segunda-feira, 23 de junho de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 7:15-20 - 25.06.2025

 Liturgia Diária


25 – QUARTA-FEIRA 

12ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


O Senhor é a força do seu povo, é a fortaleza de salvação do seu Ungido. Salvai vosso povo, Senhor, abençoai vossa herança e governai-a pelos séculos (Sl 27,8s).


A confiança invisível que liga o finito ao Infinito é o primeiro movimento da alma que deseja ser livre. Sem ela, não há ponte entre o Espírito e a consciência que escolhe. A aliança divina não impõe: convida. Ela se revela quando o ser responde com fé — não como crença cega, mas como ato interior de soberania espiritual. Frutos não são exigências, mas desdobramentos naturais de quem age segundo essa liberdade luminosa. Celebrar a aliança é viver a vocação de um ser autônomo diante do Eterno, cooperando com o bem, não por imposição, mas por íntima consonância com a Luz.

“O justo viverá pela fé.”
— Habacuque 2:4



Evangelium secundum Matthaeum 7,15-20

De fructibus eorum cognoscetis eos

15 Attendite a falsis prophetis, qui veniunt ad vos in vestimentis ovium, intrinsecus autem sunt lupi rapaces.
Acautelai-vos dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes.

16 A fructibus eorum cognoscetis eos. Numquid colligunt de spinis uvas, aut de tribulis ficus?
Pelos seus frutos os reconhecereis. Acaso se colhem uvas dos espinhos, ou figos das sarças?

17 Sic omnis arbor bona fructus bonos facit: mala autem arbor malos fructus facit.
Assim toda árvore boa dá bons frutos; mas a árvore má produz frutos maus.

18 Non potest arbor bona malos fructus facere, neque arbor mala bonos fructus facere.
Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons.

19 Omnis arbor, quæ non facit fructum bonum, exciditur, et in ignem mittitur.
Toda árvore que não dá bom fruto é cortada e lançada ao fogo.

20 Igitur ex fructibus eorum cognoscetis eos.
Portanto, pelos seus frutos os reconhecereis.

Reflexão:

A evolução do ser não é apenas um progresso biológico, mas um despertar da consciência para sua própria responsabilidade diante do Todo. Cada escolha livre ressoa na realidade como semente que se transforma em fruto. A autenticidade de uma alma se manifesta em suas obras, e estas revelam sua comunhão com a verdade interior. Não há coerência onde não há integridade entre o que se é e o que se faz. O ser cresce quando age em liberdade com lucidez, cultivando frutos que elevam a vida ao seu mais alto destino: participar da construção de um mundo mais verdadeiro, justo e luminoso.


Versícullo mais importante: 


O versículo mais importante de Evangelium secundum Matthaeum 7,15-20 é geralmente reconhecido como o versículo 16, pois expressa o princípio central do ensinamento de Jesus nesse trecho: o discernimento pela observação dos frutos, ou seja, das ações e consequências.

16 A fructibus eorum cognoscetis eos. Numquid colligunt de spinis uvas, aut de tribulis ficus?
 Pelos seus frutos os reconhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinhos, ou figos das sarças? (Mt 7:16)

Este versículo revela o critério de autenticidade espiritual e moral: não pela aparência, mas pelo resultado de cada vida, cada escolha, cada palavra tornada ação.


HOMILIA

O Chamado à Verdade Interior

Amados da Luz,

O Evangelho segundo Mateus nos revela, hoje, um ensinamento de singular profundidade: "Pelos seus frutos os reconhecereis." (Mt 7,16). Estas palavras não são apenas uma advertência moral; são uma convocação ao discernimento, à vigilância interior, e, sobretudo, à fidelidade ao impulso mais íntimo da alma que aspira à plenitude do Ser.

Quando o Mestre nos fala dos falsos profetas, Ele não aponta somente para os outros, mas convida-nos a uma escuta interior. Há, dentro de cada um de nós, vozes que se disfarçam de luz, mas que escondem a força destrutiva da vaidade, do medo e da mentira. A vestimenta de ovelha pode ser a aparência do bem, mas o fruto verdadeiro nasce da raiz profunda da verdade vivida.

A árvore é a consciência. O fruto é a expressão de sua liberdade. E o solo onde ela cresce é o mistério sagrado da existência, onde cada ser humano foi plantado com uma vocação única à liberdade responsável. Nenhuma árvore pode fingir indefinidamente: cedo ou tarde, a sua verdade se manifesta na doçura ou na amargura do que oferece ao mundo. É por isso que Jesus nos ensina a olhar os frutos — não os ramos, não as palavras, não a sombra, mas o que se dá.

