segunda-feira, 23 de setembro de 2024

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 9:1-6 - 25.09.2024

 Liturgia Diária


25 – QUARTA-FEIRA 

25ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)



Evangelho: Lucas 9:1-6

Ide sem temor, com fé no coração, proclamando o Reino e curando os aflitos. Pois a missão é divina e a providência vos guiará sempre.


 Lucas 9:1-6

1. Tendo convocado os Doze, Jesus deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para curar doenças,  

2. e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os enfermos.  

3. E disse-lhes: “Nada leveis para o caminho, nem bastão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro, nem tenhais duas túnicas.  

4. Em qualquer casa onde entrardes, ficai ali, e dali partireis.  

5. Quanto àqueles que não vos receberem, ao sairdes daquela cidade, sacudi a poeira dos vossos pés, em testemunho contra eles”.  

6. Eles partiram e percorreram as aldeias, anunciando a Boa Nova e fazendo curas por toda parte.


Reflexão:

"Deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças" (Lucas 9:1).


Esta passagem revela a essência do desapego e confiança em uma missão maior, a do Reino de Deus. Jesus envia os apóstolos sem suprimentos, ensinando-os a depender inteiramente da providência divina e do acolhimento daqueles que os receberem. Hoje, somos convidados a questionar como enfrentamos nossas próprias jornadas. Em um mundo de crescente dependência de bens materiais e tecnologias, essa lição ressoa como um chamado a reconectar-se com o essencial. A mensagem profunda aqui é confiar, não no que possuímos, mas naquilo que podemos oferecer, em espírito de serviço e solidariedade.


HOMILIA

“O Chamado à Transformação Interior e Exterior”


No Evangelho de Lucas 9:1-6, Jesus concede aos seus discípulos poder e autoridade para expulsar demônios, curar doenças e proclamar o Reino de Deus. Esta passagem nos confronta com uma profunda verdade: o poder de transformar o mundo exterior está intimamente ligado à transformação interior. Hoje, vivemos em um mundo permeado por crises sociais, políticas, econômicas e tecnológicas. Enfrentamos desigualdade, polarização, injustiça e o uso equivocado da tecnologia que, em vez de unir, muitas vezes divide. O desafio, portanto, é duplo: enfrentar as forças externas que desumanizam e, ao mesmo tempo, buscar uma conversão profunda que nasça de dentro.

Jesus, ao enviar os discípulos, pede-lhes que não levem nada para o caminho — uma orientação que nos fala sobre desapego. Em nossa sociedade, acumulamos riquezas, dependemos de tecnologia e somos consumidos pelo excesso de informação, mas esquecemos que o verdadeiro poder reside na simplicidade e na confiança em Deus. Este convite de Jesus para viver com menos nos ensina a renunciar ao excesso de controle e a confiar mais na providência divina.

Neste contexto, o chamado de Jesus para anunciar o Reino é uma convocação para nos envolvermos nas questões do nosso tempo com coragem e compaixão. Mas este envolvimento só terá profundidade se for sustentado por uma espiritualidade que integra o amor ao próximo com a ação justa. Assim como os discípulos foram enviados a curar, somos chamados a ser instrumentos de cura nos nossos ambientes, promovendo reconciliação nas divisões, alívio nas feridas sociais, e responsabilidade ética no uso da tecnologia.

A mensagem de Jesus transcende os séculos, apontando para um futuro onde o progresso não é medido apenas pela tecnologia ou pelo crescimento econômico, mas pela expansão do Reino de Deus — um reino de justiça, paz e amor. Que possamos ser discípulos que, diante das complexidades do mundo moderno, carreguem a simplicidade, a confiança e o poder de transformar não só sistemas, mas corações, sempre conscientes de que as forças invisíveis de destruição só podem ser vencidas por uma profunda comunhão com o divino e com os outros.


EXPLICAÇÃO  TEOLÓGICA

A frase "Deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças" (Lucas 9:1) contém uma profundidade teológica que revela a essência do ministério de Jesus e a natureza do Reino de Deus. Esta declaração não apenas reflete a missão de cura e libertação, mas também nos leva a uma reflexão sobre a relação entre poder, autoridade e o enfrentamento das forças espirituais do mal.


1. O Poder e a Autoridade Divinos

Jesus, ao conferir poder e autoridade aos seus discípulos, estabelece que esses dons não são inerentes à condição humana, mas uma participação na missão divina. O poder concedido aos discípulos é uma extensão da própria autoridade de Cristo, que age em total união com a vontade do Pai. Este poder não é político, econômico ou militar, mas um poder espiritual que transcende as capacidades humanas. A "autoridade sobre os demônios" representa a vitória sobre o mal, o caos e a desordem espiritual que se opõem ao Reino de Deus.


2. A Dimensão Espiritual do Mal

O fato de Jesus destacar "demônios" como alvo da autoridade dos discípulos mostra que a luta contra o mal é uma realidade espiritual. O mal, segundo a teologia cristã, não é apenas uma questão de comportamento ou moralidade humana, mas uma força ativa que desvirtua e destrói a criação de Deus. A autoridade sobre os demônios implica que os discípulos foram capacitados para combater essas forças espirituais destrutivas, restaurando a ordem divina no mundo.


3. A Cura como Sinal do Reino de Deus

Jesus também dá aos discípulos o poder de "curar doenças", que, teologicamente, é uma manifestação concreta do Reino de Deus. A cura física simboliza a restauração da criação à sua harmonia original, rompida pelo pecado e pela desordem cósmica. Jesus, através de seus discípulos, começa a antecipar o que será a plenitude do Reino: um estado em que não haverá mais dor, doença ou sofrimento. A cura, nesse contexto, é um sinal do poder redentor de Deus que age para restaurar a totalidade da vida humana.


4. O Combate Espiritual dos Discípulos

Os discípulos, ao receberem essa autoridade, são chamados a enfrentar as forças espirituais que escravizam a humanidade. Isso nos lembra que o ministério cristão não é apenas uma obra social ou filantrópica, mas um campo de batalha espiritual. Assim como os primeiros discípulos, todos os cristãos são chamados a viver essa dimensão de combate espiritual, não com violência, mas com a força do amor, da verdade e da oração.


5. O Poder de Jesus em Ação no Mundo

Teologicamente, essa passagem demonstra que o poder de Jesus não é limitado à sua presença física. Ao dar esse poder aos seus discípulos, Ele inicia o processo de descentralização da missão, tornando-a uma missão universal. O Reino de Deus não depende apenas da presença de Jesus em um tempo ou lugar específico, mas continua a se manifestar onde quer que seus discípulos exerçam essa autoridade em seu nome.


6. A Missão de Cura e Libertação Hoje

A missão de cura e libertação não foi encerrada com a primeira geração de discípulos. A Igreja, como o Corpo de Cristo, continua a exercer essa autoridade no mundo contemporâneo. As doenças e as forças demoníacas podem ser vistas hoje como manifestações das diversas formas de opressão, injustiça e sofrimento que afligem a humanidade. Curar e libertar significa não apenas aliviar o sofrimento físico, mas também confrontar as estruturas espirituais e sociais que impedem a vida plena.


Conclusão: A Autoridade Como Serviço

A autoridade que Jesus concede aos seus discípulos não é uma autoridade de dominação, mas de serviço. Jesus exemplifica uma liderança que se expressa no serviço aos outros, especialmente aos mais vulneráveis. Curar e libertar é, em última análise, a expressão de um amor divino que busca restaurar o ser humano à sua dignidade original, refletindo a glória de Deus em sua plenitude.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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Mensagens de Fé

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