segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

LITURGIA DA PALAVRA - Evangelho: João 1,1-18 - 31.12.2025

 Liturgia Diária


31 – QUARTA-FEIRA 

OITAVA DO NATAL


(branco, glória – ofício do dia)


“Liturgia da Palavra, Evangelho do dia e reflexões espirituais profundas para fortalecer a fé e a vida diária, usando a Biblia Sacra juxta Vulgatam Clementinam”


Isaías 9,5 (Vulgata Clementina)

Parvulus enim natus est nobis,
et filius datus est nobis;
et factus est principatus super humerum eius;
et vocabitur nomen eius:
Admirabilis Consiliarius, Deus fortis,
Pater futuri saeculi, Princeps pacis.


Porque um menino nasceu para nós,
e um filho nos foi dado;
o governo repousa sobre seus ombros;
e o seu nome será chamado:
Conselheiro admirável, Deus forte,
Pai do século futuro, Príncipe da paz.

 (Is 9,5).


Ao término de mais um ciclo, a consciência reconhece a ordem que sustenta o tempo e acolhe, sem resistência, tudo o que foi vivido. Cada acontecimento, favorável ou adverso, revela-se exercício de formação interior, conduzindo a alma à maturidade do juízo. A gratidão nasce do entendimento de que nada ocorre fora do Logos que governa o real. Assim, volta-se o olhar ao Princípio, não para pedir fuga do destino, mas para perseverar na retidão do caminho. Que a Luz do Filho acompanhe o novo tempo como razão que orienta, fortalece o ânimo e mantém o espírito firme diante das mudanças inevitáveis da existência.



Evangelium secundum Ioannem 1,1–18

In principio erat Verbum

  1. In principio erat Verbum, et Verbum erat apud Deum, et Deus erat Verbum.
    No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus.

  2. Hoc erat in principio apud Deum.
    Ele estava no princípio junto de Deus.

  3. Omnia per ipsum facta sunt, et sine ipso factum est nihil, quod factum est.
    Tudo foi feito por meio dele, e sem ele nada foi feito do que existe.

  4. In ipso vita erat, et vita erat lux hominum.
    Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.

  5. Et lux in tenebris lucet, et tenebrae eam non comprehenderunt.
    A luz brilha nas trevas, e as trevas não a venceram.

  6. Fuit homo missus a Deo, cui nomen erat Ioannes.
    Surgiu um homem enviado por Deus, cujo nome era João.

  7. Hic venit in testimonium ut testimonium perhiberet de lumine, ut omnes crederent per illum.
    Ele veio como testemunha para dar testemunho da luz, para que todos cressem por meio dele.

  8. Non erat ille lux, sed ut testimonium perhiberet de lumine.
    Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.

  9. Erat lux vera, quae illuminat omnem hominem venientem in hunc mundum.
    Era a luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo.

  10. In mundo erat, et mundus per ipsum factus est, et mundus eum non cognovit.
    Ele estava no mundo, o mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não o reconheceu.

  11. In propria venit, et sui eum non receperunt.
    Veio para o que era seu, mas os seus não o acolheram.

  12. Quotquot autem receperunt eum, dedit eis potestatem filios Dei fieri, his qui credunt in nomine eius.
    Mas a todos os que o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, aos que creem em seu nome.

  13. Qui non ex sanguinibus, neque ex voluntate carnis, neque ex voluntate viri, sed ex Deo nati sunt.
    Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

  14. Et Verbum caro factum est, et habitavit in nobis, et vidimus gloriam eius, gloriam quasi Unigeniti a Patre, plenum gratiae et veritatis.
    E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

  15. Ioannes testimonium perhibet de ipso, et clamat dicens Hoc erat quem dixi Qui post me venturus est ante me factus est, quia prior me erat.
    João dá testemunho dele e proclama dizendo Este era aquele de quem eu disse O que vem depois de mim passou à minha frente porque existia antes de mim.

  16. Et de plenitudine eius nos omnes accepimus, et gratiam pro gratia.
    E todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça.

  17. Quia lex per Moysen data est, gratia et veritas per Iesum Christum facta est.
    Pois a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.

  18. Deum nemo vidit umquam Unigenitus Filius, qui est in sinu Patris, ipse enarravit.
    Ninguém jamais viu a Deus o Filho Unigênito, que está no seio do Pai, foi quem o revelou.

Verbum Domini

Reflexão:
O Verbo revela que a origem de tudo não é o acaso, mas a razão que sustenta o ser.
A luz que atravessa as trevas ensina constância diante da instabilidade do mundo.
A vida verdadeira não depende do exterior, mas da adesão interior à verdade.
Reconhecer o Verbo é ordenar o próprio agir segundo o que permanece.
A plenitude recebida não isenta do esforço, mas o orienta.
Assim, o homem aprende a governar a si mesmo antes de querer governar o mundo.


