Liturgia Diária
3 – QUINTA-FEIRA
SANTOS ANDRÉ DE SOVERAL, AMBRÓSIO FRANCISCO FERRO,
presbíteros, E COMPANHEIROS, mártires
(vermelho, pref. comum, ou dos mártires – ofício da memória)
1. Depois disso, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio havia de ir.
2. E disse-lhes: A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua colheita.
3. Ide! Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos.
4. Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e a ninguém saudeis pelo caminho.
5. Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: "A paz esteja nesta casa."
6. E se ali houver um filho da paz, a vossa paz repousará sobre ele; senão, voltará para vós.
7. Ficai nessa mesma casa, comendo e bebendo o que tiverem, pois o trabalhador é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa.
8. Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei o que vos for servido,
9. curai os doentes que nela houver e dizei-lhes: "O Reino de Deus está próximo de vós."
10. Mas, em qualquer cidade em que entrardes e não vos receberem, saí pelas ruas e dizei:
11. Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Sabei, contudo, que o Reino de Deus está próximo.
12. Eu vos digo que naquele dia haverá mais tolerância para Sodoma do que para essa cidade.
Reflexão:
"A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos." (Lucas 10:2)
O envio dos setenta e dois discípulos é um chamado à cooperação na expansão de um princípio divino que atua na criação. Cada discípulo representa um ponto de contato com o Reino de Deus, que se manifesta gradualmente. A missão deles é transmitir paz e curar, refletindo uma dimensão maior da realidade que se aproxima. Contudo, o sucesso não reside na aceitação imediata, mas na continuidade do fluxo divino que eles encarnam. Como partículas em um vasto campo de evolução, suas ações são parte de uma grande teia de transformação, aproximando o mundo de uma unidade final e plena.
HOMILIA
O Chamado para uma Nova Humanidade
No Evangelho de Lucas 10,1-12, encontramos Jesus enviando setenta e dois discípulos à frente, dois a dois, para preparar o caminho nas cidades e aldeias. A colheita é abundante, mas os trabalhadores são poucos. Hoje, essa mensagem ecoa profundamente, ressoando com a missão de cada um de nós no vasto campo da existência. A colheita aqui não é apenas sobre almas perdidas, mas sobre a transformação interior e a expansão da consciência humana em um universo dinâmico e interconectado.
Jesus envia seus discípulos como agentes de mudança, capacitados com um propósito que transcende suas próprias limitações. Nos tempos atuais, somos chamados da mesma maneira a nos engajar com um mundo que se revela cada vez mais complexo e misterioso. A dualidade da abundância da colheita e a escassez de trabalhadores nos desafia a sermos mais do que meros observadores passivos da realidade. Somos convidados a sermos co-criadores de um novo horizonte de entendimento, onde a espiritualidade, o conhecimento e a ética convergem.
Os discípulos são enviados sem dinheiro, sem bolsas, sem recursos materiais. Essa imagem nos lembra que, diante dos desafios da vida moderna, a verdadeira força não está em posses ou poder, mas em uma confiança inabalável no propósito maior que nos move. A simplicidade da missão reflete a simplicidade do espírito: uma confiança radical que nos permite transcender o ego, e assim, tocar o divino.
A paz que os discípulos devem anunciar ao entrar em cada casa também tem um sentido mais amplo. Essa paz é a harmonia que buscamos, tanto dentro de nós quanto com o universo ao nosso redor. É um estado de alinhamento com o fluxo vital que nos conduz, uma paz que não é meramente ausência de conflito, mas a plenitude de uma vida que se reconhece em unidade com o todo.
Quando Jesus fala de sacudir a poeira dos pés ao deixar uma cidade que não os recebe, ele nos lembra de não carregar o peso das rejeições ou das adversidades. Somos chamados a avançar, em constante movimento, sem nos prendermos ao que nos impede de evoluir.
