Verde. 4ª-feira da 32ª Semana Tempo Comum
Evangelho - Lc 17,11-19
Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser
este estrangeiro.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas
17,11-19
11Aconteceu que, caminhando para Jerusalém,
Jesus passava entre a Samaria e a Galiléia.
12Quando estava para entrar num povoado,
dez leprosos vieram ao seu encontro.
Pararam à distância,
13e gritaram: 'Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!'
14Ao vê-los, Jesus disse:
'Ide apresentar-vos aos sacerdotes.'
Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados.
15Um deles, ao perceber que estava curado,
voltou glorificando a Deus em alta voz;
16atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra,
e lhe agradeceu.
E este era um samaritano.
17Então Jesus lhe perguntou:
'Não foram dez os curados?
E os outro nove, onde estão?
18Não houve quem voltasse para dar glória a Deus,
a não ser este estrangeiro?'
19E disse-lhe: 'Levanta-te e vai! Tua fé te salvou.'
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 17,
11-19
Jesus não quer simplesmente realizar a cura das pessoas, ele
quer a libertação integral e a reinserção social de todos os que são por ele
curados. Quando Jesus manda que os dez leprosos se apresentem diante dos
sacerdotes, ele está realizando a cura deles e quer que eles tenham autorização
para voltar a participar ativamente da vida comunitária, o que não era
permitido aos leprosos, que eram considerados impuros e, por isso, excluídos da
sociedade. Somente quando os sacerdotes constatavam a cura da lepra, poderiam
voltar ao convívio de todos.
A GRATIDÃO Lc
17,11-19
HOMILIA
Não eram dez os curados? Onde estão pois, os outros nove?
Sua obediência à palavra de Jesus consegue a cura mas aparentemente sua falta
de agradecimento os desvia de quem foi seu salvador. Em Jesus, o samaritano,
infiel e herege segundo os judeus encontrou o Deus verdadeiro e o seu
representante na terra. Por isso dirá Jesus ao samaritano: Tua fé te salvou
(19). Há pois um contraste entre cura e salvação que o mundo atual não percebe,
porque os bens imediatos embora não sejam tudo são os únicos que interessam e
preocupam à maioria. São como que a lepra de ontem.
Os
marginados se aproximam de Jesus. Apesar de sua total culpabilidade perante
Deus e homens, eles têm esperança. Sua cura dependia daquele Mestre, de quem
tinham ouvido falar como grande médico e curandeiro. O seu grito pode ser
também o nosso quando a esperança só tem como base a bondade divina: eleeson
ymas, compadece-te de nós. Como pensamos que Deus vê nossas vidas? Limpos e
puros ou tão terrivelmente marcados pelo mal que parecemos monstruosos leprosos
cheios de imundície? Somos diante de Deus malditos e assim se tornou seu Filho
não unicamente maldito, mas maldição para nos salvar (Gal 3, 13).
O ponto de
partida para a ação divina é a súplica. Jesus não os busca. São eles os que
buscam quem sabem tem poder para curar. O resto é um mandato: conformem-se com
a lei se é que querem viver em sociedade de novo. Naamã foi mandado se lavar no
Jordão. Os dez leprosos foram enviados para o sacerdote. Nada há de anormal ou
extraordinário em ambas ocasiões. É a obediência que atrai a ação de Deus e
transforma o homem em seu filho amado no qual encontra satisfação (Mt , 17).
O
agradecimento é essencial nas relações com Deus. Todos nós somos semelhantes
aos nove leprosos curados. Incapazes de uma súplica que não seja uma petição de
ajuda. Uma vez obtida a mesma, esquecemos, o louvor, o elogio, a ação de
graças.nossa religiosidade tem muito de magia, de oportunismo, de interesse, de
ingratidão. Conformamo-nos com o nosso bem-estar e esquecemos o muito que temos
recebido como dom e como presente. O pouco mal que nos atinge não nos permite
enxergar o muito de bem que nos rodeia. Por isso a queixa é mais abundante do
que o louvor.
Por esse
egoísmo próprio de quem só olha seu próprio bem esquecemos que os bens são
fruto de uma dádiva divina. Nos servimos de Deus, não servimos a Ele. E a
melhor maneira de servi-lo é agradecê-lo e obedece-lo. Esquecemos que os bens
agora possuídos são uma simples amostra do que nos espera se a gratidão toma
conta de nossas vidas. O canto às misericórdias de Deus nesta vida é só o
começo do canto sem fim que será o modus vivendi na eternidade. Desde já
devemos aprender a recitá-lo caso queiramos vivê-lo como experiência
existencial.
Não temos lepra que nos separe socialmente
mas o aids, a etnia, a pobreza, margina muita gente neste mundo que se gloria
de sua globalização. Quem não tem ouvido falar dos ciganos, dos negros, dos
indígenas? E eles não são contagiosos, o contágio pelo contrário é a idéia de
que existem classes e diferenças.
A gratidão
implica em ações de graças, pelas quais comunicamos e partilhamos com os
outros, os bens recebidos por nós.
Pai, que o
meu coração, repleto de fé, reconheça Jesus, que me liberta de todas as lepras
que o mundo semeia entre os homens.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
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