Liturgia Diária
18 – SEXTA-FEIRA
SÃO LUCAS
EVANGELISTA E MISSIONÁRIO
(vermelho, glória, pref. dos apóstolos II – ofício da festa)
Antífona:
Envia-nos, Senhor, na tua luz,
Entre lobos, cordeiros seremos,
Curemos feridas com paz em mão,
Que o Reino floresça em cada coração.
Lucas 10:1-9
1. Depois disso, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois, adiante de si, a todas as cidades e lugares para onde ele próprio iria.
2. E dizia-lhes: A colheita é grande, mas os operários são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da colheita que envie operários para a sua colheita.
3. Ide! Eis que vos envio como cordeiros no meio de lobos.
4. Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias; e a ninguém saudeis pelo caminho.
5. Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz a esta casa.
6. E se ali houver um filho da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós.
7. Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo o que vos servirem, pois o operário é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa.
8. Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei o que vos for servido.
9. Curai os doentes que nela houver e dizei-lhes: O Reino de Deus está próximo de vós.
Reflexão:
"A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua colheita." (Lucas 10:2)
A missão dos setenta e dois discípulos revela que a busca pela verdade e pela transformação interior acontece em comunhão. Cada um de nós é convidado a ser um trabalhador nessa colheita, mas a simplicidade e a humildade são essenciais para encontrar o caminho da paz. A instrução de ir sem carregar fardos materiais nos desafia a confiar plenamente no fluxo da vida, reconhecendo que a fonte de sustento e crescimento espiritual reside na entrega. Assim, ao curar e proclamar a proximidade do Reino, alinhamo-nos com a evolução contínua da humanidade rumo à plenitude divina.
HOMILIA
O Desafio da Verdadeira Missão
O Evangelho de Lucas 10:1-9 nos apresenta uma chamada universal, um apelo à missão, onde Jesus envia setenta e dois discípulos, instruindo-os a levarem paz e a proclamarem a proximidade do Reino de Deus. No entanto, em sua advertência, Ele revela uma verdade profunda: "A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos." Esta passagem nos convida a refletir sobre a missão da Igreja e dos líderes espirituais nos dias de hoje, e como, muitas vezes, os pastores se afastam da essência humilde da fé.
Vivemos em um tempo em que o brilho da riqueza e do poder, lamentavelmente, muitas vezes ofusca a luz da humildade. Muitos líderes religiosos, ao invés de servirem ao Reino, são seduzidos pelo conforto material, afastando-se do verdadeiro trabalho da colheita que exige serviço, renúncia e dedicação. A missão evangélica não pode ser uma busca por glória pessoal, riquezas ou status; é, antes, um chamado ao desapego, ao caminhar com os pobres, ao reconhecer a simplicidade como o veículo mais poderoso para a transformação espiritual.
Infelizmente, estamos também diante de uma realidade sombria em que alguns líderes religiosos têm se tornado cúmplices do mal, quando, em vez de protegerem os inocentes, são protagonistas de atos inaceitáveis, como a pedofilia e o estupro. Esses crimes horrendos mancham a imagem da Igreja e ferem profundamente a confiança da comunidade. A hipocrisia de pastores que se dizem defensores da moral, enquanto perpetuam ou encobrem esses abusos, é uma traição à verdadeira missão que Jesus confiou aos seus discípulos.
Quando Jesus envia os discípulos de dois em dois, sem bolsa, sem alforje e sem sandálias, Ele está dizendo que o verdadeiro trabalhador do Reino não se apoia nas riquezas do mundo, mas confia plenamente na providência de Deus. Em tempos atuais, o que vemos muitas vezes são pastores que acumulam bens, erguem templos luxuosos e constroem impérios terrenos, enquanto os corações de seus fiéis permanecem desnutridos espiritualmente.
Jesus nos chama a rogar ao Senhor da colheita por trabalhadores que abracem a missão com o coração voltado para o serviço, que coloquem o amor à humanidade acima do amor ao dinheiro, que escolham a simplicidade como caminho para o Reino. Precisamos de pastores que estejam dispostos a caminhar no meio do povo, a ouvir os clamores dos necessitados e a oferecer não bens materiais, mas a Palavra viva que transforma, cura e dá sentido à vida.
