Liturgia Diária
17 – QUARTA-FEIRA
20ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Ó Deus, nosso protetor, volvei para nós o vosso olhar e contemplai a face do vosso ungido, porque um dia em vosso templo vale mais que outros mil (Sl 83,10s).
O povo é de Deus; portanto, cabe aos dirigentes promovê-lo, e não explorá-lo. A liturgia nos motive a examinar nosso modo de tratar as pessoas sob nossa responsabilidade e discernir a justiça de nossas decisões.
Evangelho: Mateus 20,1-16
Aleluia, aleluia, aleluia.
A Palavra do Senhor é viva e eficaz: / ela julga os pensamentos e as intenções do coração (Hb 4,12). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: 1“O Reino dos céus é como a história do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. 2Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia e os mandou para a vinha. 3Às nove horas da manhã, o patrão saiu de novo, viu outros que estavam na praça, desocupados, 4e lhes disse: ‘Ide também vós para a minha vinha! E eu vos pagarei o que for justo’. 5E eles foram. O patrão saiu de novo ao meio-dia e às três horas da tarde e fez a mesma coisa. 6Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: ‘Por que estais aí o dia inteiro desocupados?’ 7Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. O patrão lhes disse: ‘Ide vós também para a minha vinha’. 8Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos, começando pelos últimos até os primeiros!’ 9Vieram os que tinham sido contratados às cinco da tarde e cada um recebeu uma moeda de prata. 10Em seguida, vieram os que foram contratados primeiro e pensavam que iam receber mais. Porém cada um deles também recebeu uma moeda de prata. 11Ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: 12‘Estes últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro’. 13Então o patrão disse a um deles: ‘Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? 14Toma o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti. 15Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?’ 16Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. – Palavra da salvação.
Fonte https://www.paulus.com.br/
Reflexão - Evangelho: Mateus 20,1-16
«Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench
(Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje, a Palavra de Deus nos convida a perceber que a “lógica” divina vai muito além da lógica meramente humana. Enquanto nós homens calculamos («Pensando que iam receber mais»: Mt 20,10), Deus —que é Pai entranhável— simplesmente, ama («Ou estás com inveja porque estou sendo bom?» : Mt 20,15.) E a medida do Amor é não ter medida: «Amo porque amo, amo para amar» (São Bernardo).
Mas isso não torna a justiça inútil: «Eu pagarei o que for justo» (Mt 20,4). Deus não é arbitrário e quer nos tratar como filhos inteligentes: por isso é lógico que tenha “acordos” conosco. De fato, em outros momentos, os ensinamentos de Jesus deixam claro que quem recebe mais também será mais exigido (lembremos da parábola dos talentos). Enfim, Deus é justo, mas a caridade não se desentende da justiça, mas sim, a supera. (cf. 1Cor 13,5).
Um ditado popular afirma que «a justiça por justiça é a pior das injustiças». Felizmente para nós, a justiça de Deus —repitamos, transbordante de seu Amor— supera nossos esquemas. Se unicamente se tratasse de estrita justiça, nós, então, estaríamos pendentes de redenção. Além disso, não teríamos nenhuma esperança de redenção. Em justiça estrita não mereceríamos nenhuma redenção: simplesmente, ficaríamos despossuídos daquilo que se nos tinha dado no momento da criação e que rejeitamos no momento do pecado original. Examinemo-nos, portanto, como agimos nos julgamentos, comparações e cálculos quando tratamos os demais.
Além disso, se falarmos de santidade, temos que partir da base de que tudo é graça. A mostra mais clara é o caso de Dimas, o bom ladrão. Inclusive a possibilidade de merecer diante de Deus, é também uma graça (algo que nos é concedido gratuitamente). Deus é o amo, nosso «proprietário que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha» (Mt 20,1). A vinha (quer dizer, a vida, o céu...) é dele; nós somos convidados, e não de qualquer maneira: é uma honra poder trabalhar aí e, assim “ganhar” o céu.
