quarta-feira, 22 de agosto de 2018

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho (Lc 6,27-38) - 13.09.2018

Liturgia Diária

COR LITÚRGICA: BRANCO
23ª Semana do Tempo Comum - Quinta-feira

Evangelho (Lc 6,27-38)

— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, falou Jesus aos seus discípulos: 27“A vós que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, 28bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam. 29Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto, deixa-o levar também a túnica.

30Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não peças que o devolva. 31O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. 32Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Até os pecadores amam aqueles que os amam.

33E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis? Até os pecadores fazem assim. 34E se emprestais somente àqueles de quem esperais receber, que recompensa tereis? Até os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia.

35Ao contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e os maus.

36Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. 37Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será posta no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

Fonte https://liturgia.cancaonova.com/


Reflexão - Evangelho (Lc 6,27-38)
«Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso»

Rev. D. Jaume AYMAR i Ragolta
(Badalona, Barcelona, Espanha)

Hoje, no Evangelho, o Senhor pede-nos duas vezes que amemos os nossos inimigos. E oferece, seguidamente, três situações concretas e positivas deste mandamento: fazei o bem aos que vos odeiam, benzei aos que vos maldizem e orai por aqueles que vos caluniam. É um mandamento que parece difícil de cumprir: como podemos amar os que não nos amam? Mais ainda, como podemos amar aqueles que temos a certeza de que nos querem mal? Chegar a amar desta maneira é um dom de Deus, mas é preciso que estejamos abertos a Ele. Bem pensado, amar os inimigos é humanamente falando, a coisa mais sábia que podemos fazer: o inimigo amado sente-se desarmado; amá-lo pode ser condição da possibilidade de deixar de ser inimigo. Jesus continua nesta mesma linha, dizendo: «Se alguém te bater numa face, oferece também a outra» (Lc, 6,29). Poderia parecer um excesso de mansidão. Mas, que fez Jesus quando foi esbofeteado na sua Paixão? Certamente não contra-atacou, mas respondeu com tal firmeza, cheia de caridade, que deve ter surpreendido aquele servo irado: «Se falei mal, mostra em que falei mal; e se falei certo, por que me bates?» (Jo 18,22-23).

Todas as religiões têm uma máxima de ouro: «Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti». Jesus é o único que a formula de modo positivo: «Assim como desejais que os outros vos tratem, tratai-os do mesmo modo» (Lc 6,31). Esta regra de ouro constitui o fundamento de toda a moral. São João Crisóstomo, comentando este versículo, ensina-nos: «Ainda há mais, porque Jesus não disse somente: desejai todo o bem para os outros, mas fazei o bem aos outros»; logo, a máxima de ouro proposta por Jesus não pode reduzir-se a um mero desejo, mas tem que se traduzir em obras.

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AMAR OS INIMIGOS Lc 6,27-38
HOMILIA

Dentre as perguntas mais difíceis de responder figuram estas: Será que no nosso dia a dia podemos dizer se o cristão tem inimigo? E se sim como pode ter inimigos se é discípulo de Jesus? Eis perguntas difíceis de responder quando Jesus nos convida a viver este Evangelho, pois esta é uma das missões mais sublimes do cristão. O Evangelho não pede para suportar ou conviver, nos é pedido para amar. Dom supremo e maior deixado por Jesus para que possamos buscar diariamente nossa santificação. Amar como Jesus amou. Quantas vezes fomos feridos na face e oferecemos a outra? Que situação difícil de enfrentar! Nosso desejo primeiro não é oferecer a outra, mas meter a mão na face do outro! Não é verdade?

Muitas vezes esse Evangelho nos faz ver um cristão passivo exteriormente, que não reage a insultos, a difamações e até aos maus tratos, porém, não é verdade meus irmãos, muito pelo contrário: este Evangelho nos faz altamente ativos espiritualmente, pois mexe com o nosso “EU”, exercitando os dons espirituais e as virtudes existentes dentro de cada um de nós, nos fazendo perfeitos como nosso Pai celeste é perfeito.

Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; Penso que se conseguirmos viver este versículo, já estamos num estágio de vivência cristã admirável. Esta mensagem mostra claramente o amor radical de Jesus e seu Pai, e que deve ser como um sinal dos cristãos. É um amor tão desmedido, que põe à prova os discípulos e nós também, pois é o amor incondicional, sem limites, o amor aos inimigos, que não pode ser compreendido nos padrões terrenos e que só acontece se estiver muito bem alicerçado na fé.

As expressões “amar”, “fazer o bem”, “dar”, aparece por três vezes no texto. “Amar, fazer o bem e emprestar”, é apenas uma boa política, um bom negócio. Para sermos bons cristãos, considerados filhos de Deus, é preciso mais, pois Sua medida, são nossas atitudes. Assim, como julgarmos, seremos julgados; como condenarmos, seremos condenados, mas também, como perdoarmos seremos perdoados. É neste contexto, onde Jesus nos chama à generosidade, que Ele chama também a Deus de PAI, pela primeira vez em sua vida pública, embora, no v. 35, esteja subentendido esse parentesco.

O Pai é nosso exemplo. Ser como Ele, é ser generoso, pois Ele não julga, não condena, perdoa as ofensas e dá sem medir custos. E nos ama com tanta intensidade, que jamais poderá ser superado. Estejam certos de que nunca poderemos retribuir tanta generosidade. Que todos unidos, façamos um esforço de fazer este mundo melhor através da palavra de Deus que é a verdadeira chave para abrir as portas do coração da humanidade. E como conseguiremos isso? Onde está o grande segredo desta chave? “Sede misericordiosos, como também nosso Pai celeste é misericordioso.”

Jesus nos chama a um ideal mais pleno, mais radical: AMAR O INIMIGO. Não há nada mais evangélico do que esta máxima de Lucas, certamente difícil de ser colocada em prática. Este ideal pressupõe naturalmente um uso da liberdade muito maduro: ser livre para amar não como eu quero, mas como Deus quer que nos amemos. Sem condições.

A partir da Ressurreição de Cristo e através dela o homem pode realizar este ideal, pois aí está a ESPERANÇA para tudo o que fazemos(Cf. 1Cor 15, 45-49). Amar a partir da Ressurreição é, na linguagem paulina e lucana, possuir uma carne nova, um corpo novo, é viver na força do Espírito que nos confere a graça para realizarmos este ideal evangélico do AMOR RADICAL, sem condições.

Amar quem nos ama, quem nos elogia, quem nos prestigia, é muito fácil. Todo jogo dos interesses passa por este tipo de relação. Mas amar quem nos prejudica, quem nos amaldiçoa, quem não corresponde às nossas expectativas, é mais difícil e impossível sem a graça de Deus. Por isso, antes de tudo, temos que viver o Intróito da Missa deste Domingo para depois vivermos o que nos pede Jesus no Evangelho de Lucas: “Domine, in tua misericórdia Speravi”. Esperar na misericórdia, nos diz o Salmista, é exultar pela Salvação, é cantar por tudo o que se nos acontece. O Salmo de Meditação após a Primeira Leitura (Sm 26,2.7-9.12-13.22-23) no-lo faz conhecer, atestar, confirmar. Misericórdia e Graça são as prerrogativas do nosso Deus.

É com esta Esperança do Salmo 102 que conseguimos ser plenamente livres para amar sem condições; é com este amor que somos verdadeiramente livres para imitarmos Aquele que nos amou de forma irrestrita e irrevogavelmente nos salvou. Jesus não só pregou o amor, mas Amou os seus que estavam no mundo, e os amou até o fim.

Assim o Cristo instaurou a Nova Criação para nós, e a Nova Criação é este ideal para o qual somos hoje convocados: amar criativamente, como Deus quer. Criar um mundo novo a partir deste Amor incondicional, radical, universal. Como Cristo se torna o Novo Adão, também nós nos tornamos, com o nosso amor. Esta é a Vida Nova e a beleza do Cristianismo que não existe em nenhum outro lugar. Peçamos a graça de buscar viver fraternalmente a alegria do Ressuscitado em nossas vidas!

Fonte https://homilia.cancaonova.com


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