Liturgia Diária
1 – TERÇA-FEIRA
SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS
VIRGEM E DOUTORA DA IGREJA
(branco, pref. comum, ou das virgens ou dos doutores – ofício da memória)
Evangelho: Lucas 9:51-56
Senhor, que nos ensinaste a rejeitar a vingança e a seguir o caminho do amor, dá-nos o coração manso e forte para perdoar e seguir em paz.
Lucas 9:51-56
51 Quando se completaram os dias em que ele devia ser levado ao céu, Jesus tomou a firme decisão de partir para Jerusalém.
52 E enviou mensageiros à sua frente. Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para lhe preparar pousada,
53 mas os samaritanos não o receberam, porque ele se dirigia a Jerusalém.
54 Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?”
55 Ele, porém, voltou-se e os repreendeu.
56 E partiram para outra aldeia.
Reflexão:
"O Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las." (Lucas 9:56).
Neste trecho do Evangelho, vemos Jesus com uma firme resolução de seguir para Jerusalém, simbolizando o caminho da entrega e do sacrifício. Os samaritanos rejeitam sua passagem, revelando as divisões humanas, os preconceitos e as barreiras que ainda nos separam. A resposta de Tiago e João sugere um desejo de vingança ou justiça retributiva, mas Jesus os repreende, revelando que seu reino não é construído com violência ou condenação. Aqui, somos convidados a perceber que o verdadeiro poder está na paciência, no amor e na aceitação. O caminho para a verdadeira grandeza passa pela mansidão e pela superação das nossas tendências destrutivas, mostrando que a verdadeira transformação do mundo começa no coração de cada um.
HOMILIA
A Paz que Vem da Compreensão do Caminho
O Evangelho de Lucas 9,51-56 narra um momento crucial na jornada de Jesus: Ele se dirige resolutamente para Jerusalém, consciente de que sua missão o levaria ao sacrifício. Em seu caminho, encontra a resistência de uma aldeia samaritana, que se recusa a acolhê-lo. Os discípulos, com zelo excessivo, perguntam se Jesus quer que façam descer fogo do céu para destruir a aldeia. No entanto, Jesus os repreende, deixando claro que seu propósito é salvar e não destruir.
Nos dias de hoje, vivemos em um mundo cheio de divisões e conflitos. As diferenças culturais, religiosas e políticas muitas vezes criam uma atmosfera de desconfiança e hostilidade. A reação humana natural, como vemos no caso dos discípulos, pode ser de retaliação, de buscar “justiça” através da violência ou do afastamento. Porém, Jesus nos mostra um caminho diferente: o caminho da paz, da compreensão, e do amor redentor.
A repreensão que Jesus faz aos seus discípulos ecoa até hoje. Quantas vezes somos rápidos em julgar, em condenar, em afastar aqueles que não partilham das nossas ideias ou estilos de vida? Vivemos em uma era de polarização, onde parece fácil optar por extremos e dividir o mundo entre amigos e inimigos. No entanto, Cristo nos chama a um caminho mais profundo: a não responder com violência ou rejeição, mas com compaixão e entendimento. Ele veio para salvar, para redimir e para trazer uma paz que só pode ser encontrada na aceitação do outro e no amor transformador.
Se olharmos para nossa própria caminhada espiritual, é essencial reconhecermos que a paz verdadeira não nasce da conformidade, mas da abertura ao outro, mesmo quando há resistência. Assim como Jesus permaneceu firme em sua missão, apesar da rejeição, também nós somos chamados a avançar em nosso compromisso com o amor e a reconciliação, promovendo a paz em um mundo que tanto necessita de cura.
O chamado para nós, nos dias atuais, é abandonar a tentação de “fazer descer fogo” sobre os que discordam de nós e, em vez disso, escolher o caminho de Cristo: o caminho do perdão, da misericórdia, e da paz verdadeira que nasce da compreensão do propósito divino de salvar, e não de destruir. Em cada gesto de reconciliação, aproximamo-nos mais da missão de Cristo, que nos convoca a ser portadores de paz em meio ao caos do mundo moderno.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
A frase "O Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las" (Lucas 9:56) encapsula a essência do ministério de Jesus e reflete a profundidade do amor divino e do propósito da redenção. A teologia subjacente a essa afirmação revela um aspecto central do caráter de Deus e o papel de Cristo como o Redentor, com implicações significativas para a compreensão da justiça, misericórdia e o destino final das almas humanas.
