segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

LITURGIA DA PALAVRA - Evangelho: Mateus 18,12-14 - 09.12.2025

 Liturgia Diária


9 – TERÇA-FEIRA 

2ª SEMANA DO ADVENTO


(roxo, pref. do Advento I ou IA – ofício do dia)


Biblia Sacra juxta Vulgatam Clementinam

Zacharias 14:5

“Et fugietis ad vallem montium meorum… Et veniet Dominus Deus meus: omnesque sancti cum eo.”

Zacharias 14:7

“Et erit dies una, quae nota est Domino… in tempore vesperi erit lux.”

Tradução ao português (fiel ao sentido original)

Zc 14,5:
“E fugireis para o vale dos meus montes… E o Senhor meu Deus virá, e todos os seus santos com Ele.”

Zc 14,7:
“E haverá um dia único, conhecido somente do Senhor… e, ao cair da tarde, haverá luz.”


Esta liturgia recorda que o verdadeiro caminho do Senhor se abre primeiro no interior, onde a consciência aprende a manter-se firme diante das incertezas. Preparar esse caminho é cultivar a disciplina serena, a lucidez que reconhece a ordem profunda que sustenta todas as coisas. Cristo manifesta essa ordem ao revelar que nenhum ser humano é descartável: sua busca pela ovelha perdida não é mero gesto de afeto, mas afirmação da dignidade que habita cada vida. Assim, acolher sua presença é assumir a responsabilidade pela própria transformação, caminhando com coragem, autonomia e retidão diante do mundo e de si mesmo.



Evangelium secundum Matthaeum 18,12-14

Mt 18,12
Quid vobis videtur Si fuerint alicui homini centum oves et erraverit una ex eis nonne relinquit nonaginta novem in montibus et vadit quaerere eam quae erravit
Que vos parece Se um homem tem cem ovelhas e uma delas se perde não deixa ele as noventa e nove nos montes e vai procurar aquela que se perdeu

Mt 18,13
Et si contigerit ut inveniat eam amen dico vobis quia gaudet super eam magis quam super nonaginta novem quae non erraverunt
E se acontece de encontrá-la em verdade vos digo ele se alegra mais por ela do que pelas noventa e nove que não se perderam

Mt 18,14
Sic non est voluntas ante Patrem vestrum qui in caelis est ut pereat unus de pusillis istis
Assim não é vontade de vosso Pai que está nos céus que se perca um só destes pequeninos

Verbum Domini

Reflexão
A busca pela ovelha perdida revela que cada existência possui valor próprio e irrenunciável. O encontro não celebra apenas o retorno mas também a firmeza daquele que persiste no propósito justo. A vida humana amadurece quando aprende a reconhecer seu caminho interior sem abandonar a responsabilidade por suas escolhas. Esse movimento exige clareza para distinguir o que deve ser preservado e coragem para enfrentar o que precisa ser transformado. A fidelidade ao bem surge do autocontrole que orienta a ação. Assim, cada pessoa se torna guardiã de sua própria direção sustentando sua dignidade enquanto avança com serenidade.


Versículo mais importante:

Sic non est voluntas ante Patrem vestrum qui in caelis est ut pereat unus de pusillis istis
Assim não é vontade de vosso Pai que está nos céus que se perca um só destes pequeninos(Mt 18,12-14)


HOMILIA

A dignidade que sustenta o caminho interior

O Evangelho que nos fala da ovelha perdida abre diante de nós um horizonte onde a busca divina não é apenas gesto de compaixão, mas movimento que revela a estrutura profunda da realidade. No coração desse mistério encontra-se a certeza de que cada pessoa possui um valor único, que não deriva de circunstâncias externas, mas de sua própria origem espiritual. Assim, quando Cristo descreve Aquele que deixa as noventa e nove para encontrar a única extraviada, Ele afirma que nenhuma existência é abandonada ao acaso.

A parábola não se limita a narrar um resgate simbólico. Ela nos convida a reconhecer que a vida humana cresce pela integração entre responsabilidade e liberdade. Aquele que se perde não deixa de conservar em si uma centelha da verdade que o orienta de volta ao essencial. O Pastor que o busca não violenta essa liberdade, mas ilumina o caminho para que o retorno seja fruto de um despertar consciente. Nesse movimento, percebemos que a verdadeira evolução interior não acontece por imposição, mas por adesão voluntária ao bem que se revela desde a origem.

