Quinta-Feira, 14 de Fevereiro
de 2013
Quinta-feira depois das
Cinzas
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de
Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, disse Jesus
aos seus discípulos:
22“O Filho do Homem deve
sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da
Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”.
23Depois Jesus disse a todos:
“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e
siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a
sua vida por causa de mim, esse a salvará.
25Com efeito, de que adianta
a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?”
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Anúncio da morte e ressurreição de Jesus
Os evangelistas, cada um a
sua maneira, se referem à questão da identidade de Jesus. A interpretação
dominante, entre os discípulos vindos do judaísmo, era que Jesus seria o
messias davídico esperado conforme a tradição antiga do Primeiro Testamento.
Jesus rejeita ser identificado com este messias (”cristo”) restaurador do
reinado de Davi. É o momento de deixar isto claro. A partir da interrogação
sobre quem Ele é, Jesus identifica-se como o “Filho do Homem”. Esta expressão,
muito freqüente no livro de Ezequiel, refere-se a comum condição humana,
humilde e frágil. Enquanto “humano” Jesus é vulnerável ao sofrimento e à morte.
A “necessidade” deste sofrimento não significa um determinismo, mas as
implicações inevitáveis decorrentes do compromisso libertador assumido por
Jesus. Os poderes constituídos necessariamente vão reagir contra a prática
libertadora de Jesus e de seus discípulos, e procurarão destruí-los. Porém,
Jesus revela que ao “humano” foi dada, por Deus, a vida eterna. Perder a vida
de sucesso oferecida por este mundo e consagrar-se ao seguimento de Jesus
significa a comunhão com o Pai em sua vida divina e eterna.
Para Lucas, o que conta é a
ressurreição, não a morte. Mesmo ao descrever a morte com traços vivos,
destacando a inocência de Jesus, seu caráter de mártir, Lucas não lhe dá o
sentido salvífico. Se, de fato, Lucas é um grego, então se pode ver nisto um
motivo para não apelar para a morte expiatória e vicária, pois esta era
teologia judaica. No contexto grego de Lucas é muito mais importante ressaltar
a ressurreição, pois a morte para os gregos é loucura (1Cor 1,23).
- O Filho do Homem terá de
sofrer muito. Ele será rejeitado pelos líderes judeus, pelos chefes dos
sacerdotes e pelos mestres da Lei. Será morto e, no terceiro dia, será
ressuscitado.
A morte de Jesus como vitória
sobre o sofrimento e, sobretudo sobre os poderes da morte ,e a de descer aos
infernos e lutar com a morte, era uma idéia bem conhecida no oriente e no
ocidente. Faz parte da mitologia de muitos povos que a aplicavam aos seus
heróis. Esta idéia penetrou no judaísmo tardio e dali passou para o Novo
Testamento. Nesta mesma perspectiva, também Cristo tem vencido os poderes da
perdição. Ele conquistou a salvação descendo ao reino dos mortos, libertando os
que aí estavam presos , desde Adão até o último homem.
“A concepção é de que Cristo,
na hora de sua morte, desce até ali e derrota – numa luta – o príncipe dos
demônios. No Novo Testamento encontram-se vestígios desta visão mítica. Em Mt
27,51-53 se narra que no momento da morte de Jesus a terra tremeu e se abriu,
muitos mortos saíram de suas sepulturas e entraram na cidade. Assim Jesus, pela
sua morte liberta os mortos que lá estavam presos. Com esta visão mítica,
personifica-se o poder que age sobre a morte. O diabo, a morte e as forças do
mal se confundem. A morte de Jesus assim é vista como resgate e a destruição
deste poder. Pela sua morte Jesus destruiu a morte (1Cor 15,24.26; 2Ts 2,8; 2Tm
1,10; Hb 2,14). “Assim, pois, já que os filhos têm em comum o sangue e a carne,
também Ele participou igualmente da mesma condição, a fim de, por sua morte,
reduzir à impotência daquele que detinha o poder da morte, isto é, o diabo” (Hb
2,14).
Através de sua morte, Jesus
destruiu o poder da morte, deixando o ser humano livre. Mas, antes da
Ressurreição existe a cruz. E Ele quer advertir os seus para que fiquem
preparados para ela. Como aos apóstolos também cada um de nós está sendo
convidado a segui-lo, passando por tudo o que Ele passou, a fim de que no final
possamos ressuscitar com Ele para a eternidade.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário