quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

LITURGIA DA PALAVRA - Evangelho: Mateus 9,35-10,1.6-8 - 06.12.2025

 Liturgia Diária


6 – SÁBADO 

1ª SEMANA DO ADVENTO


(roxo, pref. do Advento I ou IA – ofício do dia)


“Liturgia da Palavra, Evangelho do dia e reflexões espirituais profundas para fortalecer a fé e a vida diária, usando a Biblia Sacra juxta Vulgatam Clementinam”


Vulgata Clementina (Psalmus 79,4.2)
v. 2: Qui sedes super cherubim, appare.
v. 4: Ostende nobis faciem tuam, et salvi erimus.

Tradução ao português
v. 2: Vinde, Senhor, Vós que estais sentado acima dos querubins; manifestai-Vos.
v. 4: Mostrai-nos a vossa face, e seremos salvos.


Ó Tu, que habitas o fulgor arcano acima dos querubins, manifesta-Te no silêncio onde nascem as realidades primeiras; deixa que Tua Face, fonte de toda direção e pureza, brilhe sobre a interioridade que Te busca. Quando Tua luz toca o centro secreto do ser, a alma é recolhida, alinhada e reencontrada. Mostra-Te, Senhor, e tudo em nós retorna à forma verdadeira, porque a visão do Eterno é salvação, e a salvação é o despertar da essência no ritmo da Tua presença.



EVANGELIUM SECUNDUM MATTHAEUM
Mattheus 9,35 – 10,1.6-8

35 Et circuibat Jesus omnes civitates, et castella, docens in synagogis eorum, et praedicans Evangelium regni, et curans omnem languorem, et omnem infirmitatem.
35 E Jesus percorria todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles e proclamando o evangelho do reino, curando toda dor e toda enfermidade.

36 Et videns turbas, misericordia motus est super eas, quoniam vexatae et defectae erant, sicut oves quae non habent pastorem.
36 E, vendo as multidões, moveu-Se de compaixão por elas, porque estavam aflitas e abatidas, como ovelhas sem pastor.

37 Tunc dicit discipulis suis: Messor quidem multus, opus autem operariorum pauci.
37 Então disse aos seus discípulos: A messe realmente é grande, mas os operários são poucos.

38 Rogate ergo Dominum messis, ut mittat operarios in messem suam.
38 Rogai, pois, ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe.

10,1 Et convocatis duodecim discipulis suis, dedit illis potestatem spirituum immundorum, ut ejicerent eos, et curarent omnem languorem, et omnem infirmitatem.
10,1 E chamando a si os doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos para expulsá-los e para curarem toda dor e toda enfermidade.

10,6 Sed potius ite ad oves perditas domus Israel.
10,6 Mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel.

10,7 Euntes autem praedicate dicentes: Adpropinquavit regnum caelorum.
10,7 Indo, pregai, dizendo: O reino dos céus está próximo.

10,8 Curate aegrotos, suscitate mortuos, mundate leprosos, ejicite daemonia; gratis accepistis, gratis date.
10,8 Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai demônios; gratuitamente recebestes, gratuitamente dai.

Verbum Domini

Reflexão:
A passagem revela um movimento interior que desperta para a responsabilidade de agir com firmeza e serenidade diante das necessidades humanas. O olhar compassivo de Jesus inspira uma atitude que une lucidez e benevolência, reconhecendo que a vida pede clareza, propósito e coragem. A messe abundante simboliza as demandas sempre presentes que chamam pela ação consciente, enquanto os poucos operários apontam para a importância de assumir a própria parte no todo. O envio aos vulneráveis recorda a dignidade intrínseca de cada pessoa e o valor de contribuir para sua restauração. A gratuidade ensinada por Cristo evoca uma disposição interior de oferecer o bem sem cálculo. Assim, o texto convida ao cultivo de uma postura firme, livre e orientada ao bem comum, onde cada gesto se torna expressão de um espírito que compreende seu lugar no mundo e busca fortalecê-lo.


Versículo mais importante:

Curate aegrotos, suscitate mortuos, mundate leprosos, ejicite daemonia; gratis accepistis, gratis date.

Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai demônios; gratuitamente recebestes, gratuitamente dai. (Mt 10,8)


HOMILIA

A Messe do Espírito e o Chamado à Plenitude Interior

O Evangelho que contempla Jesus caminhando entre cidades e aldeias revela mais que um itinerário físico revela um movimento da própria Vida que se inclina para curar, esclarecer e despertar o ser humano. Ao ensinar nas sinagogas e tocar as feridas do povo, Cristo manifesta a lógica profunda da criação onde cada pessoa é chamada a reconhecer sua origem e seu destino em uma liberdade que nasce do interior e se expande como luz. Ele vê a multidão cansada e dispersa como ovelhas sem pastor e esse olhar não é de julgamento mas de compaixão que atravessa as camadas opacas da existência e alcança o centro silencioso onde a dignidade humana é sempre inviolável.

Quando o Senhor afirma que a messe é grande, Ele não fala apenas de tarefas externas mas da vastidão do coração humano que precisa ser cultivado com serenidade, discernimento e firmeza interior. A messe é o campo da consciência que aguarda trabalhadores capazes de escutar a voz que chama à maturidade espiritual. Poucos operários não significa escassez de dons mas o convite para que cada um desperte e assuma sua parte na construção de uma vida enraizada no bem, no respeito às pessoas e na proteção da família como núcleo onde a vida floresce e se fortalece.