Versículo mais importante:

Et Verbum caro factum est, et habitavit in nobis; et vidimus gloriam eius, gloriam quasi Unigeniti a Patre, plenum gratiae et veritatis.

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós; e vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. (Jo 1,14)


HOMILIA

O Verbo que Habita e Ordena o Ser

A luz que procede do Princípio não força caminhos, mas revela à alma a medida justa para viver com retidão e firmeza interior.

No princípio não há ruído nem conflito, mas sentido. Antes de qualquer forma visível, existe a Palavra que sustenta todas as coisas e lhes confere medida. Este início não pertence apenas ao passado, mas permanece ativo no íntimo de cada existência. O Verbo não é ideia distante, é presença que estrutura o pensamento, orienta o agir e chama o ser humano à maturidade interior.

Tudo veio à existência por meio desse Princípio. Nada é fruto do acaso absoluto. Cada vida carrega uma finalidade inscrita, um chamado silencioso à coerência entre o que se é e o que se faz. Quando o Evangelho afirma que nele estava a vida, revela que a vitalidade verdadeira não depende das circunstâncias externas, mas da adesão interior à razão que governa o real.

A luz que brilha nas trevas não elimina a obscuridade de imediato, mas a atravessa. Assim também ocorre no caminho interior. A claridade cresce à medida que a consciência se disciplina, aprende a distinguir o essencial do supérfluo e aceita que nem tudo pode ser dominado, mas compreendido. As trevas não vencem a luz porque não possuem consistência própria, apenas ausência de ordenação.

O Verbo entra no mundo sem violência. Habita entre os homens, assume a fragilidade da carne e revela que a grandeza não está na imposição, mas na fidelidade ao sentido. Ao fazer-se carne, ele confirma a dignidade da pessoa humana como portadora de valor intrínseco, não concedido por forças externas, mas enraizado no próprio ser.

Nesse mistério, a família surge como espaço primeiro de acolhimento e formação. É ali que a Palavra encontra morada concreta, onde a vida é recebida, cuidada e educada para reconhecer a verdade. A casa torna-se lugar de transmissão silenciosa do sentido, onde se aprende a responsabilidade, o respeito e a retidão do caráter.

Aos que acolhem o Verbo é concedida a capacidade de viver segundo uma filiação que não depende de impulsos passageiros, mas de uma origem mais alta. Essa filiação não se impõe, é reconhecida. Ela exige discernimento, domínio interior e fidelidade ao que permanece mesmo quando o mundo muda.

O Evangelho conclui afirmando que o Filho revela o Pai. Conhecer essa revelação não é acumular conceitos, mas permitir que a própria vida seja gradualmente ordenada por ela. Assim, o ser humano aprende a governar a si mesmo, a agir com firmeza e serenidade, e a caminhar com dignidade no tempo que lhe é dado.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós; e vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. Jo 1,14

Este versículo exprime o centro do mistério cristão ao afirmar que o princípio eterno do ser assume a condição humana sem perder sua plenitude. Não se trata de uma aparição simbólica, mas de uma presença real que une o invisível ao visível e confere sentido definitivo à existência humana.

O Verbo como fundamento do ser
O Verbo não é apenas palavra pronunciada, mas razão viva que sustenta tudo o que existe. Ao afirmar que ele se fez carne, o Evangelho declara que o fundamento da realidade entra no tempo e no espaço. Assim, o mundo não é fechado em si mesmo, nem entregue ao acaso. Ele permanece ligado a uma origem que lhe concede ordem, inteligibilidade e finalidade.

A carne como lugar de revelação
Ao habitar entre nós, o Verbo confirma a dignidade da condição humana. A corporeidade não é obstáculo ao sentido, mas seu lugar de manifestação. Cada gesto, cada relação e cada responsabilidade assumida podem tornar-se expressão do que é verdadeiro. A vida cotidiana deixa de ser trivial e passa a ser espaço de revelação e amadurecimento interior.

A glória percebida pelo olhar interior
A glória mencionada no Evangelho não se impõe por força ou espetáculo. Ela é reconhecida por quem desenvolve um olhar purificado e atento. Ver a glória do Unigênito significa perceber, na simplicidade da vida assumida, a presença do que é pleno e permanente. Essa percepção exige disciplina interior e fidelidade ao que é justo.

Graça e verdade como plenitude do caminho humano
Cheio de graça e de verdade indica que nele não há divisão entre o que se é e o que se manifesta. A graça não anula o esforço humano, mas o orienta. A verdade não oprime, mas esclarece. Nesse encontro, o ser humano aprende a viver com retidão, a ordenar seus afetos e a conduzir sua existência segundo uma medida que não se dissolve com o tempo.

Assim, Jo 1,14 revela que a encarnação não é apenas um evento do passado, mas um chamado permanente para que a vida humana seja habitada pelo sentido, pela fidelidade e pela responsabilidade diante do que permanece.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

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