sábado, 9 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 20,27-38 - 10.11.2013 - Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.

Verde. 32º DOMINGO Tempo Comum

Evangelho - Lc 20,27-38

Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 20,27-38

Naquele tempo:
27Aproximaram-se de Jesus alguns saduceus,
que negam a ressurreição,
28e lhe perguntaram:
'Mestre, Moisés deixou-nos escrito:
se alguém tiver um irmão casado
e este morrer sem filhos,
deve casar-se com a viúva
a fim de garantir a descendência para o seu irmão.
29Ora, havia sete irmãos.
O primeiro casou e morreu, sem deixar filhos.
30Também o segundo
31e o terceiro se casaram com a viúva.
E assim os sete: todos morreram sem deixar filhos.
32Por fim, morreu também a mulher.
33Na ressurreição, ela será esposa de quem?
Todos os sete estiveram casados com ela.'
34Jesus respondeu aos saduceus:
'Nesta vida, os homens e as mulheres casam-se,
35mas os que forem julgados dignos
da ressurreição dos mortos
e de participar da vida futura,
nem eles se casam nem elas se dão em casamento;
36e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos,
serão filhos de Deus, porque ressuscitaram.
37Que os mortos ressuscitam,
Moisés também o indicou na passagem da sarça,
quando chama o Senhor de 'o Deus de Abraão,
o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'.
38Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos,
pois todos vivem para ele.'
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO
Deus é surpreendente.

Agora, é a vez dos saduceus. Eles não são propriamente um grupo religioso, mas uma espécie de aristocracia ligada ao Templo de Jerusalém. Eles não acreditam na ressurreição dos mortos (cf. v. 27; At 23,8), ao contrário dos fariseus. Considerando o modo como eles apresentam o caso, a ressurreição na concepção deles é uma espécie de prolongamento ou repetição da vida presente. O caso apresentado por eles é absurdo e, provavelmente, com o intuito de ridicularizar a fé na ressurreição (vv. 19-23). Para isso, recorrem à lei do levirato (= cunhado): “Se dois irmãos viverem juntos e um deles morrer sem filhos, a viúva não sairá de casa para casar-se com um estrangeiro; seu cunhado se casará com ela e cumprirá com ela os deveres legais de cunhado; o primogênito que nascer continuará o nome do irmão morto, e assim não se apagará o nome dele em Israel” (Dt 25,5-6). Na resposta, Jesus revela a ignorância deles: interpretam mal a Escritura e desconhecem o poder de Deus, supondo que a morte anularia o poder de Deus. Eles pensavam, como dissemos, que a ressurreição fosse continuidade da vida terrena. Engano! Deus é surpreendente. É preciso se abrir à novidade de Deus e nele esperar: os que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição dos mortos não se casam; e já não poderão morrer” (vv. 35-36). Pensaram poder falar da ressurreição prescindindo de Deus. Ora, sem a relação ao Deus dos vivos, a própria Escritura é letra morta. Jesus faz remontar a Moisés a crença na ressurreição: “Que os mortos ressuscitam, também foi mostrado por Moisés, na passagem da sarça ardente, quando chama o Senhor de ‘Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó’” (v. 37).
A ressurreição não pode ser pensada como pura e simples continuidade de nossa vida terrestre. Há uma ruptura com nossa vida neste mundo: “Neste mundo, homens e mulheres casam-se”, mas no mundo futuro e na ressurreição não se casam (v. 34.35). Os ressuscitados têm um ponto em comum com os anjos: eles não podem mais morrer; logo, não necessitam de descendência. Deus é o Deus dos vivos (cf. v. 38): “Ninguém de nós vive e ninguém de nós morre para si mesmo, porque se vivemos é para o Senhor que vivemos, e se morremos é para o Senhor que morremos” (Rm 14,7-8).
Carlos Alberto Contieri, sj



HOMILIA
A PERGUNTA SOBRE A RESSURREIÇÃO

As leituras que acabamos de escutar giram precisamente em volta destas verdades. Creio na vida eterna. Assim remata o Credo, com estas palavras tão consoladoras. O Concílio Vaticano II fala demoradamente neste problema no Capítulo VII da «lumen gentium» vigiemos continuamente afim de que no termo da nossa vida sobre a terra, que é só uma, mereçamos entrar com o Senhor para o banquete das núpcias e ser contado entre os eleitos (N.º 48). E a mensagem de Fátima é bem clara neste sentido.

O homem é livre e, por isso responsável. É na responsabilidade que reside a tua grandeza. Esta mensagem ainda é capaz de penetrar profundamente no intimo da alma, de acordar heroísmos e de criar santos.

Não apenas os que são elevados às honras dos altares, mas os santos «quotidianos»: no anonimato do lar, da fábrica, do escritório, na solidão orante do claustro, no martírio diário da doença. Quando tudo se manifestar na parosia, ver-se-á o papel importante que tantos desempenharam na vida do mundo.

Nem tudo acaba com a morte.

Infelizmente não faltam pessoas que se deixam dominar pelo materialismo e o consumismo. Procuram apenas a fruição dos bens terrenos. E então repetem: tudo se acaba com a morte, tal como os saduceus que afirmavam não haver ressurreição dos mortos (Evangelho), o Mestre responde à pergunta que lhe fizerem declarando que Deus é um Deus de vivos, não de mortos.