Hoje, o Evangelho nos convida a ver nossa missão sob um prisma maior, onde nossas ações ecoam para além do tempo presente, onde somos colaboradores de uma criação em contínua evolução. Somos chamados a trabalhar nessa grande colheita, conscientes de que, ao tocar o mais profundo de nossa humanidade, participamos de algo muito maior.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
"A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos." (Lucas 10:2)
A Imensidão da Colheita: O Campo Espiritual
A frase "A colheita é grande" reflete a vastidão do campo espiritual que se abre diante de nós. Não estamos apenas falando de uma missão quantitativa, mas qualitativa, que envolve o desejo profundo de transformação espiritual em cada alma. A colheita, neste contexto, pode ser vista como a sede da humanidade por Deus, pela verdade, pela plenitude e pela redenção. Em todo o mundo, em todas as culturas e tempos, essa busca está presente, e é nisso que consiste a grandeza da colheita: a abertura dos corações humanos ao mistério da transcendência.
Os Trabalhadores: A Escassez do Compromisso
Jesus não fala de um mero trabalho físico, mas de uma missão espiritual que poucos estão dispostos a assumir. O "trabalhador" aqui é aquele que se entrega totalmente à obra de Deus, abrindo mão das próprias ambições e egoísmos para se tornar instrumento do amor divino. A escassez dos trabalhadores revela a dificuldade de viver em conformidade com os valores do Reino, que muitas vezes exigem renúncia, sacrifício e uma entrega que vai além do ordinário. Os poucos trabalhadores são aqueles dispostos a levar o fardo de viver segundo o Evangelho em sua plenitude.
O Chamado à Missão: Responder à Urgência
Jesus revela que o campo da colheita está pronto, mas os trabalhadores são poucos. Isso indica uma urgência espiritual. Deus está sempre pronto para acolher e transformar, mas a resposta humana é muitas vezes lenta, hesitante ou incompleta. Essa urgência deve inspirar os discípulos de Cristo a responderem ao chamado, não apenas com palavras, mas com ações concretas que conduzam outros à experiência da misericórdia e do amor de Deus.
O Reino de Deus: Colaboradores na Obra Divina
Quando Jesus fala dos trabalhadores, ele nos convida a sermos colaboradores na construção do Reino de Deus. Não é uma obra isolada ou distante, mas uma cooperação com a própria ação de Deus na história. Cada cristão, ao responder ao chamado, participa desta grande missão de trazer o Reino à realidade, agindo com compaixão, justiça e amor. O trabalhador no campo da colheita é alguém que age de acordo com o Espírito Santo, permitindo que a graça de Deus flua através de si.
A Tensão entre o Mundo e o Reino
A frase também nos revela a tensão entre o mundo material e o espiritual. Muitos estão ocupados com preocupações temporais e não conseguem ver a urgência da colheita espiritual. Esse conflito entre o efêmero e o eterno marca o desafio daqueles que querem ser trabalhadores do Reino. O mundo oferece distrações, mas o Reino de Deus exige foco e uma profunda abertura ao que é transcendente.
A Vocação Universal: Todo Cristão é Chamada à Colheita
Embora os trabalhadores sejam poucos, o chamado é para todos. Cada cristão é convidado a se tornar um trabalhador, um colaborador no Reino de Deus. A missão de Jesus não está reservada a poucos escolhidos, mas é uma vocação universal que se manifesta de formas diversas. Todos somos chamados a atuar no campo da colheita, seja por meio do testemunho, da oração ou da ação direta no mundo.
A Transformação Pessoal no Trabalho do Reino
Ser um trabalhador no campo da colheita não é apenas uma missão para os outros; é também um processo de transformação pessoal. À medida que nos engajamos na missão de Deus, somos também trabalhados por Ele. O trabalhador no campo espiritual é moldado pela própria obra que realiza, tornando-se cada vez mais semelhante a Cristo. Assim, ao entrar na colheita, o cristão participa de uma dupla transformação: a do mundo e a de si mesmo.
O Mistério da Graça: Deus como o Verdadeiro Ceifeiro
Por fim, apesar de a missão ser imensa e os trabalhadores poucos, a frase nos lembra que é Deus quem realiza a verdadeira colheita. Somos meros instrumentos em Suas mãos. A obra de salvação é, em última análise, ação de Deus, e a graça opera além das nossas limitações. O trabalhador no campo deve confiar que, apesar das dificuldades e escassez, é Deus quem guiará e completará a missão.
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
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