1. O Título "Filho do Homem":
O uso do título "Filho do Homem" é, por si só, teologicamente denso. Ele se refere não apenas à humanidade de Cristo, mas também ao seu papel messiânico e escatológico, conforme visto em Daniel 7:13-14, onde o Filho do Homem aparece como uma figura divina que recebe domínio sobre todas as nações. Jesus, ao assumir este título, destaca sua solidariedade com a humanidade, mas também aponta para sua autoridade redentora e sua missão de restaurar a relação entre Deus e os homens. Ele é aquele que assume a condição humana para redimi-la de dentro, oferecendo salvação.
2. A Missão Redentora de Cristo:
A declaração de que o Filho do Homem não veio para "destruir as almas" deve ser vista à luz de toda a economia da salvação. Desde a queda de Adão, a humanidade encontra-se em um estado de ruptura com Deus, necessitando de redenção. A vinda de Cristo ao mundo marca o cumprimento das promessas de Deus de restaurar o relacionamento quebrado entre Criador e criatura. O propósito de Cristo é salvar, não condenar. Isso está em perfeita harmonia com João 3:17: "Pois Deus não enviou o Seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele."
3. A Natureza da Salvação e da Destruição:
A ideia de "destruição" aqui não se refere simplesmente à morte física, mas à separação final e eterna de Deus — o que, em termos teológicos, pode ser descrito como o "inferno" ou a morte espiritual. Ao afirmar que Ele não veio para destruir, Jesus está deixando claro que a vontade de Deus não é a condenação de ninguém. Deus não encontra prazer na morte do ímpio (cf. Ezequiel 33:11), mas deseja que todos cheguem ao arrependimento e à vida eterna.
No entanto, o fato de que Cristo não veio para destruir as almas não implica que todos serão automaticamente salvos. A salvação é oferecida, mas não imposta. A graça requer a cooperação humana; a rejeição dessa graça pode levar à perdição, mas essa perda é sempre resultado de uma escolha humana, não do desejo de Deus.
4. A Justiça Redentora de Cristo:
Aqui, a teologia da justiça divina e da misericórdia se entrelaçam. A justiça de Deus não é uma justiça punitiva, mas uma justiça que busca a restauração. A missão de Cristo, portanto, é redentora. Ele veio buscar e salvar o que estava perdido (cf. Lucas 19:10). Mesmo quando confrontado com o pecado e a rejeição, o desejo de Deus não é destruir, mas curar, transformar e restaurar.
5. A Salvação como Um Processo:
A frase também sugere que a salvação é um processo contínuo e dinâmico, uma jornada que Cristo lidera e na qual somos convidados a participar. Jesus veio para nos salvar do pecado, mas também para nos conduzir ao destino final de união plena com Deus. O conceito de salvação aqui é integral: envolve não apenas a libertação do pecado e da morte, mas também a realização do plano divino para a humanidade, a participação na vida divina.
6. A Rejeição da Violência como Meio de Redenção:
Quando os discípulos sugerem destruir a cidade samaritana que rejeitou Jesus, ele os repreende, indicando que seu Reino não é estabelecido pela força ou pela destruição dos inimigos. O Reino de Deus é um Reino de amor, de misericórdia, onde a salvação é oferecida até aos que se opõem ou rejeitam. A destruição não faz parte do projeto divino. Cristo vem para oferecer vida, para vencer o pecado e a morte através da cruz, não para impor seu Reino por meio da violência.
7. A Missão Universal da Salvação:
Outro ponto profundo nesta frase é o caráter universal da salvação. Jesus, ao dizer que não veio para destruir as almas, também está mostrando que sua missão se estende a todas as pessoas, sem distinção. Ele veio para salvar tanto os judeus quanto os gentios, tanto os justos quanto os pecadores. Seu desejo é que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade (cf. 1 Timóteo 2:4). A oferta de salvação é universal, embora a resposta a essa oferta dependa da liberdade humana.
8. O Mistério da Graça:
Finalmente, essa frase aponta para o mistério da graça. A salvação é, antes de tudo, um dom gratuito de Deus. O fato de Cristo ter vindo para salvar e não para destruir revela a iniciativa divina no processo de salvação. A graça é sempre a primeira ação; é Deus quem vem ao encontro da humanidade. Porém, a salvação envolve também a resposta do ser humano — a aceitação ou rejeição dessa graça. Deus não força a salvação, mas espera com paciência e oferece continuamente as oportunidades para que as almas se voltem a Ele.
Conclusão:
A frase "O Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las" (Lucas 9:56) revela uma teologia profundamente centrada na misericórdia, na justiça restaurativa de Deus e no caráter universal da salvação. Cristo não é um juiz vingativo, mas o Redentor que busca incansavelmente a restauração de todas as almas à comunhão com Deus. Esse chamado à salvação é uma oferta constante de amor, aguardando a livre resposta de cada indivíduo para, finalmente, levar à plenitude da vida em Deus.
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