A humildade não é uma fraqueza, mas a força mais profunda que alinha o ser humano com a verdadeira missão divina. Somente através dela podemos ver a grande colheita que nos espera. A abundância do Reino não se mede em riquezas terrestres, mas em almas tocadas, corações renovados e vidas transformadas.
Que possamos, neste Evangelho, reencontrar o verdadeiro espírito da missão, que clama por líderes que se entreguem com o coração puro e as mãos despojadas de vaidades, dispostos a proteger e cuidar de cada vida, especialmente das mais vulneráveis, e a buscar a justiça e a verdade em todos os aspectos da vida.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
A frase "A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua colheita." (Lucas 10:2) ressoa profundamente na teologia cristã, oferecendo uma visão não apenas sobre a necessidade de evangelização, mas também sobre a natureza da missão cristã e a relação entre o divino e o humano.
1. A Grandeza da Colheita:
Quando Jesus menciona que "a colheita é grande", Ele se refere à abundância de almas sedentas pela verdade, pela paz e pela salvação. O mundo, repleto de dor, sofrimento e incerteza, apresenta uma imensa necessidade espiritual. Cada ser humano, independentemente de sua origem ou circunstâncias, é um campo fértil onde a semente da Palavra de Deus pode brotar e dar frutos. A "colheita" simboliza essa realidade espiritual, onde a presença de Deus é necessária para transformar vidas e trazer redenção.
2. A Escassez dos Trabalhadores:
A segunda parte da afirmação, "mas os trabalhadores são poucos", destaca uma realidade preocupante. Apesar da imensidão da colheita, muitos se afastam da missão de Deus ou não reconhecem a urgência de participar dela. Isso pode ser interpretado como uma crítica à apatia espiritual que permeia a sociedade, onde o compromisso com a fé e a missão é relegado a um segundo plano. A escassez de trabalhadores também reflete a luta interna que muitos enfrentam para abraçar a totalidade do chamado cristão, que exige entrega, sacrifício e coragem.
3. Oração ao Senhor da Colheita:
A instrução de Jesus para "rogai ao Senhor da colheita" é fundamental. Essa oração é um reconhecimento de que a vocação para o serviço divino não é uma mera iniciativa humana, mas um chamado que deve ser acolhido em oração. É um convite à dependência de Deus, que, em sua soberania e graça, convoca aqueles que deseja para a sua obra. A oração não é apenas um pedido por mais trabalhadores, mas também uma abertura do coração dos que oram para serem sensíveis ao chamado de Deus em suas próprias vidas.
4. A Natureza da Missão:
A missão cristã é um ato de amor e serviço, que vai além da evangelização tradicional. Ela abrange o cuidado dos necessitados, a luta pela justiça e a promoção da paz. Jesus não apenas enviou os doze e os setenta e dois para pregar, mas também para curar e restaurar, demonstrando que a colheita inclui todos os aspectos da vida humana. Portanto, cada cristão é chamado a ser um trabalhador na colheita, usando os dons e talentos dados por Deus para impactar o mundo ao seu redor.
5. A Responsabilidade da Comunidade Cristã:
A frase também nos leva a refletir sobre a responsabilidade coletiva da comunidade cristã. Em um mundo marcado por divisões e conflitos, a Igreja é chamada a ser um sinal de unidade e amor. Cada membro deve ser incentivado a participar ativamente na missão, reconhecendo que, juntos, formamos o Corpo de Cristo. A colaboração entre os fiéis, a partilha de recursos e a formação de discípulos são essenciais para que a colheita seja realizada com eficácia.
Conclusão:
Em suma, a frase de Lucas 10:2 é um convite a reconhecer a urgência da missão e a responsabilidade de cada um de nós em respondê-la. Ela nos desafia a orar fervorosamente, não apenas por novos trabalhadores, mas também para que nossas próprias vidas sejam oferecidas como resposta ao chamado divino. A colheita é vasta, e cada um de nós tem um papel a desempenhar na obra de Deus, que busca a salvação e a transformação de cada alma.
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
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