terça-feira, 8 de julho de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 10:7-15 - 10.07.2025

 Liturgia Diária


10 – QUINTA-FEIRA 

14ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Recebemos, Senhor, vossa misericórdia no meio do vosso templo. Como vosso nome, ó Deus, assim vosso louvor ressoa até os confins da terra; vossa destra está cheia de justiça (Sl 47,10s).


A alma que se alinha ao coração divino transcende o ressentimento e reconhece no perdão um ato de soberania interior. Ao libertar-se da prisão da revanche, ela afirma a dignidade do outro e resguarda a integridade de si mesma. Perdoar não é esquecer, mas escolher não submeter-se ao domínio da dor. Promover a paz é cultivar um mundo onde a consciência se torne espaço de reconciliação. A verdadeira paz nasce da liberdade de amar sem medida e da coragem de agir com justiça mesmo diante da injustiça. Assim, a missão se cumpre: libertar, unir e restaurar a comunhão entre os homens.



Evangelium secundum Matthaeum 10,7-15

Título litúrgico: Feria Quinta XIV per Annum

7. Euntes autem praedicate dicentes: Quia appropinquavit regnum caelorum.
E, ao irem, proclamai: O Reino dos Céus está próximo.

8. Infirmos curate, mortuos suscitate, leprosos mundate, daemones eicite: gratis accepistis, gratis date.
Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.

9. Nolite possidere aurum neque argentum neque pecuniam in zonis vestris:
Não leveis ouro, nem prata, nem moedas em vossos cintos;

10. non peram in via, neque duas tunicas, neque calceamenta, neque virgam: dignus enim est operarius cibo suo.
nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão; pois o operário é digno do seu sustento.

11. In quamcumque civitatem aut castellum intraveritis, interrogate quis in ea dignus sit: et ibi manete donec exeatis.
Em qualquer cidade ou povoado em que entrardes, procurai saber quem ali seja digno, e ficai com ele até partirdes.

12. Intrantes autem in domum, salutate eam dicentes: Pax huic domui.
Ao entrardes na casa, saudai-a, dizendo: Paz a esta casa.

13. Et siquidem fuerit domus digna, veniat pax vestra super eam: si autem non fuerit digna, pax vestra ad vos revertatur.
Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se não for digna, a vossa paz volte para vós.

14. Et quicumque non receperit vos, neque audierit sermones vestros: exeuntes foras de domo vel civitate illa, excutite pulverem de pedibus vestris.
E, se alguém não vos receber ou não escutar vossas palavras, ao sair daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés.

15. Amen dico vobis: Tolerabilius erit terrae Sodomorum et Gomorrhaeorum in die iudicii, quam illi civitati.
Em verdade vos digo: será mais tolerável, no dia do juízo, para a terra de Sodoma e Gomorra, do que para aquela cidade.

Reflexão:
O envio não é apenas missão, mas impulso interior da consciência em expansão. Cada passo no mundo torna-se semente de unidade onde antes havia separação. O dom recebido gratuitamente deve fluir livremente, pois a verdadeira riqueza se manifesta no bem que se compartilha. Não se trata de convencer, mas de irradiar paz. A presença íntegra, fiel à verdade interior, é a linguagem mais potente do anúncio. Ao recusar a imposição, a alma reconhece a liberdade do outro sem abandonar sua própria. A poeira sacudida dos pés não é julgamento, mas testemunho de fidelidade à luz que caminha, mesmo quando não é acolhida.


Versículo mais importante:

O versículo central de Evangelium secundum Matthaeum 10,7-15, que sintetiza a missão, a urgência e o espírito do envio dos discípulos, é:

8. Infirmos curate, mortuos suscitate, leprosos mundate, daemones eicite: gratis accepistis, gratis date.
Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.  (Mt 10:8)

Este versículo destaca o coração da missão cristã: uma ação transformadora, generosa e livre, sustentada pelo dom recebido sem mérito e oferecido sem condição.


HOMILIA

A Missão como Expansão da Luz Interior

Amados,

O Evangelho de hoje (Mt 10,7-15) não nos apresenta apenas um envio: ele revela o movimento profundo da alma que, tocada pela origem divina, é impelida a expandir-se. “De graça recebestes, de graça dai” — esta frase não é apenas uma instrução prática. É o espelho de uma realidade mais alta: tudo quanto recebemos, na origem e na existência, foi doado como pura emanação do Amor que não exige retorno, mas espera continuidade.

Cada gesto que brota do coração purificado é como luz em propagação. Curar, libertar, restaurar — são expressões concretas da presença de um espírito que escolheu não reter para si o dom que o habita. O Cristo envia seus discípulos não como portadores de uma doutrina, mas como extensões vivas de um Reino que já pulsa dentro deles. A missão, portanto, é sempre consequência da transformação interior.

Mas essa transformação não acontece sem liberdade. Por isso, Ele diz: “Se a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz; se não for, volte para vós.” O respeito pela consciência do outro é sagrado. A paz verdadeira não força sua entrada. Ela oferece-se, e, sendo recusada, recolhe-se sem rancor. Não há ressentimento no mensageiro da Luz — há apenas fidelidade à fonte da qual procede.

