Liturgia Diária
27 – SÁBADO
SÃO JOÃO
APÓSTOLO E EVANGELISTA
(branco, glória, pref. do Natal – ofício da festa)
“Liturgia da Palavra, Evangelho do dia e reflexões espirituais profundas para fortalecer a fé e a vida diária, usando a Biblia Sacra juxta Vulgatam Clementinam”
Vulgata Clementina (Eclesiástico / Sirácida 15,5):
In medio ecclesiae aperuit os eius,
et implevit eum Dominus spiritu sapientiae et intellectus,
et stolam gloriae induit eum.
No meio da Igreja o Senhor abriu-lhe a boca,
encheu-o com o espírito de sabedoria e de inteligência
e o revestiu com a veste da glória.(Eclo 15,5)
João surge como figura da interioridade livre, onde a razão contempla sem possuir e a verdade se oferece sem coerção. Sua proximidade ao Mestre não é privilégio político, mas afinidade de espírito: inclinar a cabeça é reconhecer a ordem do real e aceitar o Logos como medida. Seu testemunho não impõe, ilumina; não força, revela. O Verbo encarnado, por ele contemplado, afirma a dignidade da consciência e a responsabilidade pessoal diante da verdade. As cartas que lhe são atribuídas ensinam que a liberdade nasce do discernimento, que o amor exige autocontrole e que a justiça floresce quando o indivíduo harmoniza razão, virtude e transcendência interior.
Evangelium secundum Ioannis 20,2-8
Cucurrit ergo, et venit ad Simonem Petrum, et ad alium discipulum, quem amabat Iesus, et dicit eis Tulerunt Dominum de monumento, et nescimus ubi posuerunt eum.
Ela correu então e foi a Simão Pedro e ao outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes Tiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram.Exiit ergo Petrus, et ille alius discipulus, et venerunt ad monumentum.
Saiu então Pedro com o outro discípulo e foram ao sepulcro.Currebant autem duo simul et ille alius discipulus praecucurrit citius Petro et venit primus ad monumentum.
Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro.Et cum se inclinasset vidit posita linteamina non tamen introivit.
Inclinando-se, viu os panos de linho postos ali, mas não entrou.Venit ergo Simon Petrus sequens eum et introivit in monumentum et vidit linteamina posita.
Chegou então Simão Pedro, que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos de linho ali postos.Et sudarium quod fuerat super caput eius non cum linteaminibus positum sed separatim involutum in unum locum.
E o sudário que estivera sobre a cabeça não estava com os panos de linho, mas enrolado à parte em um lugar.Tunc ergo introivit et ille discipulus qui venerat primus ad monumentum et vidit et credidit.
Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, viu e acreditou.
Verbum Domini
Reflexão:
A verdade não se impõe pelo ímpeto, mas se revela àquele que observa com atenção.
Correr é natural ao impulso humano, porém compreender exige pausa interior.
A ordem visível aponta para uma razão que governa além do olhar imediato.
Quem respeita o limite do momento aprende a reconhecer o sentido oculto dos fatos.
A crença nasce quando a mente aceita o real sem violência sobre ele.
A liberdade interior se consolida ao alinhar razão e experiência.
Nada foi tomado, tudo foi cumprido segundo uma medida superior.
Crer é consentir com a realidade quando ela se apresenta clara à consciência.
Versículo mais important:
Tunc ergo introivit et ille discipulus qui venerat primus ad monumentum, et vidit et credidit.
Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, viu e acreditou.(Jo 20,8)
HOMILIA
O Silêncio que Conduz à Visão
O relato do sepulcro vazio não começa com uma afirmação, mas com um movimento interior. Há uma corrida, um impulso, uma busca que nasce da ausência. O túmulo aberto não fala de perda, mas de transição. A alma humana, ao perceber que o que sustentava suas certezas não está mais onde esperava, é convidada a amadurecer o olhar e a liberdade.
Pedro entra com firmeza, representando a coragem da razão que enfrenta o desconhecido. O outro discípulo inclina-se antes de entrar, sinal da interioridade que respeita o tempo do sentido. Ambos veem os sinais dispostos com ordem. Nada foi violado. Tudo indica uma ação que supera a força e revela intenção.
A fé nasce quando a consciência reconhece que o real possui uma lógica mais alta que o medo. Crer não é negar o mundo, mas compreendê-lo à luz de uma verdade que liberta sem constranger. Assim se forma a dignidade da pessoa e da família, quando cada um aprende a ver, discernir e consentir com aquilo que conduz à plenitude interior.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
Viu e acreditou
Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, viu e acreditou (Jo 20,8)
O olhar que amadurece
Este versículo descreve o instante em que a percepção sensível se eleva ao entendimento interior. O discípulo não encontra uma prova material direta, mas reconhece uma ordem silenciosa que não pode ser fruto do acaso. O olhar atento não se detém na ausência do corpo, mas na coerência dos sinais. A fé nasce quando a razão aceita que o real possui uma profundidade que ultrapassa a aparência imediata.
A liberdade do assentimento
Crer aqui não é submissão cega, mas adesão consciente. O discípulo entra por decisão própria, vê por si mesmo e acredita sem imposição externa. Esse movimento revela a dignidade da consciência humana, chamada a responder livremente à verdade quando ela se manifesta com clareza interior.
A vitória do sentido sobre o medo
O sepulcro vazio deixa de ser ameaça e torna-se anúncio. O medo da perda cede lugar à confiança na continuidade do sentido. A crença afirma que a vida não está sujeita ao caos, mas inscrita numa ordem superior que sustenta a existência e orienta a esperança.
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