Solenidade de todos os Santos – Domingo 03/11/13
Evangelho (Mt 5,1-12a)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo † segundo
Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1vendo Jesus as
multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, 2e Jesus começou a ensiná-los:
3“Bem-aventurados
os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
4Bem-aventurados
os aflitos, porque serão consolados.
5Bem-aventurados
os mansos, porque possuirão a terra.
6Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
7Bem-aventurados
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
8Bem-aventurados
os puros de coração, porque verão a Deus.
9Bem-aventurados
os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
10Bem-aventurados
os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!
11Bem-aventurados
sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo
de mal contra vós, por causa de mim. 12aAlegrai-vos e exultai, porque será grande
a vossa recompensa nos céus”
REFLEXÃO
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
JESUS VIU
AQUELAS MULTIDÕES Mt 5,1-12ª
HOMILIA
Segundo o
Antigo Testamento, a Moisés, na montanha, foi atribuída a Lei, a qual, usada
como instrumento de favorecimento das elites religiosas e econômicas, se tornou
extremamente opressora e excludente do povo. Os trabalhadores empobrecidos, em
condições precárias de vida, não tinham como observar os inúmeros preceitos da
Lei, sendo considerados "pecadores", e ficavam em débito com os
códigos de purificação a serem cumpridos no Templo de Jerusalém, mediante
ofertas e sacrifícios. Por outro lado, as elites religiosas e econômicas
vinculadas ao Templo e às sinagogas, cumprindo esses códigos, julgavam-se
"puras", "justas" e "santas". Agora, na montanha,
Jesus proclama as bem-aventuranças como o caminho da libertação e do amor, para
ser o fermento da transformação do mundo.
As
bem-aventuranças não têm o mesmo caráter que os mandamentos. Elas são um
convite e uma proposta de vida nova, na prática da justiça que conduz à paz.
Priorizando o direito à vida plena, conforme a vontade do Pai, Jesus empenha-se
em remover as cadeias da lei injusta e opressora. Realiza-se o anúncio de Maria
em seu cântico por ocasião da visita a sua prima Isabel, ambas grávidas:
"[Deus] agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração
orgulhoso. Depôs os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Cumulou de
bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias" (Lc 1,51-53).
Lucas, no
seu evangelho, apresenta quatro bem-aventuranças para os pobres em contraste
com as quatro lamentações sobre os ricos (Lc 6,20-26). A esperteza, a ambição
da riqueza, a sede de poder na acumulação de bens, que são a
"sabedoria" deste mundo, representam na realidade loucura e perdição
diante de Deus; por sua vez, os pobres que se reúnem fraternalmente nas
comunidades dos discípulos de Jesus, encontram a vida em abundância, em
comunhão com Deus. Os pobres descobrem seu espaço nas novas comunidades onde se
vive a partilha. Os que choram passam a sorrir no novo convívio fraterno. Os
mansos cativam os corações aproximando-os entre si. Os que têm fome e sede de
justiça clamam e questionam a sociedade opressora, exploradora e excludente,
empenhando-se na construção de uma nova sociedade, justa e fraterna. Os
misericordiosos, cheios de compaixão, libertam aqueles que têm a consciência
carregada de culpabilidade, moldada sob a ideologia do sistema opressor. Os de
coração puro são sensíveis a tudo o que há de bom e digno nos irmãos,
valorizando cada um, sem nenhuma discriminação. Os pacíficos se comprometem na
construção de um mundo livre da ambição e da violência daqueles que, seduzidos
pela acumulação de riquezas, fazem a guerra e tiram o alimento dos pobres para
transformá-lo em armas de destruição maciça.
A prática
libertadora do amor subverte a ordem dos ricos poderosos e violentos. Quem
assume essa prática fica sob a ameaça da perseguição e da difamação. E muitos
foram os que tiveram a vida imolada por sua solidariedade com os empobrecidos,
humilhados e explorados. Porém, a alegria de unir sua vida com a vida de todos,
em comunhão com o Pai, é eterna.
Pai,
move-me pelo Espírito a trilhar o caminho da santidade, colocando minha vida em
tuas mãos e buscando viver as bem-aventuranças proclamadas por teu Filho Jesus.
Fonte
Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
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