Essa é a grande dinâmica da evolução espiritual: tornar-se aquilo que se é no mais profundo, fazendo florescer a centelha divina que foi semeada em nós. Não somos prisioneiros do instinto nem autômatos da obediência cega, mas seres chamados à liberdade lúcida, capazes de escolher a Luz. O fruto nasce quando o interior e o exterior se alinham, quando a vida se torna transparente à verdade que a anima.

Toda árvore que dá fruto bom está em aliança com a Fonte. Ela cresce em direção ao Alto, mas lança raízes na terra fecundada pelo Espírito. Esta árvore somos nós, quando buscamos a integridade, quando nossas escolhas manifestam respeito pela dignidade de cada ser, quando a liberdade que exercemos constrói e não destrói.

Por isso, o Evangelho é mais que um código; é um espelho da alma. Ele nos pergunta: que frutos temos oferecido? Nossa vida tem sido abrigo ou espinho? Figueira ou sarça? Que presença irradiamos ao mundo — uma que liberta, ou uma que devora?

A verdade não precisa gritar. Ela amadurece em silêncio como o fruto na árvore, visível àqueles que olham com o coração desperto. Que possamos ser árvores firmes, alimentadas pela seiva da luz, da justiça e da paz interior. E que, um dia, ao nos reconhecerem pelos frutos, vejam neles o reflexo do Sopro que nos criou.

Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA


Explicação Teológica Profunda de Mateus 7,16
“Pelos seus frutos os reconhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinhos, ou figos das sarças?”

Este versículo, situado no Sermão da Montanha, contém uma das chaves mais elevadas do ensinamento cristão: a união indissociável entre a essência interior do ser humano e suas manifestações concretas no mundo.

1. Fruto como expressão da natureza interior

A imagem do fruto representa, na tradição bíblica, o desdobramento visível daquilo que é invisível: intenções, motivações, disposições interiores. A árvore não é julgada pela aparência de sua casca, mas pelo sabor e valor do que ela oferece ao mundo. Assim também o ser humano — suas ações, palavras, atitudes e escolhas revelam, com fidelidade, a natureza espiritual que o move. A autenticidade cristã não se mede por rituais exteriores ou discursos piedosos, mas pela coerência entre o coração e a obra.

O fruto, neste contexto, é o fruto do Espírito (cf. Gl 5,22): amor, paz, alegria, paciência, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Quem está enraizado em Deus inevitavelmente frutifica esses dons. A ausência deles denuncia uma desconexão entre a árvore e a seiva divina.

2. O princípio da não contradição ontológica

A pergunta retórica de Jesus — “Porventura colhem-se uvas dos espinhos, ou figos das sarças?” — aponta para um princípio fundamental da teologia cristã: toda criatura só pode dar aquilo que está de acordo com sua natureza. Os espinhos não podem gerar uvas, nem as sarças, figos, porque não é da sua essência produzir tais frutos.

Essa lógica remete à criação em Gênesis, onde tudo é gerado “segundo sua espécie” (Gn 1,11-12). Na teologia moral, isso implica que não pode haver bons frutos duradouros onde há um coração corrompido pela mentira, pelo orgulho ou pela autossuficiência. E, inversamente, mesmo quando os frutos de uma alma pura são discretos, silenciosos, eles carregam em si a semente da verdade e do bem.

3. Discernimento e verdade interior

Jesus não apenas nos dá um critério para julgar os outros, mas, sobretudo, nos convida ao discernimento da própria alma. Os “falsos profetas” podem estar fora — líderes, ideologias, influências —, mas também podem habitar dentro de nós: ilusões, racionalizações, paixões disfarçadas de zelo. Por isso, o versículo é um chamado a reconhecer, com sinceridade, que tipo de árvore estamos nos tornando.

A autêntica vida cristã não consiste apenas em dizer “Senhor, Senhor” (Mt 7,21), mas em deixar que o Espírito de Deus transforme a raiz do nosso ser, para que toda nossa existência frutifique para a glória de Deus e para o bem dos outros.

4. Conclusão: a liberdade como raiz do fruto

Deus nos criou livres. E essa liberdade é o solo onde crescem os frutos do amor verdadeiro. Cada fruto revela uma decisão interior, e cada decisão revela uma aliança: com o Espírito ou com o ego. O fruto revela o pacto oculto do coração.

Assim, o versículo de Mateus 7,16 não é apenas um critério moral, mas um espelho espiritual que nos convida à unidade entre essência e ação, entre fé e obras, entre interioridade e presença no mundo. É um apelo à conversão contínua, para que sejamos árvores plantadas junto às águas do Espírito (cf. Sl 1,3), sempre fecundas, sempre vivas, sempre verdadeiras.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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