Evangelho (Marcos 6,14-29)
Sexta-Feira, 8 de Fevereiro de 2013
4ª Semana Comum
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 14o rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo
nome se tinha tornado muito conhecido. Alguns diziam: “João Batista ressuscitou
dos mortos. Por isso os poderes agem nesse homem”. 15Outros diziam: “É Elias”.
Outros ainda diziam: “É um profeta como um dos profetas”.
16Ouvindo isto, Herodes disse: “Ele é João Batista. Eu
mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou!” 17Herodes tinha mandado
prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de
Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado.
18João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a
mulher do teu irmão”. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não
podia. 20Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e
santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado
quando o escutava.
21Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de
Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e
os cidadãos importantes da Galileia. 22A filha de Herodíades entrou e dançou,
agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Pede-me o que
quiseres e eu te darei”. 23E lhe jurou dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que
me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”.
24Ela saiu e perguntou à mãe: “Que vou pedir?” A mãe
respondeu: “A cabeça de João Batista”. 25E, voltando depressa para junto do
rei, pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”.
26O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha
feito o juramento diante dos convidados. 27Imediatamente, o rei mandou que um
soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão,
28trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29Ao
saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o
sepultaram.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Orientados por quem e
para quê?
O Evangelho em Mc 6, 14-29 nos apresenta a surpreendente e,
ao mesmo tempo, espantosa motivação da morte do Precursor do Messias, o qual
comparou João Batista e indicou-lhe como marco do Reino combatido e como o cumprimento do retorno de Elias: «A
partir dos dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e
violentos procuram arrebatá-lo. Pois João foi o tempo das profecias – de todos
os Profetas e da Lei. E, se quereis aceitar, ele é o Elias que há de vir. Quem
tem ouvidos ouça» (Mt 11, 12).
Infelizmente Herodes, Herodíades e sua filha “Herodoida”
(para não ficar sem nome), não quiseram acolher e seguir os sinais de Deus, ou
seja, tendo ouvidos não quiseram ouvir o Senhor por intermédio do profeta. Também
o Evangelho, longe de fazer da ignorância um “oitavo sacramento”, demonstra o
quanto o desconhecimento verdadeiro do
rosto de Deus, em Cristo, é e será sempre um grande prejuízo ao ser humano.
Assim testemunha o Evangelho: «O rei Herodes ouviu falar de Jesus, pois o nome
dele tinha-se tornado muito conhecido. Alguns até diziam…» (Mc 6, 14).
O nome de Jesus é poderoso e salva quando entendido como a
Pessoa de Cristo sendo reconhecida, e não reduzido a uma mera “informação” que
entra pelos ouvidos e para na memória. “Conhecer” e “reconhecer”, na Bíblia,
traduz uma experiência e uma relação que envolve pessoas. Para isto precisamos
de fé e muito auxílio do Espírito Santo de Deus, o qual nunca faltou para quem
quer que fosse, em todos os tempos e lugares.
Mas quem recusa o Deus que fala em nossa consciência, antes
de tudo, vai endurecendo o coração e o ouvido para a Palavra e os Seus servos,
por isso a família de Herodes – que necessitava urgentemente de salvação – foi
se fechando ao verdadeiro amor do Pai, disposto a restaurar a sociedade a
partir de cada pessoa e família.
João Batista, docilmente, foi somente profeta para eles:
«Pois João vivia dizendo a Herodes: ‘Não te é permitido ter a mulher do teu
irmão’. Por isso Herodíades lhe tinha ódio e queria matá-lo, mas não conseguia,
pois Herodes temia João, sabendo que era homem justo e santo, e até lhe dava
proteção. Ele gostava muito de ouvi-lo, mas ficava desconcertado» (Mc 6,
18-20). Donde nasceu tanta violência contra um profeta do Reino de Deus? Até onde
foi o gosto de Herodes pela escuta da vontade do Senhor, o seu temor perante um
mensageiro de Deus, também para a sua família?
Poderíamos arriscar esta resposta: “Foi até onde começava a
entrega às suas paixões desorientadas, no adultério, orgulhosa incapacidade de
voltar, apego à própria imagem perante
os convidados e a falta de sensibilidade à vida alheia” (cf. Mc 6, 22.26).
É verdade que paixões todos nós as temos, como a Igreja –
perita em humanidade – tão bem ensina e expressa no Catecismo: «O termo
‘paixão’ pertence ao patrimônio cristão. Os sentimentos ou paixões são as
emoções ou movimentos da sensibilidade. As paixões são componentes naturais do
psiquismo humano.
O mais fundamental é o amor, provocado pela atração do bem.
O amor causa o desejo do bem ausente e a esperança de alcançá-lo. Este
movimento tem o seu termo no prazer. “Amar é querer bem a alguém”. Todos os
outros afetos nascem, neste movimento original, do coração do homem para o bem.
Só o bem é amado. “As paixões são más se o amor for mau, e boas se ele for
bom”» (CIC nºs 1763-1766).
Assim, também nós temos a potencialidade de agirmos como
Herodes, Herodíades ou a “Herodoida” se não consagrarmos constantemente as
nossas paixões ao Espírito Santo que quer derramar constantemente o verdadeiro
amor nos nossos corações (cf. Rm 5,5). Tomados pela Pessoa-Amor, as paixões
pessoais e dos outros não nos “endoidarão” ou nos instrumentalizarão, e a
paixão fundamental – o amor – conduzirá tudo para o bem.
Sabemos da parte de Deus e de João, que ele acabou
prefigurando também, com o seu “injusto” julgamento e morte, o julgamento e
morte de Jesus Cristo. No entanto, da parte dos agentes daquele mal fica também
o ensinamento para todos os tempos, a começar para mim, que não basta ouvirmos
o nome de Jesus nem admirarmos os profetas de Deus, tampouco gostarmos de
ouvi-los, É preciso transcendermos os meios e ficarmos com o essencial
anunciado: a Palavra de Deus obedecida com a vida e a morte!
Padre Fernando Santamaria – Comunidade Canção Nova
Fonte: Canção Nova
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