Evangelho (Lucas 2,22-40)
Sábado, 2 de Fevereiro de 2013
Apresentação do Senhor
— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!
22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e
do filho, conforme a lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a
fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na lei do Senhor: “Todo
primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”.
24Foram também oferecer o sacrifício — um par de rolas ou
dois pombinhos — como está ordenado na Lei do Senhor. 25Em Jerusalém, havia um
homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do
povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26e lhe havia anunciado que não
morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor.
27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os
pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou
o menino nos braços e bendisse a Deus: 29“Agora, Senhor, conforme a tua
promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua
salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as
nações e glória do teu povo Israel”.
33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam
a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este
menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel.
Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de
muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”.
36Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de
Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha
sido casada e vivera sete anos com o marido. 37Depois ficara viúva, e agora já
estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a
Deus com jejuns e orações. 38Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus
e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor,
voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40O menino crescia e tornava-se
forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!
HOMILIA
Meus olhos viram a
salvação
A apresentação evidenciou os dois grandes eixos da
existência de Jesus: sua humanidade e sua divindade. Fora apresentado o homem
Jesus, com todas as suas características socioculturais e familiares, em sua
fragilidade de recém-nascido, na pobreza de seus pais, inferiorizado, em termos
religiosos, por ser galileu. No menino Jesus, expressou-se a humanidade, de
forma irrestrita. Ele não fora poupado em nada, ao aceitar encarnar-se na
história humana.
A narrativa de Lucas é envolvida pelo tema da contradição.
Por um lado, Lucas acentua o empenho dos pais de Jesus em inseri-lo nas
observâncias legais. Por cinco vezes é dito que tudo era feito conforme Lei.
Porém, na profecia de Simeão, o menino será um sinal de contradição. Quem era
conduzido pelos pais na observância da Lei, crescendo em sabedoria e graça,
será o profeta que denuncia a opressão da Lei e a corrupção do Templo,
proclamando a libertação e a bem-aventurança dos pobres. O amadurecimento no
amor liberta e cria novas relações justas e fraternas entre homens e mulheres.
Fiéis às tradições religiosas do povo, Maria e José
cumpriram o rito de apresentação do filho primogênito. Este gesto simples
revestiu-se de simbolismo. Quem tinha sido levado ao templo, mais que filho de
Maria e José, era o Filho de Deus.
Entretanto, ao consagrá-lo a Deus e fazendo-o, daí em
diante, pertencer-lhe totalmente, a liturgia evidenciava a divindade de Jesus.
Aquele menino indefeso pertencia inteiramente a Deus, em quem sua existência
estava enraizada. Era o Filho de Deus. Por isso, no templo, estava em sua
própria casa. Suas palavras e ações seriam a manifestações do amor de Deus. Por
meio dele, seria possível chegar até Deus. Uma vez que podia ser contemplada em
sua pessoa, sua divindade fazia-se palpável na história humana. Assim se
explica por que Simeão viu a salvação de Deus.
Embora esta festa de 2 de fevereiro caia fora do tempo de
Natal, é parte integrante do relato de Natal. É uma faísca do Natal, é uma
epifania do quadragésimo dia.
É uma festa antiqüíssima de origem oriental. A Igreja de
Jerusalém já a celebrava no século IV. Era celebrada aos quarenta dias da festa
da epifania, em 14 de fevereiro. A peregrina Eteria, que conta isto em seu
famoso diário, acrescenta o interessante comentário de que se “celebrava com a maior
alegria, como se fosse páscoa”‘. De Jerusalém, a festa se propagou para outras
igrejas do Oriente e do Ocidente. No século VII, se não antes, havia sido
introduzida em Roma. A procissão com velas se associou a esta festa. A Igreja
romana celebrava a festa quarenta dias depois do natal.
A festa da Apresentação celebra uma chegada e um encontro; a
chegada do Salvador esperado, núcleo da vida religiosa do povo, e as
boas-vindas concedidas a ele por dois representantes dignos da raça eleita,
Simeão e Ana. Por sua proveta idade, estes dois personagens simbolizam os
séculos de espera e de fervoroso anseio dos homens e mulheres devotos da antiga
aliança. Na realidade, representam a esperança e o anseio da raça humana.
A procissão representa a peregrinação da própria vida. O
povo peregrino de Deus caminha penosamente através deste mundo do tempo, guiado
pela luz de Cristo e sustentado pela esperanças de encontrar finalmente ao
Senhor da glória em seu reino eterno. O sacerdote diz na benção das velas: “Que
quem as levas para enaltecer tua glória caminhemos no caminho de bondade e
vamos à luz que brilha para sempre”.
A vela que levamos em nossas mãos lembra a vela de nosso
batismo. E o sacerdote diz: ” guardem a chama da fé viva em seus corações. Que
quando o Senhor vier saiam a seu encontro com todos os santos no reino
celestial”. Este será o encontro final, a apresentação , quando a luz da fé se
converter na luz da glória. Então será a consumação de nosso mais profundo
desejo, a graça que pedimos na pós-comunhão da missa.
Por estes sacramentos que recebemos, enche-nos com tua
graça, Senhor, tu que encheste plenamente a esperança de Simeão; e assim como
não o deixaste morrer sem ter segurando Cristo nos braços, concede a nós, que
caminhamos ao encontro do Senhor, merecer o prêmio da vida eterna.
Ó Maria, Mãe de Cristo e nossa Mãe, agradecemos-te o cuidado
com que nos acompanhas ao longo do caminho da vida, enquanto te pedimos: neste
dia volta a apresentar-nos a Deus, nosso único bem, a fim de que a nossa vida,
consumida pelo Amor, seja um sacrifício vivo, santo e do seu agrado.
Assim seja!
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova
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