Sacudir a poeira dos pés não é um gesto de desprezo, mas de liberdade. O que não pode ser acolhido agora, será um dia compreendido. A missão continua porque ela não depende do acolhimento externo, mas da clareza interior de quem sabe de onde veio e para onde caminha.

Cada discípulo é chamado a viver esta liberdade com dignidade. Não carregar ouro nem prata, não depender de estruturas ou seguranças exteriores — é um apelo à confiança radical no valor do que se é, não do que se possui. O operário é digno do seu sustento porque sua dignidade nasce de sua conexão com a Fonte.

Evangelizar, neste horizonte, não é converter com palavras, mas irradiar com a presença. A casa digna reconhece a vibração da paz e a acolhe; a casa fechada a rejeita, mas não apaga sua luz. A missão do discípulo é permanecer fiel à irradiação do Reino, que cresce não por imposição, mas por expansão.

Que possamos nós também ser enviados. Não para convencer, mas para testemunhar. Não para forçar, mas para acender. Porque aquilo que nos foi dado gratuitamente, somente na liberdade e no amor pode ser verdadeiramente partilhado.

Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explanação teológico-metafísica de Mateus 10,8:

“Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.”
(Mt 10,8)

Este versículo, pronunciado por Cristo no momento do envio dos Doze, é mais do que uma lista de ações miraculosas — é uma revelação da dinâmica espiritual que sustenta a missão cristã e, ao mesmo tempo, uma exposição metafísica da própria natureza da graça.

1. A cura como restauração do ser à sua plenitude original

“Curai os enfermos” não se refere apenas à restauração física, mas à reintegração da pessoa à sua inteireza espiritual. A enfermidade, à luz da teologia espiritual, é sinal de uma cisão: entre o homem e Deus, entre o espírito e a matéria, entre o ser e o seu propósito mais elevado. Curar é, portanto, reconduzir ao eixo. O discípulo de Cristo, ao tocar o doente com fé e compaixão, age como canal de uma força que não é sua — mas que flui através dele porque se esvaziou de si mesmo para ser plenitude do outro.

2. Ressuscitar os mortos: o poder sobre os limites da morte

“Ressuscitai os mortos” é a mais radical expressão da superação da finitude. A morte, na tradição bíblica, não é apenas término biológico, mas símbolo da separação do homem em relação à Fonte da Vida. Ressuscitar, portanto, é mais do que devolver o fôlego: é restaurar a comunhão com o Princípio. Esta ordem confere aos discípulos não um domínio sobre o tempo, mas uma participação no eterno — onde a vida é mais forte que a morte, e o amor é mais forte que o fim.

3. Purificar os leprosos: restaurar o valor e a dignidade do corpo e da alma

A lepra, mais do que uma enfermidade, é a representação da exclusão, da impureza que separa o indivíduo da comunidade e do culto. “Purificai os leprosos” é uma ordem para quebrar os muros entre o impuro e o sagrado, entre o rejeitado e o centro. O discípulo que purifica, reconstrói a ponte entre o corpo ferido e a dignidade espiritual que nunca deixou de habitar aquele ser. É um gesto de profunda afirmação da dignidade da pessoa, mesmo onde os sinais visíveis da deformidade parecerem gritar o contrário.

4. Expulsar demônios: libertar a consciência do que a escraviza

“Expulsai os demônios” representa a libertação da consciência humana dos poderes que a obscurecem — sejam forças exteriores ou estruturas interiores de opressão. No plano metafísico, o demônio é a figura de tudo aquilo que aliena o ser de sua origem luminosa, de sua liberdade e responsabilidade. Expulsar os demônios é declarar, com autoridade espiritual, que a alma humana é feita para a liberdade e que nenhuma força de trevas pode prevalecer onde a luz foi acolhida.

5. De graça recebestes, de graça dai: a economia da Graça

Este imperativo final é o eixo espiritual de toda a missão: “De graça recebestes, de graça dai.”
Aqui, a lógica do dom se impõe contra toda forma de mérito, troca ou apropriação. O que foi recebido como pura dádiva — a vida, a luz, o chamado — deve ser doado com a mesma pureza. Não há preço para o que pertence à eternidade. O discípulo de Cristo, que age com base neste princípio, não é dono da Graça, mas seu transmissor, e o faz sem buscar recompensa, porque compreendeu que o bem se plenifica ao ser compartilhado.

Conclusão:

Este versículo é uma síntese profunda da missão espiritual do ser humano regenerado: ser instrumento de cura, de reconciliação, de libertação e de vida nova. Cada verbo carrega uma dimensão metafísica: cura o que foi fragmentado, ressuscita o que foi perdido, purifica o que foi rejeitado, liberta o que foi aprisionado — e tudo isso na liberdade daquele que nada exige, porque tudo sabe que lhe foi dado gratuitamente.

É no esvaziamento de si, na doação livre e na fidelidade à Luz que recebemos, que se revela a verdadeira grandeza do ser humano. Não dominando, mas servindo. Não retendo, mas oferecendo. Porque a Graça, quando circula livremente, transforma o mundo em Reino.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

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