Liturgia Diária
15 – QUINTA-FEIRA
19ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Evangelho: Mateus 18:21-19:1
"Setenta vezes sete é o chamado ao perdão infinito, que nasce do coração compassivo do Pai. Quem perdoa, experimenta a misericórdia divina e caminha na luz do amor verdadeiro, superando as barreiras da ofensa e abraçando a paz eterna."
Mateus 18:21-19:1
18:21 Então Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: "Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?"
18:22 Jesus lhe respondeu: "Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete."
18:23 Por isso, o Reino dos Céus é comparado a um rei que quis acertar contas com seus servos.
18:24 Quando começou a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos.
18:25 Como ele não podia pagar, o senhor ordenou que ele, sua esposa, seus filhos e tudo o que ele tinha fossem vendidos para pagar a dívida.
18:26 Então, o servo se prostrou diante dele, dizendo: 'Senhor, tenha paciência comigo, e eu te pagarei tudo.'
18:27 O senhor daquele servo, movido de compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.
18:28 Mas, quando aquele servo saiu, encontrou um de seus conservos que lhe devia cem denários. Agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: 'Pague-me o que me deve!'
18:29 O conservo se prostrou, suplicando: 'Tenha paciência comigo, e eu te pagarei.'
18:30 Mas ele não quis; antes, foi e lançou-o na prisão, até que pagasse a dívida.
18:31 Quando os outros servos viram o que havia acontecido, ficaram muito tristes e foram contar ao senhor o que havia acontecido.
18:32 Então o senhor chamou o servo e disse: 'Servo malvado, eu te perdoei toda aquela dívida porque me pediste.
18:33 Não devias tu também ter compaixão de teu conservo, assim como eu tive misericórdia de ti?'
18:34 Indignado, o senhor entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que lhe devia.
18:35 Assim também meu Pai celestial vos fará, se do coração não perdoardes cada um a seu irmão."
19:1 Tendo acabado de proferir essas palavras, Jesus partiu da Galileia e foi para os confins da Judeia, além do Jordão.
Reflexão
"Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete." (Mateus 18:22)
O perdão, na visão cristã, vai além de um mero ato de bondade; ele é uma exigência de justiça divina. Ao perdoar setenta vezes sete, Jesus convida à superação de todas as barreiras do ressentimento, instaurando uma dinâmica de amor que reflete o próprio ser de Deus. O servo perdoado, mas incapaz de perdoar, exemplifica o perigo de não vivermos em coerência com a misericórdia recebida. O verdadeiro perdão não conhece limites, pois ele é a expressão mais profunda da comunhão com o Pai, que nos perdoa infinitamente.
HOMILIA
O Mistério do Perdão Infinito
O Evangelho de Mateus 18,21-19,1 nos confronta com uma das exigências mais profundas da vida cristã: o perdão incondicional. Quando Pedro pergunta a Jesus quantas vezes deve perdoar seu irmão, ele sugere sete vezes como um número suficiente. No entanto, Jesus responde com uma matemática divina que ultrapassa os limites humanos: "Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete" (Mateus 18:22). Este ensinamento revela a natureza do perdão como um ato que não pode ser medido ou limitado; ele deve ser infinito, assim como o amor de Deus.
Perdoar não é apenas um dever moral; é um processo de transformação interior. A cada ato de perdão, rompemos as correntes do ressentimento e permitimos que a graça de Deus flua através de nós. No entanto, este não é um caminho fácil. Requer uma disposição profunda para abrir mão do ego, das feridas, e das expectativas. Exige que nos coloquemos em um espaço onde reconhecemos nossa própria fragilidade e, ao fazê-lo, aceitamos a fragilidade dos outros.
No coração do perdão está o reconhecimento da unidade de toda a criação. Quando perdoamos, participamos do ato criativo de Deus, que está sempre chamando todas as coisas à reconciliação e à plenitude. O perdão, então, não é apenas um ato isolado, mas um movimento cósmico em direção à integração e à comunhão universal. Cada vez que perdoamos, colaboramos com o plano divino de unificar todas as coisas em Cristo.
Assim, o perdão se torna um caminho de santificação, um convite a participar do amor divino que abraça todas as ofensas e as redime. Ao viver o perdão como uma prática contínua, somos transformados à imagem daquele que é a encarnação do perdão, e nos aproximamos mais do mistério do Reino dos Céus.
EXPLICAÇÃO
"Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete." (Mateus 18:22)
O trecho de Mateus 18,21-19,1 é uma das passagens mais desafiadoras e ricas do Evangelho, pois nos confronta com a dimensão divina do perdão e da reconciliação. Nesta passagem, Pedro pergunta a Jesus quantas vezes deve perdoar seu irmão que pecar contra ele, sugerindo "até sete vezes." A resposta de Jesus, "até setenta vezes sete," subverte a compreensão humana do perdão, indicando que o perdão deve ser ilimitado, assim como é o amor de Deus.
Perdão Infinito como Reflexo da Graça Divina
O perdão, no entendimento teológico, é um reflexo direto da graça divina. A cifra "setenta vezes sete" não deve ser interpretada de forma literal, mas sim como um símbolo da infinitude do perdão que somos chamados a oferecer. Essa infinidade remete ao amor incondicional de Deus, que perdoa repetidamente, independentemente do número de vezes que caímos. Na teologia cristã, o perdão é um ato de imitação divina; ao perdoar, participamos da natureza de Deus, que é amor e misericórdia.
O Perdão como Ato de Libertação
Teologicamente, o perdão não é apenas um benefício para quem é perdoado, mas também para quem perdoa. É um ato de libertação tanto do ofensor quanto do ofendido. Quando uma pessoa perdoa, ela se liberta do peso do ressentimento, da amargura e do desejo de vingança. Este ato de libertação é uma antecipação escatológica do Reino de Deus, onde todas as divisões e ofensas serão reconciliadas.
A Unidade da Comunidade Cristã
Além disso, o perdão tem uma dimensão eclesiológica. A Igreja, como o Corpo de Cristo, é chamada a ser um lugar de reconciliação. O perdão entre os membros da comunidade é essencial para a unidade da Igreja. Na visão de Cristo, a Igreja é chamada a refletir o amor reconciliador de Deus em todas as suas relações. Portanto, o perdão repetido e ilimitado é um elemento vital para manter a integridade e a comunhão no Corpo de Cristo.
O Perdão e a Justiça Divina
Por fim, é importante reconhecer que o perdão não anula a justiça, mas a transcende. Na teologia cristã, a justiça de Deus é realizada plenamente na cruz, onde Jesus perdoa os pecados da humanidade. No entanto, essa justiça divina não busca a retribuição, mas a restauração. O perdão, portanto, não ignora a ofensa, mas a transforma, possibilitando a reconciliação e a redenção.
Conclusão
Em resumo, Mateus 18,21-19,1 nos convida a entrar no mistério do perdão divino, que é ilimitado, libertador e essencial para a unidade do Corpo de Cristo. Perdoar, segundo o ensinamento de Jesus, é participar do movimento redentor de Deus na história, que busca reconciliar todas as coisas em Cristo. É um chamado a viver de maneira profundamente contrária à lógica do mundo, enraizados na lógica da graça, que é sempre maior, mais abundante e mais transformadora do que podemos imaginar.
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