segunda-feira, 4 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 14,15-24 - 05.11.2013 - Deus nos convida a participar de sua própria vida.

31º Semana Comum – Terça-feira 05/11/13

Evangelho (Lc 14,15-24)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 15um homem que estava à mesa disse a Jesus: “Feliz aquele que come o pão no Reino de Deus!” 16Jesus respondeu: “Um homem deu um grande banquete e convidou muitas pessoas. 17Na hora do banquete, mandou seu empregado dizer aos convidados: ‘Vinde, pois tudo está pronto’.
18Mas todos, um a um, começaram a dar desculpas. O primeiro disse: ‘Comprei um campo, e preciso ir vê-lo. Peço-te que aceites minhas desculpas’. 19Um outro disse: ‘Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-las. Peço-te que aceites minhas desculpas’. 20Um terceiro disse: ‘Acabo de me casar e, por isso, não posso ir’.
21O empregado voltou e contou tudo ao patrão. Então o dono da casa ficou muito zangado e disse ao empregado: ‘Sai depressa pelas praças e ruas da cidade. Traze para cá os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos’.
22O empregado disse: ‘Senhor, o que tu mandaste fazer foi feito, e ainda há lugar’. 23O patrão disse ao empregado: ‘Sai pelas estradas e atalhos, e obriga as pessoas a virem aqui, para que minha casa fique cheia’. 24Pois eu vos digo: nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.



REFLEXÃO
Deus nos convida a participar de sua própria vida.

Tudo acontece durante uma refeição na casa de um dos chefes dos fariseus. A parábola que Jesus conta é motivada pela exclamação de um dos convivas: “Feliz de quem come o pão no Reino de Deus!” (v. 15). Em primeiro lugar o banquete, símbolo do Reino de Deus, é oferecido, é dado; em segundo lugar, as pessoas são convidadas para o banquete; aos convidados cabe aceitarem ou não o convite. O servo que repetidas vezes sai para chamar os convidados é a imagem dos servos de Deus que, em todos os tempos, por mandato do Senhor, chamam as pessoas a participar da sua própria vida e gozar de sua intimidade. Os que se recusam a participar do banquete são a imagem da resistência em entrar no dinamismo do mistério salvífico de Deus e, em última instância, da rejeição daquele que, assumindo a nossa humanidade, abriu-nos as portas da sala do banquete, em que ele mesmo se oferece como alimento.
Carlos Albero Contieri, sj



HOMILIA
QUEM SÃO OS CONVIDADOS AO BANQUETE? Lc 14,15-24


Estamos diante de um texto que nos relata o convite ao grande banquete que prefigura àquele do qual um dia participaremos eternamente. Dentre os vários aspectos que se podem destacar estão os servos enviados pelo dono da casa, os convidados ao banquete e por último às conseqüências do aceitar ou não.
De duas formas foram enviados os servos. Primeiro um convite, e logo um segundo, para estar seguros da presença do convidado. Evidentemente os servos eram os profetas. Temos as palavras de Isaías (41,8) em que vemos que todo o povo de Israel era considerado como servo: Mas tu Israel, servo meu, tu Jacó a quem escolhi, descendente de Abraão, meu amigo. Porém como enviados, não como acolhidos ou escolhidos, os verdadeiros servos são os profetas segundo Jeremias 7, 25: Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito até hoje, enviei-vos todos os meus servos, os profetas, todos os dias, começando de madrugada, eu os enviei.
As duas levas respondem aos profetas do AT de modo especial ao de João, o Batista, que começou declarando o Reino está à vista (Mt 3,2) enviado como mensageiro segundo Marcos (1, 2). Como segunda leva temos o próprio Jesus e seus apóstolos a quem Jesus enviou em missão (Mt 10, 1; Mc 3, 13 e Lc 9, 2). Tanto num caso como noutro os convivas não aceitaram o banquete.
Os convivas eram o povo judeu, representado pelos seus dirigentes. Deduzimos isto pelo próprio comentário de Jesus sobre a conduta dos fariseus e escribas: Não entrais nem deixais entrar os que querem fazê-lo (Mt 23, 13). Os fatos, ajustando-nos ao tempo histórico de Jesus, dão a razão ao desenvolvimento da parábola: João, o primeiro arauto do Reino, foi decapitado pelo tetrarca da Galiléia e os chefes dos sacerdotes e os anciãos não reconheceram sua função profética (Mt 21, 27 e 32). O próprio Jesus, em cuja pessoa radicava o Reino, foi rejeitado e morto por instigação dos dirigentes, o Grande Sinédrio (Mt 29, 16-19). Os discípulos também foram perseguidos, como Estevão e Santiago o Maior e até Pedro que se livrou de modo especial da morte.
Ao saber o Rei como foram tratados os seus servos, montou em cólera e enviando os soldados para destruírem aqueles homicidas e queimarem a sua cidade. Jesus descreve o castigo brutal que era devido a uma cidade rebelde segundo os costumes da época. Os homens eram mortos ou escravizados. A cidade era entregue às chamas. Evidentemente é o que aconteceu com Jerusalém diante da qual Jesus chorou exclamando: Deitarão por terra a ti e a teus filhos no meio de ti, e não deixarás de ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste o tempo em que foste visitada (Lc 18, 44). E o mesmo acontecerá contigo se não aceitares o convite à conversão.
Há duas partes na parábola que devemos distinguir e diferenciar para entendê-la melhor: a primeira é sobre a rejeição dos judeus, especialmente de seus dirigentes, que ainda perdura, como referência atual de que as palavras de Jesus têm força total: Nenhum dos convivas provará meu jantar(Lc 13, 24).
No reino haverá sempre pessoas indignas, a mistura do joio com o trigo do capítulo 13 de Mateus. Nem todos terão a veste limpa que era exigida nas bodas, que significa que a bondade deve ser a marca dos convivas novos, como também é a marca de Deus. Pois essa bondade divina nos atinge não só como um exemplo a imitar, mas também como um mandato a cumprir. Por isso dirá Jesus: sede misericordiosos como vosso pai é misericordioso (Lc 6, 36).
Talvez a melhor explicação sobre a veste nupcial seja a dada por Paulo em 1 Cor 6, 9 sobre os herdeiros do reino, aqueles que entraram, mas não podem permanecer no mesmo: Nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os pederastas, nem os ladrões, nem os gananciosos, nem os beberrões, nem os caluniadores, nem os rapaces herdarão o reino de Deus.
Outra passagem que não podemos esquecer é a que vimos anteriormente sobre os eleitos do Cordeiro. O amor está como motor último dessas virtudes que alguns chamam passivas, mas que exigem uma fortaleza inusitada. Com elas imitamos a Deus rico em misericórdia (Ef 2, 4) e o Verbo que sendo rico se despojou da glória de sua divindade mostrando a humilde condição humana e humilhou-se tornando-se obediente até a morte e morte de cruz (Fp 2, 6-8).

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

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