sábado, 20 de dezembro de 2025

LITURGIA DA PALAVRA - Evangelho: Mateus 1,18-24 - 21.12.2025 

 Liturgia Diária


21 – DOMINGO 

4º DOMINGO DO ADVENTO


(roxo, creio, prefácio do Advento II ou IIA – 4ª semana do saltério)


“Liturgia da Palavra, Evangelho do dia e reflexões espirituais profundas para fortalecer a fé e a vida diária, usando a Biblia Sacra juxta Vulgatam Clementinam”


Bíblia Sacra juxta Vulgatam Clementinam

Rorate, caeli, desuper,
et nubes pluant iustum;
aperiatur terra,
et germinet Salvatorem,
et iustitia oriatur simul;
ego Dominus creavi eum.


Céus, deixai cair o orvalho,
e as nuvens façam chover o justo;
abra-se a terra
e faça germinar o Salvador,
e com Ele brote a justiça;
eu, o Senhor, o criei.

(Is 45,8)


A Eucaristia recorda à consciência que a esperança não é espera passiva, mas exercício interior de fidelidade ao que se anuncia no tempo. Ela orienta a alma para a presença que se aproxima, convidando cada ser a assumir, com liberdade responsável, a própria vocação. À maneira de Maria e José, não por submissão, mas por discernimento lúcido, o coração se torna morada quando escolhe abrir-se. O caminho percorrido no ano jubilar da Encarnação ensina que a verdadeira ordem nasce de dentro: da disciplina do espírito, da aceitação do dever e da confiança racional na harmonia que governa o mundo.



Evangelium secundum Matthaeum 1,18-24

18
Christi autem generatio sic erat. Cum esset desponsata mater eius Maria Ioseph, antequam convenirent, inventa est in utero habens de Spiritu Sancto.
Ora, a geração de Cristo foi assim. Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de coabitarem, achou-se que tinha concebido pelo Espírito Santo.

19
Ioseph autem vir eius, cum esset iustus et nollet eam traducere, voluit occulte dimittere eam.
José, seu esposo, sendo justo e não querendo expô-la à infâmia, resolveu deixá-la secretamente.

20
Haec autem eo cogitante, ecce angelus Domini apparuit in somnis ei dicens Ioseph fili David noli timere accipere Mariam coniugem tuam quod enim in ea natum est de Spiritu Sancto est.
Enquanto assim pensava, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e disse José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo.

21
Pariet autem filium et vocabis nomen eius Iesum ipse enim salvum faciet populum suum a peccatis eorum.
Ela dará à luz um filho e tu lhe porás o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados.

22
Hoc autem totum factum est ut adimpleretur quod dictum est a Domino per prophetam dicentem.
Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta.

23
Ecce virgo in utero habebit et pariet filium et vocabunt nomen eius Emmanuel quod est interpretatum Nobiscum Deus.
Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe darão o nome de Emanuel, que quer dizer Deus conosco.

24
Exsurgens autem Ioseph a somno fecit sicut praecepit ei angelus Domini et accepit coniugem suam.
Despertando do sono, José fez como o anjo do Senhor lhe havia ordenado e recebeu sua esposa.

Verbum Domini

Reflexão:
A narrativa revela que a ordem do mundo se realiza quando a consciência escolhe agir com retidão mesmo na incerteza.
José não é movido por impulso, mas por juízo interior e responsabilidade pessoal.
A confiança nasce do silêncio que escuta e decide sem coerção externa.
O acontecimento ensina que a liberdade amadurece ao aceitar o dever que se apresenta.
O tempo não é obstáculo, mas campo de ação para a fidelidade consciente.
O invisível orienta o visível quando a razão reconhece seus limites.
Assim, a história avança pela adesão voluntária ao bem possível.
E a esperança se torna ato concreto no interior de cada escolha.


Versículo mais importante:

Pariet autem filium et vocabis nomen eius Iesum ipse enim salvum faciet populum suum a peccatis eorum.

