31º Semana Comum – Terça-feira 05/11/13
Evangelho (Lc 14,15-24)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 15um homem que estava à mesa disse a Jesus:
“Feliz aquele que come o pão no Reino de Deus!” 16Jesus respondeu: “Um homem
deu um grande banquete e convidou muitas pessoas. 17Na hora do banquete, mandou
seu empregado dizer aos convidados: ‘Vinde, pois tudo está pronto’.
18Mas todos, um a um, começaram a dar desculpas. O primeiro
disse: ‘Comprei um campo, e preciso ir vê-lo. Peço-te que aceites minhas
desculpas’. 19Um outro disse: ‘Comprei cinco juntas de bois, e vou
experimentá-las. Peço-te que aceites minhas desculpas’. 20Um terceiro disse:
‘Acabo de me casar e, por isso, não posso ir’.
21O empregado voltou e contou tudo ao patrão. Então o dono
da casa ficou muito zangado e disse ao empregado: ‘Sai depressa pelas praças e
ruas da cidade. Traze para cá os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos’.
22O empregado disse: ‘Senhor, o que tu mandaste fazer foi
feito, e ainda há lugar’. 23O patrão disse ao empregado: ‘Sai pelas estradas e
atalhos, e obriga as pessoas a virem aqui, para que minha casa fique cheia’.
24Pois eu vos digo: nenhum daqueles que foram convidados provará do meu
banquete”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
REFLEXÃO
Deus nos convida a
participar de sua própria vida.
Tudo acontece durante uma refeição na casa de um dos chefes
dos fariseus. A parábola que Jesus conta é motivada pela exclamação de um dos
convivas: “Feliz de quem come o pão no Reino de Deus!” (v. 15). Em primeiro
lugar o banquete, símbolo do Reino de Deus, é oferecido, é dado; em segundo
lugar, as pessoas são convidadas para o banquete; aos convidados cabe aceitarem
ou não o convite. O servo que repetidas vezes sai para chamar os convidados é a
imagem dos servos de Deus que, em todos os tempos, por mandato do Senhor,
chamam as pessoas a participar da sua própria vida e gozar de sua intimidade.
Os que se recusam a participar do banquete são a imagem da resistência em
entrar no dinamismo do mistério salvífico de Deus e, em última instância, da
rejeição daquele que, assumindo a nossa humanidade, abriu-nos as portas da sala
do banquete, em que ele mesmo se oferece como alimento.
Carlos Albero Contieri, sj
HOMILIA
QUEM SÃO OS
CONVIDADOS AO BANQUETE? Lc 14,15-24
Estamos diante de um texto que nos relata o convite ao
grande banquete que prefigura àquele do qual um dia participaremos eternamente.
Dentre os vários aspectos que se podem destacar estão os servos enviados pelo
dono da casa, os convidados ao banquete e por último às conseqüências do
aceitar ou não.
De duas formas foram enviados os servos. Primeiro um convite,
e logo um segundo, para estar seguros da presença do convidado. Evidentemente
os servos eram os profetas. Temos as palavras de Isaías (41,8) em que vemos que
todo o povo de Israel era considerado como servo: Mas tu Israel, servo meu, tu
Jacó a quem escolhi, descendente de Abraão, meu amigo. Porém como enviados, não
como acolhidos ou escolhidos, os verdadeiros servos são os profetas segundo
Jeremias 7, 25: Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito até
hoje, enviei-vos todos os meus servos, os profetas, todos os dias, começando de
madrugada, eu os enviei.
As duas levas respondem aos profetas do AT de modo especial
ao de João, o Batista, que começou declarando o Reino está à vista (Mt 3,2)
enviado como mensageiro segundo Marcos (1, 2). Como segunda leva temos o
próprio Jesus e seus apóstolos a quem Jesus enviou em missão (Mt 10, 1; Mc 3,
13 e Lc 9, 2). Tanto num caso como noutro os convivas não aceitaram o banquete.
Os convivas eram o povo judeu, representado pelos seus
dirigentes. Deduzimos isto pelo próprio comentário de Jesus sobre a conduta dos
fariseus e escribas: Não entrais nem deixais entrar os que querem fazê-lo (Mt
23, 13). Os fatos, ajustando-nos ao tempo histórico de Jesus, dão a razão ao
desenvolvimento da parábola: João, o primeiro arauto do Reino, foi decapitado
pelo tetrarca da Galiléia e os chefes dos sacerdotes e os anciãos não
reconheceram sua função profética (Mt 21, 27 e 32). O próprio Jesus, em cuja
pessoa radicava o Reino, foi rejeitado e morto por instigação dos dirigentes, o
Grande Sinédrio (Mt 29, 16-19). Os discípulos também foram perseguidos, como
Estevão e Santiago o Maior e até Pedro que se livrou de modo especial da morte.
Ao saber o Rei como foram tratados os seus servos, montou em
cólera e enviando os soldados para destruírem aqueles homicidas e queimarem a
sua cidade. Jesus descreve o castigo brutal que era devido a uma cidade rebelde
segundo os costumes da época. Os homens eram mortos ou escravizados. A cidade
era entregue às chamas. Evidentemente é o que aconteceu com Jerusalém diante da
qual Jesus chorou exclamando: Deitarão por terra a ti e a teus filhos no meio
de ti, e não deixarás de ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste o tempo
em que foste visitada (Lc 18, 44). E o mesmo acontecerá contigo se não aceitares
o convite à conversão.
Há duas partes na parábola que devemos distinguir e
diferenciar para entendê-la melhor: a primeira é sobre a rejeição dos judeus,
especialmente de seus dirigentes, que ainda perdura, como referência atual de
que as palavras de Jesus têm força total: Nenhum dos convivas provará meu
jantar(Lc 13, 24).
No reino haverá sempre pessoas indignas, a mistura do joio
com o trigo do capítulo 13 de Mateus. Nem todos terão a veste limpa que era
exigida nas bodas, que significa que a bondade deve ser a marca dos convivas
novos, como também é a marca de Deus. Pois essa bondade divina nos atinge não
só como um exemplo a imitar, mas também como um mandato a cumprir. Por isso
dirá Jesus: sede misericordiosos como vosso pai é misericordioso (Lc 6, 36).
Talvez a melhor explicação sobre a veste nupcial seja a dada
por Paulo em 1 Cor 6, 9 sobre os herdeiros do reino, aqueles que entraram, mas
não podem permanecer no mesmo: Nem os devassos, nem os idólatras, nem os
adúlteros, nem os efeminados, nem os pederastas, nem os ladrões, nem os
gananciosos, nem os beberrões, nem os caluniadores, nem os rapaces herdarão o
reino de Deus.
Outra passagem que não podemos esquecer é a que vimos
anteriormente sobre os eleitos do Cordeiro. O amor está como motor último
dessas virtudes que alguns chamam passivas, mas que exigem uma fortaleza
inusitada. Com elas imitamos a Deus rico em misericórdia (Ef 2, 4) e o Verbo
que sendo rico se despojou da glória de sua divindade mostrando a humilde
condição humana e humilhou-se tornando-se obediente até a morte e morte de cruz
(Fp 2, 6-8).
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
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