova Existência em Deus

O conceito de "vida eterna" não se refere apenas à continuidade da existência após a morte, mas à qualidade da vida que é recebida em união com Deus. No pensamento bíblico, a vida eterna é a participação plena na comunhão com Deus, que começa no tempo presente e se consuma na eternidade. Cristo, como a Palavra de vida eterna, é aquele que oferece essa nova forma de vida, uma vida caracterizada pela graça, pela liberdade espiritual, e pela comunhão com o próprio Deus.


Essa vida não é um simples prolongamento da vida biológica; ela é a vida que emerge da união com o Espírito Santo, que transforma a existência humana. A vida eterna é, portanto, a introdução do ser humano na plenitude da vida trinitária, onde o homem, redimido pelo sacrifício de Cristo, é chamado a participar do amor que eternamente une o Pai, o Filho e o Espírito Santo.


A Dependência Radical em Cristo

Ao pronunciar essa frase, Pedro reconhece a dependência total da humanidade em Cristo. O homem não pode salvar a si mesmo nem encontrar a plenitude da vida por seus próprios esforços ou méritos. A declaração "Senhor, a quem iremos?" implica a consciência de que todas as outras "palavras" ou ensinamentos que não vêm de Cristo falham em proporcionar a vida verdadeira. Há aqui um movimento teológico que aponta para a insuficiência das realidades criadas e a necessidade de um Redentor.


Esta dependência radical em Cristo sublinha a teologia da graça. O ser humano não é o autor de sua própria salvação; ele é chamado a receber a graça divina que vem exclusivamente de Cristo. Como o portador da Palavra de Vida Eterna, Jesus se apresenta como a fonte única da verdadeira redenção e realização do ser humano.


A Resposta de Fé e a Adesão ao Verbo

A resposta de Pedro também é um testemunho de fé. Ele, assim como os outros discípulos, escolhe permanecer com Cristo apesar das dificuldades e da aparente incompreensibilidade de Suas palavras. Esta é uma resposta à revelação que Cristo oferece. A fé não é meramente um assentimento intelectual, mas uma adesão total do coração e da mente à pessoa de Jesus, o Verbo encarnado. Pedro reconhece que a Palavra de Jesus não é apenas instrução, mas a própria manifestação do Deus vivo que, ao ser aceita, concede vida.


Conclusão: Cristo, a Única Fonte de Vida

Em resumo, a frase "Senhor, a quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna" é uma expressão de reconhecimento profundo da singularidade de Cristo como o único caminho para a verdadeira vida. Não há outro meio de alcançar a plenitude da existência humana senão através da Palavra viva que é Cristo. O cristianismo, assim, se fundamenta nesta dependência radical do Verbo divino, e na convicção de que em Jesus está contida a promessa da vida eterna, a comunhão plena com o Deus Trino.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Mensagens de Fé

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