Branco. Apresentação de Nossa Senhora, Memória
Evangelho - Mt 12,46-50
E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: 'Eis
minha mãe e meus irmãos.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São
Mateus 12,46-50
Naquele tempo:
46Enquanto Jesus estava falando às multidões,
sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora,
procurando falar com ele.
47Alguém disse a Jesus:
'Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora,
e querem falar contigo.'
48Jesus perguntou àquele que tinha falado:
'Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?'
49E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse:
'Eis minha mãe e meus irmãos.
50Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai,
que está nos céus,
esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.'
Palavra da Salvação.
REFLEXÃO
“do lado de fora” .
O texto nos lembra o final do longo discurso sobre a
montanha (5,7): “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor!, Senhor!’, entrará no
Reino dos Céus, mas o que fez a vontade do meu Pai que está nos Céus” (7,21).
Num texto próprio a Marcos, ele nos dá a razão pela qual a
parentela de Jesus vai ter com ele. O contexto é a multidão que incessantemente
acorre a Jesus a ponto de não poderem, ele e seus discípulos, alimentar-se. A
sua família toma a decisão de ir buscá-lo para levá-lo para casa, pois pensavam
que ele estivesse “fora de si” (Mc 3,20-21). Observamos que o termo irmão, na
linguagem bíblica, abrange os parentes.
Chegados os familiares acompanhados da mãe de Jesus eles são
anunciados.
Por duas vezes se diz que estão “do lado de fora” (vv.
46.47). Esta sutil observação parece-nos importante: distante de Jesus, sem
ouvir sua palavra, seus ensinamentos, sem contemplar o que ele faz em favor da
multidão, sem se deixar tocar por ele, tudo parece loucura. É preciso se
aproximar, entrar no “círculo” de Jesus, se aproximar e se deixar envolver por
sua palavra, para poder fazer a experiência de que “o que é loucura no mundo,
Deus escolheu para confundir o que é forte” (1Cor 1,27).
A família que Jesus reúne ultrapassa os laços de sangue; é
“todo aquele que faz a vontade do Pai que está nos céus” (v. 59).
Carlos Alberto Contieri, sj
HOMILIA
A MÃE E OS IRMÃOS DE
JESUS Mt 12,46-50
Vemos neste texto de hoje que JESUS é interrompido de um
sermão por alguém que diz: A sua mãe e os seus irmãos estão lá fora e querem
falar com o senhor.
O que Ele disse quando foi informado que Sua mãe e Seus
irmãos estavam ali, nesta ocasião, parece consistir em desprezo aos seus
familiares, mas na realidade o significado é mais profundo do que isso.
Ao declarar que todo aquele que faz a vontade de Deus é a
Sua família, Ele não estava renunciando à Sua família segundo a carne. Como
filho mais velho, Ele continuou a cuidar do bem estar da Sua mãe. Isto foi
comprovado quando, ao dar a Sua vida na cruz, Ele passou essa responsabilidade
ao discípulo a quem ele amava.
Simplesmente Jesus define claramente que o parentesco de
ordem humana, seja a mãe, os irmãos ou irmãs que ele tinha, não tem qualquer
significação no Reino de Deus.
O relacionamento mais chegado do Senhor Jesus é com o Seu
Pai, que está nos céus, o próprio Deus Pai. O único “parentesco” permanente que
Ele pode ter é de ordem espiritual - e é com aqueles que fazem a vontade de
Deus. A estes, Ele chama de meus irmãos.
Deixando de lado os laços sangüíneos, representado pelo
parentesco segundo a carne com sua mãe e seus irmãos, o Senhor Jesus passará
agora a ampliar o Seu ministério a todos aqueles que O receberem, sem distinção
entre judeus e gentios. Não se dará mais exclusividade a Israel, devido à sua
incredulidade e rejeição.
O relacionamento segundo a carne passa a ser inteiramente
superado por afinidades espirituais. A obediência a Deus é agora o fator
predominante e definitivo para estabelecer tais afinidades, sem outra distinção
qualquer.
O mesmo se aplica a todo aquele que recebe Cristo como o seu
Senhor e Salvador. Ele disse: Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua
mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a
mim, não pode ser meu discípulo. Nosso relacionamento espiritual com Cristo
produz um vínculo maior do que nosso parentesco de sangue.
Um aspecto muito importante que deve ser esclarecido é sobre
os irmãos de Jesus. Há dias uma das assíduas comentadoras da homilia diária
perguntava sobre este aspecto.
