segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

LITURGIA DA PALAVRA - Evangelho: Lucas 1,57-66 - 23.12.2025

 Liturgia Diária


23 – TERÇA-FEIRA 

4ª SEMANA DO ADVENTO


(roxo, pref. do Advento II ou IIA – ofício do dia)

“Liturgia da Palavra, Evangelho do dia e reflexões espirituais profundas para fortalecer a fé e a vida diária, usando a Biblia Sacra juxta Vulgatam Clementinam”


Parvulus enim natus est nobis,
et vocabitur nomen eius Deus fortis;
et benedicentur in ipso omnes gentes terrae.

Pois um pequenino nasceu para nós,
e o seu nome será chamado Deus forte;
e nele serão abençoados todos os povos da terra.

(Is 9,6; Sl 71,17).


À medida que o Natal se aproxima, o nascimento de João Batista pode ser contemplado como um sinal de ordem interior e de disciplina do espírito. Sua vinda não é celebração do acaso, mas da preparação consciente: ele surge para endireitar caminhos antes que o sentido maior se revele. João representa o homem que domina a si mesmo antes de pretender transformar o mundo, aquele que compreende que a liberdade começa no governo interior e na clareza moral. Sua alegria não é ruidosa, mas firme, fruto da fidelidade à própria vocação. Assim, ele recorda que toda renovação autêntica exige responsabilidade, vigilância e coragem para preceder o que ainda não chegou.



Evangelium secundum Lucam 1,57-66

  1. Elisabeth autem impletum est tempus pariendi, et peperit filium.
    Completou-se para Isabel o tempo do parto, e ela deu à luz um filho.

  2. Et audierunt vicini et cognati eius quia magnificavit Dominus misericordiam suam cum illa, et congratulabantur ei.
    Seus vizinhos e parentes ouviram que o Senhor lhe manifestara grande misericórdia, e alegraram-se com ela.

  3. Et factum est in die octavo venerunt circumcidere puerum, et vocabant eum nomine patris sui Zachariam.
    No oitavo dia foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias.

  4. Et respondens mater eius dixit: Nequaquam, sed vocabitur Ioannes.
    A mãe, porém, respondeu e disse: De modo algum, ele será chamado João.

  5. Et dixerunt ad illam: Quia nemo est in cognatione tua qui vocetur hoc nomine.
    Disseram-lhe então: Não há ninguém na tua parentela que tenha esse nome.

  6. Innuebant autem patri eius quem vellet vocari eum.
    E perguntavam por sinais ao pai como queria que o menino se chamasse.

  7. Et postulans pugillarem scripsit dicens: Ioannes est nomen eius. Et mirati sunt universi.
    Pedindo uma tabuinha, ele escreveu: João é o seu nome. E todos ficaram admirados.

  8. Apertum est autem illico os eius et lingua eius, et loquebatur benedicens Deum.
    Imediatamente sua boca se abriu e sua língua se soltou, e ele falava bendizendo a Deus.

  9. Et factus est timor super omnes vicinos eorum: et super omnia montana Iudaeae divulgabantur omnia verba haec.
    O temor tomou todos os seus vizinhos, e por toda a região montanhosa da Judeia comentavam-se esses acontecimentos.

  10. Et posuerunt omnes qui audierant in corde suo dicentes: Quis, putas, puer iste erit? Etenim manus Domini erat cum illo.
    Todos os que ouviam guardavam isso no coração e diziam: Que virá a ser este menino? Pois a mão do Senhor estava com ele.

Verbum Domini

Reflexão:
O nascimento de João revela que a ordem da vida não nasce do consenso, mas da fidelidade ao que foi discernido no silêncio.
A escolha do nome rompe expectativas e afirma a primazia da consciência sobre a tradição mecânica.
A liberdade verdadeira exige coragem para sustentar decisões mesmo quando não são compreendidas.
O silêncio de Zacarias ensina que o domínio interior precede a palavra justa.
Quando a ação é reta, o tempo se encarrega de justificar o gesto.
O assombro dos que observam nasce da coerência entre promessa e realização.
Toda existência ganha sentido quando se orienta por responsabilidade e clareza.
Assim se prepara o caminho para aquilo que ultrapassa o indivíduo sem anulá-lo.