Ao enviar os discípulos às ovelhas perdidas da casa de Israel, Jesus indica o caminho da proximidade com os que se encontram distantes de si mesmos, feridos por desordens interiores e desconexões espirituais. É um chamado para aproximar, integrar, recolher e restaurar. A missão de anunciar que o reino dos céus está próximo não aponta para um lugar distante mas para um estado de consciência desperta onde o amor se torna ação, a verdade se torna clareza e a liberdade se torna responsabilidade madura.

O poder concedido aos discípulos para curar, purificar e libertar não é dom de supremacia mas expressão da ordem divina que deseja que cada pessoa reencontre sua integridade. Curar os doentes e expulsar forças que oprimem simboliza a obra interior de remover aquilo que fragmenta, obscurece e aprisiona a alma. Ressuscitar os mortos evoca a capacidade de reerguer aquilo que parecia perdido e reacender a força vital em quem se encontra abatido. Purificar os leprosos recorda o valor de restaurar a dignidade em quem foi marcado pela exclusão e pela dor.

A palavra de Jesus que encerra o envio gratuitamente recebestes gratuitamente dai revela o coração da missão e da evolução espiritual. A liberdade verdadeira nasce quando se compreende que tudo é recebido como dom e que a plenitude só se realiza quando o dom se transforma em oferta. A ação que brota da gratuidade edifica relacionamentos puros, fortalece a família, promove o bem e ilumina a consciência com simplicidade e grandeza.

Assim, este Evangelho recorda que a vida interior é um campo vasto onde Cristo semeia presença, cura e verdade. Ele convida cada pessoa a tornar-se operária de si mesma, integrando feridas, cultivando virtudes e reconhecendo que a messe é o próprio caminho de amadurecimento e liberdade. Quem acolhe esse chamado avança para a plenitude do ser, onde a dignidade resplandece e a existência se harmoniza com o ritmo eterno de Deus.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

“Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai demônios; gratuitamente recebestes, gratuitamente dai” (Mt 10,8)

O Mistério da Cura como Restauração do Ser

Quando Jesus ordena que os discípulos curem, Ele aponta para a missão de restaurar a integridade da pessoa. A doença aqui não se limita ao corpo mas se refere também às rupturas interiores que desorientam o coração humano. Curar significa colaborar com a ação divina que reconduz todas as dimensões da existência ao eixo da verdade e da liberdade. É um chamado para que o discípulo seja instrumento de recomposição da vida, ajudando cada pessoa a reencontrar seu sentido, sua força e sua capacidade de caminhar com lucidez e firmeza.

A Ressurreição como Reerguimento da Vida

Ressuscitar os mortos significa participar da obra que devolve vitalidade ao que parecia encerrado ou perdido. Não se trata apenas do milagre físico mas da renovação profunda que Deus realiza quando o ser humano é reconduzido a uma vida que floresce novamente. O discípulo é convidado a ser portador dessa força que reanima, que reacende esperanças adormecidas e que sustenta os que se encontram mergulhados em escuridão. A ressurreição é o gesto divino que reafirma a dignidade de cada vida e a possibilidade de recomeço.

A Purificação que Reconduz à Comunhão

Purificar os leprosos significa restituir a dignidade daqueles que foram marcados pela exclusão. A lepra, na tradição bíblica, simboliza tudo aquilo que separa, isola e destrói vínculos. A purificação é o retorno da pessoa ao convívio, à confiança e à comunhão. Quando o discípulo participa dessa obra, ele se torna instrumento de reconciliação e construtor de um ambiente onde cada ser humano pode ser acolhido sem ser reduzido às suas feridas.

A Libertação das Forças que Oprimem

Expulsar demônios significa interromper o domínio de tudo aquilo que oprime e aprisiona o interior humano. Essa ordem de Jesus dirige-se à libertação de pensamentos destrutivos, medos paralisantes e forças espirituais que obscurecem a consciência. A missão do discípulo é ajudar o próximo a recuperar o governo da própria vida, a clareza da mente e a firmeza da vontade, para viver segundo a verdade que o Criador inscreveu na alma.

A Gratuidade como Forma Suprema de Serviço

A frase final gratuitamente recebestes, gratuitamente dai é o núcleo espiritual do mandato. O dom recebido de Deus não pode ser aprisionado por interesses pessoais. Ele se realiza plenamente quando é compartilhado. A gratuidade não diminui o discípulo mas o engrandece, pois o coloca em sintonia com o modo de agir do próprio Cristo, que tudo oferece sem buscar retribuição. Servir gratuitamente preserva a pureza das intenções, fortalece o bem e mantém o coração livre de ambições que corrompem.

A Missão como Chamado à Elevação Interior

Esse versículo torna-se um espelho da missão cristã que une cura, renovação, restauração e libertação em um único movimento de serviço. Ele convoca cada pessoa a integrar suas próprias áreas feridas, a reerguer-se das quedas, a purificar-se das sombras e a libertar-se das forças que a paralisam. E ensina que a vida só alcança sua plenitude quando o dom recebido se converte em doação. Assim, o discípulo percorre o caminho que reflete a ação divina no mundo, sendo presença que ilumina, fortalece e transforma.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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