domingo, 8 de junho de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 5:13-16 - 10.06.2025

 Liturgia Diária


10 – TERÇA-FEIRA 

10ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia da 2ª semana do saltério)


Iahweh é minha luz e minha salvação, de quem terei medo?
Iahweh é o refúgio da minha vida, diante de quem tremerei?
Quando os malvados avançam contra mim para devorar minha carne,
são eles, meus adversários e inimigos, que tropeçam e caem.(Sl 26,1s).


O Eterno, em sua fidelidade insondável, ofereceu à humanidade, por meio do Cristo, o dom da libertação. Esta doação não exige submissão cega, mas sim uma resposta livre e amorosa, enraizada na consciência desperta. O Espírito, soprado no íntimo do ser, inspira cada alma a viver segundo a verdade interior, em coerência com a luz que nela arde. A liberdade autêntica se manifesta quando o louvor se torna ação, e a fé, responsabilidade. Assim, o humano se torna parceiro do divino na construção do bem, onde a fidelidade do alto encontra eco na dignidade de cada escolha consciente.

"O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado."
(Rm 5,5)



Evangelium secundum Matthaeum 5,13-16

Titulus liturgicus: Vos estis lux mundi

13 Vos estis sal terrae. Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi ut mittatur foras, et conculcetur ab hominibus.
Vós sois o sal da terra. Mas se o sal perder o sabor, com que será ele novamente salgado? Para nada mais serve, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens.

14 Vos estis lux mundi. Non potest civitas abscondi supra montem posita,
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte.

15 neque accendunt lucernam, et ponunt eam sub modio, sed super candelabrum, ut luceat omnibus, qui in domo sunt.
Nem se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim sobre o candeeiro, a fim de que ilumine a todos os que estão na casa.

16 Sic luceat lux vestra coram hominibus, ut videant vestra bona opera, et glorificent Patrem vestrum, qui in caelis est.
Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.

Reflexão:

A luz que habita em cada ser não é ornamento, mas chama que busca comunhão com o todo. O sentido da existência emerge quando essa luz se oferece ao mundo como presença consciente e serviço. Ser luz é permitir que a interioridade transborde em ação, sem renunciar à liberdade que molda o destino. Cada gesto, cada escolha, constrói uma ponte entre o invisível e o concreto, unindo o espírito ao tempo. Quando nos elevamos em autenticidade, iluminamos não apenas o caminho próprio, mas abrimos clareiras no escuro do mundo. O amor, vivido como decisão, se torna força que transforma o real em revelação. 


Versículo mais importante:

Sic luceat lux vestra coram hominibus, ut videant vestra bona opera, et glorificent Patrem vestrum, qui in caelis est.

Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus. (Mt 5:16)

Este versículo sintetiza a vocação ativa da pessoa no mundo: ser presença luminosa que, sem negar a interioridade, a projeta em atos visíveis, despertando no outro a consciência do bem e conduzindo-o à fonte divina. Ele expressa a união entre liberdade, responsabilidade e transcendência.


HOMILIA

O Fulgor que Transfigura o Mundo

Amados, vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo. Estas palavras não são apenas um chamado — são uma revelação do que sois em essência. Dentro de cada ser pulsa uma centelha originária, uma vocação de irradiar, de oferecer ao cosmos uma presença que transforma. O sal conserva, cura e dá sabor; assim também o espírito humano, quando desperto em sua liberdade consciente, não se dobra ao peso da inércia, mas modela o tempo com o dom que lhe foi confiado.

Viver é mais que existir — é iluminar. A cidade não se esconde quando está sobre o monte, porque sua luz é direção. Do mesmo modo, aquele que encontrou em si a verdade da liberdade responsável, não se retrai em silêncio cúmplice, mas se torna expressão viva do bem. Não se trata de imposição, mas de transfiguração: onde há luz verdadeira, há também claridade para que os outros vejam, escolham, e ascendam por si.

Acender a lâmpada interior é assumir o risco do amor em ato. Não se teme a escuridão quando se compreende que a luz é sempre mais profunda. E esta luz — vossa luz — não é vaidade, mas oferenda. Ela não visa aplausos, mas comunhão. Pois, ao verem vossas boas obras, não verão apenas obras: verão o traço do Eterno nelas, e glorificarão o Pai.

Eis o mistério: ser luz não é brilhar para si, mas para que todos possam ver que há sentido, há caminho, há esperança. Que vossa existência não seja sombra, mas centelha. Que vossas decisões, feitas em consciência e liberdade, não sejam ruído, mas harmonia. Pois todo ato que nasce do interior iluminado se torna fermento invisível que faz crescer o mundo.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação teológica profunda de Mateus 5,16:

"Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus."
(Mt 5,16)

Este versículo encontra-se no centro do Sermão da Montanha, onde Jesus revela a identidade e a missão dos que O seguem. Aqui, Ele proclama que a vida do discípulo não é apenas um caminho interior de salvação pessoal, mas uma epifania da graça, um sinal visível da presença divina no mundo. A “luz” de que fala não é uma qualidade autogerada, mas a irradiação da luz divina recebida. Como a lua reflete a luz do sol, o ser humano, ao acolher a luz de Deus, é chamado a torná-la visível no mundo por meio de suas obras.

"Assim brilhe a vossa luz..." — O verbo "brilhar" no grego (lampsatō) está no imperativo, indicando uma ordem que implica responsabilidade. O brilho não é apenas contemplação, mas ação que penetra e dissipa as trevas do mundo. Trata-se de tornar manifesta a verdade que habita no íntimo, revelando, por meio de escolhas livres e justas, a dignidade do ser humano recriado pela graça.

"...diante dos homens..." — A luz não deve permanecer velada, confinada ao interior. A fé não é um tesouro oculto, mas um dom que deve ser ofertado à comunhão. A expressão "diante dos homens" não convida à ostentação, mas à visibilidade da esperança, testemunhada nas obras concretas, visíveis e transformadoras.

"...para que vejam as vossas boas obras..." — As boas obras não são instrumentos de autopromoção, mas sacramentos do Reino, sinais sensíveis de uma realidade invisível. Elas testemunham que o amor é possível, que a justiça é fecunda, que a liberdade é criadora. A obra boa é aquela que nasce da liberdade unida ao amor, expressão da dignidade ontológica da pessoa em comunhão com o Outro.

"...e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus." — Eis o fim último: a glória de Deus. Não uma glória que diminui o humano, mas que o eleva e o transfigura. Quando o homem se torna verdadeiramente humano — justo, compassivo, livre — ele se torna transparência do divino. A glorificação de Deus ocorre não por imposição, mas por reconhecimento, quando outros, ao verem a luz refletida nas ações do discípulo, são despertados à presença do Pai.

Portanto, este versículo é um chamado à integração entre interioridade e ação, liberdade e responsabilidade, pessoa e transcendência. Iluminar o mundo é tornar-se sacramento vivo do amor divino, num movimento que une ética, mística e comunhão. Quando a luz brilha através de nós, ela não aponta para nós, mas para a Fonte — o Pai celeste — de onde tudo procede e para onde tudo retorna.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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