Roxo. Comemoração de todos os Fiéis Defuntos, Solenidade
Evangelho - Mt 5,1-12a
Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa
nos céus.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
5,1-12a
Naquele tempo:
1Vendo Jesus as multidões,
subiu ao monte e sentou-se.
Os discípulos aproximaram-se,
2e Jesus começou a ensiná-los:
3"Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o Reino dos Céus.
4Bem-aventurados os aflitos,
porque serão consolados.
5Bem-aventurados os mansos,
porque possuirão a terra.
6Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
7Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
8Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.
9Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.
10Bem-aventurados os que são perseguidos
por causa da justiça,
porque deles é o Reino dos Céus.
11Bem-aventurados sois vós,
quando vos injuriarem e perseguirem,
e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós,
por causa de mim.
12aAlegrai-vos e exultai,
porque será grande a vossa recompensa nos céus.
Palavra da Salvação.
REFLEXÃO
Intervenção
confiante.
O fundamento de nossa fé é a ressurreição de Jesus Cristo:
“Se temos esperança em Cristo somente para esta vida, somos os mais dignos de
compaixão de todos os homens. Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que
adormeceram” (1Cor 15,19-20).
Nosso texto do evangelho é parte do capítulo 11 do evangelho
segundo João, que podemos caracterizar como sendo uma catequese sobre a
ressurreição. Com a chegada de Jesus, Marta vai ao seu encontro, enquanto sua
irmã, Maria, permanece sentada. Marta se destaca do grupo, formado pela irmã e
pelos judeus, caracterizado pelo luto. Deixando o grupo para ir ao grupo do
Senhor, Marta se dissocia do luto e se coloca do lado do Senhor dos vivos.
Diante de Jesus, ela se coloca como uma mulher de fé que confia em Jesus:
“Senhor, se estivesses estado aqui… Mesmo assim, eu sei que o que pedires a
Deus, ele te concederá” (vv. 21.22).
A intervenção confiante de Marta é constituída de uma dupla
fórmula: a presença de Jesus teria livrado o seu irmão da morte e a presença de
Jesus permite reavivar toda a esperança. “Teu irmão ressuscitará” (v. 23), diz
Jesus. Diante disso, Marta afirma a sua adesão ao credo do judaísmo sobre a
ressurreição.
Mas ante a nova afirmação de Jesus: “Eu sou a ressurreição e
a vida”, ela supera a fé judaica na ressurreição, para professar: “Eu creio…”
(v. 27). É exatamente nisso que ela é cristã. O diálogo de Jesus com Marta é o
cume do capítulo 11. A profissão de Marta equivale à de Pedro, em Jo 6,69.
Carlos Alberto Contieri, sj
O SERMÃO DO MONTE Mt
5,1-12a
HOMILIA
O chamado “Sermão da Montanha”, discurso inaugural do
ministério público de Jesus, se estende até ao capítulo 7 do Evangelho de S.
Mateus. É o primeiro dos cinco discursos que o evangelista distribui
estrategicamente no seu livro. Neste domingo simplesmente ficamos nas
bem-aventuranças.
O Evangelho deste domingo nos traz o Sermão da Montanha.
Falar dele em poucas palavras é uma missão bem difícil para mim, já que eu olho
para ele e vejo uma grande lição em cada versículo. Sendo assim, peço desculpas
aos que preferem as reflexões mais curtas.
Sempre que o Sermão da Montanha é mostrado nos filmes, Jesus
está andando pelo meio da multidão e falando bem alto. Quando lemos no
Evangelho, descobrimos que não foi bem assim, como nos filmes. Na verdade,
Jesus olhou para a multidão, subiu o monte em silêncio, e sentou. Os discípulos
se aproximaram e sentaram perto d’Ele. Foi então que Jesus abriu a boca e
começou a ensinar-lhes. Então se os discípulos estavam perto, não tinha pra que
falar alto! Foi uma "aula particular" para os discípulos, e que deve
ter sido bem mais extensa do que as poucas linhas que ficaram registradas no
livro de Mateus. E é isso que nós iremos aprofundar a partir de agora...
"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é
o Reino dos Céus." Quem são os "pobres de Espírito"? E por que é
deles o Reino dos Céus? Se alguém lhe perguntasse "de quem é o Reino dos
Céus?" você responderia "dos pobres de espírito"? Não? Nem eu.
Por isso precisei pesquisar outras traduções e estudar sobre o assunto para entender
o que está escondido nesse versículo... Pobre em espírito é aquele que tem o
espírito vazio de si próprio, a ponto de reconhecer sua pequenez e pedir
humildemente que Deus ocupe esse vazio do seu espírito. Não importa se a pessoa
é rica ou pobre de dinheiro, pois não é impossível para o pobre ser arrogante,
nem para o rico ser humilde. O Reino dos Céus é destas pessoas porque são estas
que se permitem ser preenchidas, no seu vazio, pelo próprio Deus. São estas
pessoas que espalham as sementes do Reino dos Céus em forma de Amor.
"Bem-aventurados os aflitos, porque serão
consolados." Já começo aqui lembrando que só se aflige quem se importa,
quem se preocupa. Com que/quem você se importa? Quem está aflito de verdade,
chora. Como Jesus chorou no Getsêmani. Você já chorou de arrependimento pelos
seus erros? Pelas dificuldades que você teve (ou está tendo) que enfrentar?
Acredite: elas foram ou estão sendo necessárias. Se Deus as permitiu, existe
uma razão. Você pode até não entender hoje, mas confie em Deus: depois de uma
grande aflição, sempre vem uma grande recompensa.
"Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a
terra." O verdadeiro manso é aquele que, mesmo tendo a possibilidade e a
escolha de aniquilar aqueles que se opõem a ele, escolhe a paciência. No
entanto, o verdadeiro manso não é passivo e indiferente ao que é errado, mas
defende a Verdade mesmo que isso lhe custe a vida. Nesse mundo cruel em que
vivemos, o normal é que os mansos sejam "engolidos" pelos violentos.
Mas na lógica de Jesus, quem vai "herdar a terra", ou seja, quem vai
permanecer ao final de tudo, são os mansos. Por quê? Porque os violentos
matam-se uns aos outros.
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados." Aqui está implícito algo interessante: que neste
mundo a justiça é falha. Mas todos nós já ouvimos a expressão: "a justiça
divina tarda, mas não falha". Alguém lhe caluniou? Alguém lhe trapaceou?
Alguém lhe condenou e castigou injustamente? Não se preocupe: mais cedo ou mais
tarde, essa pessoa terá de acertar as contas com Deus. E, sem sombra de
dúvidas, irá colher o que plantou.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
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