Versículo mais importante:

Et posuerunt omnes qui audierant in corde suo dicentes: Quis, putas, puer iste erit? Etenim manus Domini erat cum illo.

Todos os que ouviam guardavam isso no coração e diziam: Que virá a ser este menino? Pois a mão do Senhor estava com ele. (Lc 1,66)


HOMILIA

O Nome que Desperta o Destino

A verdadeira renovação nasce quando a consciência é livre para reconhecer seu chamado, a família honra a dignidade de cada pessoa, e a ordem interior orienta escolhas responsáveis antes de qualquer imposição externa.

O Evangelho do nascimento de João Batista revela que toda verdadeira transformação começa no silêncio obediente da interioridade. Isabel gera no tempo certo aquilo que já havia sido gestado no invisível. Nada é apressado, nada é forçado. A vida segue um ritmo que respeita a maturação do ser, ensinando que a evolução interior não nasce da agitação, mas da fidelidade ao que foi confiado.

A escolha do nome rompe com a repetição automática do passado. Ao dizer João, afirma-se que cada pessoa não é simples continuidade biológica ou social, mas portadora de um chamado singular. A dignidade humana manifesta-se quando a liberdade interior se submete à verdade percebida, e não à pressão do costume. Assim, a família torna-se o primeiro espaço onde a consciência aprende a escutar antes de falar.

O silêncio de Zacarias não é punição, mas purificação. Privado da palavra, ele é conduzido ao governo de si mesmo. Quando escreve o nome do filho, sua voz retorna, pois agora nasce de um centro ordenado. A palavra verdadeira só floresce quando o interior foi alinhado.

O assombro dos vizinhos indica que uma vida coerente sempre irradia sentido além de si. O temor não é medo, mas reconhecimento de que há uma ordem maior atuando na história. Guardar no coração é aceitar que o destino humano se revela progressivamente, exigindo responsabilidade e atenção.

João nasce como sinal de que preparar caminhos é tarefa silenciosa e firme. Cada pessoa é chamada a endireitar primeiro os próprios passos. Quando a liberdade interior se une à fidelidade, a vida torna-se espaço onde o invisível pode agir sem violência, elevando o ser humano sem anulá-lo.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Lc 1,66
Todos os que ouviam guardavam isso no coração e diziam que virá a ser este menino pois a mão do Senhor estava com ele

O recolhimento interior como lugar da revelação
Guardar no coração indica mais do que memória afetiva. Trata-se de um movimento interior pelo qual o ser humano acolhe o sentido antes de formular juízos. O coração é apresentado como centro unificador da pessoa, onde inteligência e vontade se encontram. A verdade não se impõe de fora, mas amadurece no interior daquele que sabe escutar. Assim, o mistério não é consumido de imediato, mas respeitado em seu tempo próprio.

A pergunta que abre o futuro
A interrogação sobre o destino do menino não nasce da curiosidade vazia, mas do reconhecimento de que a vida humana possui uma direção que antecede qualquer planejamento. Perguntar quem ele será é admitir que a existência não se reduz à herança familiar nem às expectativas sociais. Cada pessoa carrega uma possibilidade singular que se desdobra à medida que responde com liberdade ao chamado que lhe é confiado.

A ação divina que não anula a liberdade
A afirmação de que a mão do Senhor estava com ele não sugere imposição ou determinismo. Indica uma presença sustentadora que acompanha sem substituir. O agir divino não elimina a responsabilidade humana, mas oferece fundamento e orientação. A dignidade da pessoa se manifesta justamente nessa cooperação silenciosa entre auxílio recebido e decisão assumida.

O sentido que emerge da ordem interior
O assombro dos que observam revela que quando há coerência entre origem, nome e vida, algo maior se torna perceptível. A ordem que governa o interior da pessoa irradia estabilidade e desperta reverência. Assim, o texto aponta para uma compreensão elevada da existência, na qual a liberdade floresce quando reconhece sua origem e caminha com fidelidade rumo ao que foi chamado a ser.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

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