terça-feira, 12 de novembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 17,11-19 - 13.11.2013 - Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro.

Verde. 4ª-feira da 32ª Semana Tempo Comum

Evangelho - Lc 17,11-19

Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 17,11-19

11Aconteceu que, caminhando para Jerusalém,
Jesus passava entre a Samaria e a Galiléia.
12Quando estava para entrar num povoado,
dez leprosos vieram ao seu encontro.
Pararam à distância,
13e gritaram: 'Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!'
14Ao vê-los, Jesus disse:
'Ide apresentar-vos aos sacerdotes.'
Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados.
15Um deles, ao perceber que estava curado,
voltou glorificando a Deus em alta voz;
16atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra,
e lhe agradeceu.
E este era um samaritano.
17Então Jesus lhe perguntou:
'Não foram dez os curados?
E os outro nove, onde estão?
18Não houve quem voltasse para dar glória a Deus,
a não ser este estrangeiro?'
19E disse-lhe: 'Levanta-te e vai! Tua fé te salvou.'
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 17, 11-19

Jesus não quer simplesmente realizar a cura das pessoas, ele quer a libertação integral e a reinserção social de todos os que são por ele curados. Quando Jesus manda que os dez leprosos se apresentem diante dos sacerdotes, ele está realizando a cura deles e quer que eles tenham autorização para voltar a participar ativamente da vida comunitária, o que não era permitido aos leprosos, que eram considerados impuros e, por isso, excluídos da sociedade. Somente quando os sacerdotes constatavam a cura da lepra, poderiam voltar ao convívio de todos.



A GRATIDÃO Lc 17,11-19
HOMILIA

Não eram dez os curados? Onde estão pois, os outros nove? Sua obediência à palavra de Jesus consegue a cura mas aparentemente sua falta de agradecimento os desvia de quem foi seu salvador. Em Jesus, o samaritano, infiel e herege segundo os judeus encontrou o Deus verdadeiro e o seu representante na terra. Por isso dirá Jesus ao samaritano: Tua fé te salvou (19). Há pois um contraste entre cura e salvação que o mundo atual não percebe, porque os bens imediatos embora não sejam tudo são os únicos que interessam e preocupam à maioria. São como que a lepra de ontem. 
            Os marginados se aproximam de Jesus. Apesar de sua total culpabilidade perante Deus e homens, eles têm esperança. Sua cura dependia daquele Mestre, de quem tinham ouvido falar como grande médico e curandeiro. O seu grito pode ser também o nosso quando a esperança só tem como base a bondade divina: eleeson ymas, compadece-te de nós. Como pensamos que Deus vê nossas vidas? Limpos e puros ou tão terrivelmente marcados pelo mal que parecemos monstruosos leprosos cheios de imundície? Somos diante de Deus malditos e assim se tornou seu Filho não unicamente maldito, mas maldição para nos salvar (Gal 3, 13).
            O ponto de partida para a ação divina é a súplica. Jesus não os busca. São eles os que buscam quem sabem tem poder para curar. O resto é um mandato: conformem-se com a lei se é que querem viver em sociedade de novo. Naamã foi mandado se lavar no Jordão. Os dez leprosos foram enviados para o sacerdote. Nada há de anormal ou extraordinário em ambas ocasiões. É a obediência que atrai a ação de Deus e transforma o homem em seu filho amado no qual encontra satisfação (Mt , 17).
            O agradecimento é essencial nas relações com Deus. Todos nós somos semelhantes aos nove leprosos curados. Incapazes de uma súplica que não seja uma petição de ajuda. Uma vez obtida a mesma, esquecemos, o louvor, o elogio, a ação de graças.nossa religiosidade tem muito de magia, de oportunismo, de interesse, de ingratidão. Conformamo-nos com o nosso bem-estar e esquecemos o muito que temos recebido como dom e como presente. O pouco mal que nos atinge não nos permite enxergar o muito de bem que nos rodeia. Por isso a queixa é mais abundante do que o louvor.
            Por esse egoísmo próprio de quem só olha seu próprio bem esquecemos que os bens são fruto de uma dádiva divina. Nos servimos de Deus, não servimos a Ele. E a melhor maneira de servi-lo é agradecê-lo e obedece-lo. Esquecemos que os bens agora possuídos são uma simples amostra do que nos espera se a gratidão toma conta de nossas vidas. O canto às misericórdias de Deus nesta vida é só o começo do canto sem fim que será o modus vivendi na eternidade. Desde já devemos aprender a recitá-lo caso queiramos vivê-lo como experiência existencial.
            Não temos lepra que nos separe socialmente mas o aids, a etnia, a pobreza, margina muita gente neste mundo que se gloria de sua globalização. Quem não tem ouvido falar dos ciganos, dos negros, dos indígenas? E eles não são contagiosos, o contágio pelo contrário é a idéia de que existem classes e diferenças.
            A gratidão implica em ações de graças, pelas quais comunicamos e partilhamos com os outros, os bens recebidos por nós.
            Pai, que o meu coração, repleto de fé, reconheça Jesus, que me liberta de todas as lepras que o mundo semeia entre os homens.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

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