Ela dará à luz um filho e tu lhe porás o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados.(Mt 1,21)


HOMILIA

O Silêncio que Gera a Vida

A Encarnação acontece quando a liberdade interior, guardada no silêncio da consciência, escolhe acolher o eterno e transformar o dever em dignidade vivida.

O Evangelho da origem de Jesus revela um mistério que não se impõe pela força, mas se oferece à consciência que sabe escutar. Tudo começa no silêncio interior de José, onde a liberdade não é ausência de dever, mas adesão lúcida ao bem que se manifesta sem ruído. Antes de qualquer explicação exterior, há um movimento da alma que aprende a confiar sem abdicar da razão.

Maria aparece como espaço aberto ao infinito, não por anulação de si, mas por plenitude de dignidade. Nela, a liberdade atinge sua forma mais alta, pois consente sem perder identidade. A Encarnação não viola a ordem humana, mas a eleva, mostrando que a verdadeira evolução interior ocorre quando o coração se torna receptivo à verdade que o transcende.

José, ao decidir proteger o mistério, ensina que a justiça mais profunda não nasce da rigidez, mas da fidelidade ao que é justo mesmo quando não é compreendido. Sua escolha preserva a dignidade da pessoa e da família, fundando um espaço onde a vida pode crescer sem exposição nem violência. A família surge assim como o primeiro santuário da liberdade responsável.

O anúncio do nome revela a missão. Dar nome é reconhecer identidade e finalidade. Jesus é aquele que reconduz o ser humano à sua integridade, libertando-o da fragmentação interior. Essa salvação não é fuga do mundo, mas reconciliação com o sentido mais alto da existência.

O sonho de José indica que o espírito amadurecido aprende a discernir além da aparência. O invisível não anula o visível, mas o orienta. Quando a consciência aceita ser guiada por uma ordem superior, o agir humano se harmoniza com o desígnio que sustenta todas as coisas.

Assim, Mateus nos mostra que a história avança não pela imposição, mas pela cooperação livre. A Encarnação começa no interior da alma que escolhe confiar, proteger e acolher. É nesse espaço de liberdade digna que o eterno encontra morada no tempo.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Ela dará à luz um filho e tu lhe porás o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados Mt 1,21

Mistério do Nome
O nome revelado não é simples identificação, mas expressão da missão inscrita no próprio ser. Ao receber o nome Jesus, o Filho manifesta sua origem e finalidade. O nome indica que a existência humana encontra sentido quando está orientada para a restauração interior e para a verdade que reconduz a pessoa à sua unidade mais profunda.

A Salvação como Restauração Interior
Salvar não significa apenas livrar de consequências externas, mas curar a ruptura que desorganiza o interior humano. O pecado é apresentado como desvio do eixo da consciência, perda de direção e fragmentação do sentido. A ação de Jesus reconduz o ser humano ao centro onde a liberdade volta a harmonizar-se com o bem.

Liberdade e Acolhimento
O nascimento do Salvador não acontece por imposição, mas por acolhimento. A obediência de Maria e a decisão de José revelam que a liberdade alcança sua plenitude quando consente com a verdade reconhecida. A salvação se oferece, mas só se realiza onde há abertura consciente e responsável.

O Povo como Comunhão de Pessoas
A expressão seu povo não aponta para massa indistinta, mas para uma comunhão formada por pessoas singulares unidas pelo reconhecimento de um mesmo sentido. Cada indivíduo é preservado em sua dignidade, e a unidade nasce da adesão interior, não da uniformidade exterior.

O Tempo Visitado pelo Eterno
Ao nascer no tempo, o Salvador não anula a história, mas a eleva. O eterno entra no humano para ordenar o que estava disperso. Assim, o versículo revela que a redenção começa no íntimo e se expande para a vida inteira, restaurando a ordem do ser e a esperança que sustenta a caminhada humana.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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