A família, na profundidade espiritual deste texto, aparece como o primeiro espaço onde aprendemos a ser encontrados e também a encontrar. É nela que se forma o olhar capaz de reconhecer o valor do outro, mesmo quando o outro se distancia ou errante se fragiliza. A proteção que sustenta esse vínculo não aprisiona, mas permite que cada membro amadureça, exercendo sua liberdade de modo responsável. Assim como o Pastor não renuncia à sua ovelha, a família autêntica não abandona seus próprios em momentos de dispersão, mas os chama de volta para a luz que restaura.

A dignidade proclamada pelo Evangelho é uma dignidade que não se perde nem se negocia. Ela acompanha a pessoa em qualquer circunstância, pois pertence a sua própria essência. É por isso que o Pai não deseja que sequer um dos pequeninos se perca. Esta afirmação revela que toda vida possui uma direção interior capaz de ser reencontrada, mesmo quando o caminho se torna obscuro. A luz que guia o retorno brilha na consciência como um convite à integridade, ao discernimento e à firmeza.

Ao meditarmos esta passagem, somos chamados a assumir o papel de guardiões da própria trajetória. O Pastor que busca a ovelha nos recorda que existe em nós uma força que nos impulsiona a regressar ao centro, à verdade que dá sentido ao existir. Caminhar com essa consciência significa cultivar serenidade, clareza e disciplina, reconhecendo que a liberdade só floresce plenamente quando se orienta ao bem. Assim, a parábola torna-se uma celebração do encontro entre o humano e o divino, encontro que restaura, edifica e conduz toda pessoa a viver sua plenitude com coragem, lucidez e amor.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Assim não é vontade de vosso Pai que está nos céus que se perca um só destes pequeninos (Mt 18,12-14)

A vontade que sustém todas as coisas
A afirmação de Jesus revela mais que um cuidado afetivo. Ela manifesta a intenção divina que governa a ordem profunda da existência. Nada do que o Pai realiza se orienta à perda ou ao abandono. Cada vida carrega um sentido próprio que a origina e a mantém. A vontade eterna não se dispersa diante das fragilidades humanas, mas permanece como fonte que convoca cada pessoa a reencontrar sua direção interior.

O valor que precede toda condição humana
Quando Cristo afirma que nenhum pequenino deve se perder, Ele declara a dignidade inscrita no ser humano desde sua origem. Essa dignidade não é resultado de mérito nem de circunstâncias, mas expressão do próprio Criador. Por isso, mesmo quando alguém se afasta, sua essência continua marcada por um valor que não se extingue. A busca divina não nasce das faltas humanas, mas da grandeza que Deus reconhece em cada criatura.

A liberdade como caminho para o retorno
A busca da ovelha perdida não anula a liberdade daquele que se distancia. O movimento do Pastor ilumina o caminho para que o retorno seja consciente e fruto de decisão interior. A ação divina se dirige ao coração humano como convite e não como imposição. O reencontro acontece quando a pessoa desperta para a verdade que a habita e decide caminhar novamente em direção à luz que lhe dá forma e sentido.

A responsabilidade que sustenta a comunhão
A afirmação de Jesus também revela a necessidade de que cada pessoa se torne guardiã da própria vida e da vida do outro. A comunidade dos fiéis não existe para julgar os que se dispersam, mas para manter viva a esperança de que ninguém está condenado ao extravio definitivo. A dignidade de cada pequenino exige respeito, cuidado e firmeza, para que todos encontrem segurança ao regressar.

A plenitude do querer divino
O Pai não deseja a perda de nenhum dos pequeninos porque Seu amor não se fragmenta. Ele contempla cada existência como parte de um todo que sustenta a criação. A fidelidade divina assegura que, mesmo nos percursos obscuros, permanece uma luz orientadora. Assim, este versículo se torna uma declaração da força que guia a história e da certeza de que cada vida possui um destino elevado, chamado a ser acolhido com consciência, liberdade e responsabilidade.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

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