Verde. 6ª-feira da 33ª Semana Tempo Comum
Sta. Cecília VgMt, memória
Evangelho - Lc 19,45-48
Fizestes da casa de Deus um antro de ladrões.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
19,45-48
Naquele tempo:
45Jesus entrou no Templo
e começou a expulsar os vendedores.
46E disse: 'Está escrito:
'Minha casa será casa de oração'.
No entanto, vós fizestes dela um antro de ladrões.'
47Jesus ensinava todos os dias no Templo.
Os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os notáveis do povo
procuravam modo de matá-lo.
48Mas não sabiam o que fazer,
porque o povo todo ficava fascinado
quando ouvia Jesus falar.
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 19,
45-48
Existem muitas pessoas que se vangloriam do fato de
participar ativamente da Igreja, possuir ministérios ou ter um cargo importante
na comunidade eclesial. Mas infelizmente, existem pessoas que usam do fato da
pertença na comunidade para substituir as relações de serviço por relações de
poder, para dominar, oprimir, buscar promoção pessoal e desvalorizar as outras
pessoas que fazem parte da comunidade. A religião para essas pessoas é uma
forma não de adorar ao Deus vivo e verdadeiro, mas sim de promover o culto a si
próprio e buscar a satisfação dos seus próprios interesses. A esses diz Jesus:
"sofrerão a mais rigorosa condenação".
JESUS NO TEMPLO Lc
19,45-48
HOMILIA
Naquele tempo a celebração da Páscoa acontecia anualmente no
templo em Jerusalém. Era uma das três festas anuais que exigiam o
comparecimento de todos os homens, sendo as outras a festa de Pentecostes e a
dos Tabernáculos. A festa da Páscoa comemorava a saída dos judeus da escravidão
no Egito (Êxodo 12:1-13) e começava aproximadamente no décimo quarto dia de
abril em nosso calendário, durando sete dias ao todo. A Páscoa propriamente era
celebrada no dia inicial, seguindo-se depois a festa dos Pães Ázimos.
Muitas
judeus com suas famílias viajavam do mundo inteiro para Jerusalém durante essas
festas. Assim, durante a Páscoa, a área do templo ficava sempre abarrotada com
milhares de visitantes além dos seus habitantes.
Todo israelita de vinte anos para cima tinha
que pagar anualmente na tesouraria sagrada do templo meio siclo como um
oferecimento ao Senhor (Êxodo 30:13-15), e isto com a tradicional e antiga
moeda hebraica deste valor exato. O povo também era obrigado a oferecer animais
como sacrifício pelos pecados. Muitos não podiam trazer consigo seus animais
porque vinham de longe, ou porque não dispunham de animais nas perfeitas
condições exigidas.
Havia,
portanto, grande procura de moedas de meio siclo assim como de animais próprios
para os sacrifícios e holocaustos na festa da Páscoa. Para facilitar o
comércio, os líderes religiosos permitiam que cambistas de moedas e
comerciantes montassem suas bancas e barracas na corte dos gentios no templo,
mediante um aluguel. Era lucrativo para os negociantes e rendoso para os
sacerdotes, à custa dos que vinham oferecer sacrifício. O templo de Deus estava
sendo usado de forma inadequada, e a perseguição do ganho material e o uso de
práticas gananciosas predominavam. A Casa de Deus tinha se tornado uma espécie
de bolsa de mercadorias ou feira livre.
O Senhor
indignou-se com isto e, tendo feito um chicote de cordas, expeliu todos do
templo com seus animais, espalhou o dinheiro dos cambistas e virou-lhes as
mesas, dizendo aos que vendiam as pombas “tirai daqui estas coisas: não façais
da casa do meu Pai casa de negócio”, pois estavam fazendo um escárnio da casa
de Deus. Ao término do seu ministério, aproximadamente três anos mais tarde
(Mateus 21:12-17; Marcos 11:12-19; Lucas 19:45-48), Ele repetiu esta “limpeza”,
pois o motivo de lucro daquela gente era mais forte que o desejo de conservar a
santidade do templo.
Deus
sempre preveniu seu povo contra o uso do culto a Ele para o seu próprio
enriquecimento. O que o Senhor fez naquelas ocasiões não foi cruel ou injusto,
mas era apenas a manifestação da sua santidade e justiça, o que fez com que
seus discípulos se lembrassem do versículo no Salmo 69:9… “o zelo da tua casa
me devorou”. Este salmo é citado dezessete vezes no Novo Testamento e é um dos
seis salmos mais citados no Novo Testamento.
Jesus
tinha amplos motivos para dizer que os comerciantes gananciosos haviam
transformado o templo de Deus num “covil de salteadores”. Para poder pagar o
imposto do templo, os judeus e os prosélitos procedentes de outros países
tinham de trocar seu dinheiro estrangeiro por moeda aceitável. Os cambistas
operavam negócios lucrativos, cobrando uma taxa para cada moeda cambiada. Jesus
os chama de salteadores, sugere que as taxas deles eram tão excessivas, que na
realidade extorquiam dinheiro dos pobres.
Alguns não
podiam levar seus próprios animais para ser sacrificados. Todos que os levavam
tinham de submetê-los a um exame feito por um inspetor no templo por uma taxa.
Muitos que não queriam arriscar-se a ter um animal rejeitado depois de trazê-lo
de longe, compravam um leviticamente “aprovado” dos negociantes corruptos no
templo. Muitos dos camponeses pobres eram bem enganados ali.
Há evidência
de que o ex-sumo sacerdote Anás e sua família tinham capital investido nos
comerciantes no templo. Escritos rabínicos falam de “bazares dos filhos de Anás
[no templo]”. O lucro que recebiam dos cambistas e da venda de animais na área
do templo era uma das suas principais fontes de renda. A ação de Jesus, de
expulsar os comerciantes, não só tinha por alvo o prestígio dos sacerdotes, mas
também os bolsos deles. Não será que esta cena ainda se repete em nossos dias
nas festas dos padroeiros em nossas paróquias e capelas?
Espírito
purificador, tira do meu coração toda sorte de maldade e de egoísmo, que o
tornam indigno de ser morada de Deus.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
PRIMEIRA LEITURA
SALMO
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