Os irmãos de Jesus, como fica claro pelo próprio texto
bíblico, eram filhos de Alfeu e sua esposa, e não de José e Maria. A dúvida
sobre se Maria teve outros filhos só revela a Em diversos lugares o Evangelho
fala desses ‘irmãos’. Assim, S. Marcos e S. Lucas referem que ‘estando Jesus a
falar, disse-lhe alguém: eis que estão lá fora tua mãe e teus irmãos que querem
ver-te” (Mt 12, 46-47; Mc 3, 31-32; Lc 8, 19-20; e também em Jo 7, 1-10).
Toda a pessoa que pergunte sobre os irmãos de Jesus somente
revela a sua ignorância da própria Bíblia. Até porque as línguas hebraica e
aramaica não possuem palavras que traduzam o nosso ‘primo’ ou ‘prima’, e
serve-se da palavra ‘irmão’ ou ‘irmã’.
No Antigo Testamento encontramos e sobretudo em Gn 37, 16;
42, 15; 43, 5; 12, 8-14; 39, 15), sobrinhos, primos irmãos (1 Par 23, 21), e
primos segundos (Lv 10, 4) - e até ‘parentes’ em geral (Job 19, 13-14; 42, 11).
Há muitos exemplos na Sagrada Escritura. Lê-se no Gêneses que ‘Taré era pai de
Abraão e de Harão, e que Harão gerou a Lot (Gn 11, 27), que, por conseguinte,
vinha a ser sobrinho de Abraão. Contudo, no mesmo Gênesis, mais adiante, chama
a Lot ‘irmão de Abraão’ (Gn 13, 3). ‘Disse Abraão a Lot: nós somos irmãos” (Gn
14, 14). Jacó se declara irmão de Labão, quando, na verdade, era filho de
Rebeca, irmã de Labão (Gn 29, 12-15).
No Novo Testamento, fica claríssimo que os ‘irmãos de Jesus’
não eram filhos de Nossa Senhora. Os supostos ‘irmãos de Jesus’ são indicados
por S. Marcos: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e de
José, e de Judas e de Simão e não estão aqui conosco suas irmãs?” Tiago e
Judas, conforme afirma S. Lucas, eram filhos de Alfeu e Cleófas: ‘Chamou Tiago,
filho de Alfeu… e Judas, irmão de Tiago” (Lc 6, 15-16). E ainda: “Chamou Judas,
irmão de Tiago” ( Lc 6, 16). Quanto a ‘José’, S. Mateus diz que é irmão de
Tiago: “Entre os quais estava… Maria, mãe de Tiago e de José (Mt 27, 56). Em S.
Mateus se lê: “Estavam ali (no calvário), a observar de longe…., Maria Mágdala,
Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu”. Essa Maria, mãe
de Tiago e José, não é a esposa de S. José, mas de Cleofas, conforme S. João
(19, 25). Era também a irmã de Nossa Senhora, como se lê em S. João (19, 25):
“Estavam junto à Cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria (esposa) de
Cleofas, e Maria de Mágadala”. Simão, irmão dos três outros, ‘Tiago, José e
Judas’ são verdadeiramente irmãos entre si, filhos do mesmo pai e da mesma mãe.
Alfeu ou Cleophas é o pai deles.
Da mesma forma, se Nossa Senhora tivesse outros filhos, ela
não teria ficado aos cuidados de S. João Evangelista, que não era da família,
mas com seu filho mais velho, segundo ordenava a Lei de Moisés. Eis um dilema
sem saída para os protestantes, pois os ‘irmãos de Jesus’ são filhos de Maria
Cléofas e Alfeu.
Também decorre uma pergunta: Por que nunca os evangelhos
chamam os ‘irmãos de Jesus’ de ‘filhos de Maria’ ou de ‘José’, como fazem em
relação à Nosso Senhor? E por que, durante toda a vida da Sagrada Família,
apenas conta-se três membros: Jesus, Maria e José?
A própria Sagrada Escritura demonstra que os supostos
‘irmãos’ de Jesus são seus primos e não seus irmãos carnais. Sua afirmação de
que o trecho de S. Mateus tem duas passagens, uma referindo-se à filiação
carnal e a segunda à filiação espiritual fica sem sentido, visto que não
conferem com o texto bíblico. Até porque o parentesco de sangue não é sequer
mencionado pelos seus irmãos nas cartas que escreveram e que se encontram no
Novo Testamento, indicando que não davam valor a isso. Ao invés disso, eles se
dizem servos de Jesus Cristo.
Portanto, Maria, é o templo divino, onde Deus fez sua
morada. Nela, Deus realizou a nova e eterna aliança que é Jesus, trazendo-nos
por meio de Seu Filho a salvação. Maria viveu para Deus, cumprindo sua vontade
e colaborando com Ela na redenção. Hoje celebramos sua apresentação no Templo.
Ela era o templo de Deus, catedral iluminada, sonho do Pai eterno.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
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SALMO
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