O problema da sobrevivência após a morte, e do mundo futuro, é para cada um de nós e para toda a alma humana uma das verdades mais essenciais. Não há ninguém que não se interesse que, quer para utilidade própria quer pensando em pessoas queridas, à cerca do que existirá para além da morte.

Não se pode viver sem esperança. Do coração humano emerge esta pergunta; converter-nos-emos em cinza ou começaremos a viver de outra maneira? A fé católica responde com firmeza: A vida não acaba apenas se transforma.

A celebração da missa pelos mortos implica a fé na ressurreição e na vida eterna. Crer na vida eterna, para um católico quer dizer: trazer sempre na mente as duas alternativas de eternidade: O Céu com as suas alegrias inenarráveis ou inferno com as suas horrendas torturas. Ganhar aquele e evitar isto deve ser a nossa meta.


Seguro de Vida


Queiramos ou não, o nosso futuro será eterno. E esse futuro nós o preparamos com as nossas boas obras, e com as obras da nossa vida.

O Senhor desceu à terra para nos levar para o Céu. Para Cristo a decisão de uma pessoa de se apartar d’Ele e seguir o caminho do inferno, é uma grande, uma imensa dor. Ele não quer a morte do pecador, mas antes que se converta e viva (Mt 10, 20). Cristo está sempre atento para nos ajudar, consolar e perdoar.

Não esqueçamos porem, que para nos salvar é preciso que queiram ser salvos «Quem te criou sem ti, não te salvará sem ti» (S. Agostinho). Deus não quer salvar-nos sem a nossa colaboração, nem tornar-nos felizes contra a nossa vontade livre.

Precisamos fazer o nosso seguro de vida. Neste caso, Seguro de Vida para a Eternidade. Haverá algum seguro de eternidade feliz?

Jesus garante-nos que sim: «É a Eucaristia» – «quem come a Minha Carne e Bebe o Meu Sangue permanece em mim e Eu nele e ressuscita-lo-ei no último dia» (Jo 6, 50). A Eucaristia revigora as nossas forças para termos virtude de vida por toda a eternidade.

Eucaristia é remédio para toda a Eternidade.

Precisamos, portanto de fazer o nosso seguro de vida. Neste caro seguro de vida para a eternidade. Mas haverá algum seguro de eternidade feliz? Jesus garante-nos que sim. È a Eucaristia: «Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue permanecerá em Mim e Eu o ressuscitarei no último dia» (Jo 6, 50).

A Eucaristia é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas viver em Jesus Cristo para sempre (C.I.C 1405).

Na vida eterna havemos de nos encontrar com Cristo. Começamos desde já a viver na intimidade com ele – na comunhão, na oração, na meditação. Para o cristão a morte será um abraço de amor a Cristo e um encontro de novo com aqueles que conhecemos e nos querem bem.

«Depois desta existência terrena, abre-se para o homem um futuro de imortalidade.»
1. «Deus não é Deus de mortos mas de vivos, pois para Ele todos estão vivos» (Lc 20, 38). No dia 2 de Novembro, comemoramos todos os fiéis defuntos. A Liturgia deste 32.º domingo do tempo comum leva-nos de novo a este mistério, e convida-nos a refletir sobre a realidade confortadora da ressurreição dos mortos. A tradição bíblica e cristã, baseando-se na Palavra de Deus, afirma com certeza que, depois desta existência terrena, se abre para o homem um futuro de imortalidade. Não se trata de uma afirmação genérica, que pretende ir ao encontro da aspiração do ser humano a uma vida infinita. A fé na ressurreição dos mortos funda-se como recorda a página do evangelho de hoje, sobre a própria fidelidade de Deus, que não é Deus de mortos, mas de vivos, e comunica a todos os que n'Ele confiam a mesma vida que Ele possui em plenitude.

2. «Saciar-nos-emos, ó Senhor, contemplando o teu rosto!» (Salmo resp.). O refrão do Salmo responsorial projetar-nos nesta vida além da morte, que é meta e pleno cumprimento da nossa peregrinação sobre esta terra. No Primeiro Testamento assiste-se à passagem da antiga concepção de uma obscura sobrevivência das almas no sheol para a mais explícita doutrina da ressurreição dos mortos. Afirma isto, o Livro de Daniel (cf. Dn 12, 2-3) e, de modo exemplar, o Segundo Livro dos Macabeus, do qual é tirada a primeira leitura que há pouco proclamámos. Numa época em que o povo eleito era ferozmente perseguido, sete irmãos não hesitaram em enfrentar juntamente com a sua mãe os sofrimentos e o martírio, para não faltarem à sua fidelidade ao Deus da Aliança. Venceram essa terrível prova, porque eram amparados pela «esperança de que Deus nos ressuscitará» (2 Mac 7, 14).

Admirando o exemplo dos sete irmãos narrado no Livro dos Macabeus, recordamos com firmeza a nossa fé na ressurreição dos mortos, também perante as posições críticas do pensamento contemporâneo. Este é um dos pontos fundamentais da doutrina cristã, que ilumina de luz confortadora toda a existência terrestre.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

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