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«O Senhor chamou a todos quando estavam com disposição para obedecer, o mesmo fez com o ladrão bom, a quem o Senhor chamou quando viu que obedeceria. O Salvador no excluiu ninguém» (São João Crisóstomo)
«A parábola não foi transmitida para os trabalhadores de outro tempo, mas para nós, que achamos que o "desemprego espiritual” —uma vida sem fé e sem oração— é mais agradável que o serviço espiritual» (Bento XVI)
«O homem é o autor; o centro e o fim de toda a vida económica e social. O ponto decisivo da questão social é que os bens criados por Deus para todos, cheguem de facto a todos, segundo a justiça e com a ajuda da caridade» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.459)
Fonte https://evangeli.net/
MUITOS DOS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS Mt 20,1-16a
HOMILIA
A parábola de hoje nasce da realidade agrícola do povo da Galiléia. Era uma região rica, de terra boa, – mas com o seu povo empobrecido, pois as terras estavam nas mãos de poucos, e a maioria trabalhava ou como arrendatários ou como “bóia-fria” como diríamos hoje. Embora a cena situe-se na Galiléia de dois mil anos atrás, bem poderia ser o Brasil da atualidade. Apresenta uma situação de trabalhadores braçais desempregados, não por querer, mas “porque ninguém nos contratou” (v.7). Talvez haja uma diferença, comparando com a situação de hoje – na parábola, o salário combinado era uma moeda de prata, um denário, que na época era o suficiente para o sustento diário duma família – o que nem sempre se verifica hoje.
O dono de uma vinha chamou trabalhadores para a colheita. A uns chamou pela manhã, outros ao longo do dia e outros, ainda, no fim do dia. A todos, compromete-se com o mesmo pagamento. Naturalmente, aqueles que começaram a trabalhar ainda cedo reclamaram ao patrão por ter recebido o mesmo montante dos outros que trabalharam apenas uma pequena parte do dia. Para o patrão, porém, está feita justiça: pagou a todos conforme o combinado e, ademais, dispôs daquilo que é seu. Se, aos olhos do empregado que se considera lesado aquilo era injusto, ao patrão foi apenas um acerto de contas equânime, dentro dos limites que tinha estabelecido.
Muitas vezes assumimos o papel dos trabalhadores que reclamam por ter trabalhado tanto enquanto outros que não sofreram as mesmas penas recebem a mesma recompensa. Assim o é na vida civil e na vida cristã. Mas, para Deus, não importa o “tempo de casa” ou aquilo tudo que já demos: importa com que amor o demos, com que dedicação o fizemos. Além disso, o Senhor nos dá a Sua graça e esta Ele dispõe como deseja. Essa é a aparente contradição: a perspectiva humana entende que o pagamento deve ser correspondente ao tempo ou à responsabilidade do trabalho. Deus, não. Ele entende que pode dispor do que é seu e dá a cada um como considera o seu merecimento.
O texto nos ensina que a lógica do Reino não é a lógica da sociedade vigente. Na nossa sociedade, uma pessoa vale pelo que produz – logo, quem não produz não tem valor. Assim se faz pouco caso do idoso, aposentado, doente, excepcional. Na parábola, o patrão (símbolo do Pai) usa como critério de pagamento, não a produção, mas o sustento da vida – também o trabalhador da última hora precisa sustentar a família, e por isso recebe o valor suficiente, um denário.
O Reino tem outros valores do que a sociedade do nosso tempo – a vida é o critério, não a produção. Por isso, quem procura vivenciar os valores do Reino estará na contramão da sociedade dominante. O texto nos convida a imitar o Pai do Céu, lutando por novas relações na sociedade e no trabalho, baseadas no valor da vida, não na produção e consumo. Para a comunidade de Mateus, a parábola tinha mais um sentido. Começavam a entrar pagãos na comunidade, e muitos cristãos de origem judaica tinham dificuldade em aceitá-los em pé de igualdade – eram “da última hora”. Mateus conta a parábola para ensiná-los que no Reino, experimentado através da comunidade, não pode haver discriminação entre cristãos de várias origens, por isso “os últimos serão os primeiros”. O critério é a gratuidade de Deus Pai, pois tudo o que temos, recebemos dele, e sendo todos filhos e filhas amados dele, a comunidade cristã não pode discriminar pessoas, por qualquer motivo que seja.
O Senhor está sempre a nos convocar para fazer parte do seu reino. Enquanto aqui vivemos seremos a cada instante convidados para entrarmos em sintonia com o reino dos céus. Feliz de quem atende ao chamado do Senhor logo cedo na vida, pois usufruirá de tudo quanto Ele providenciou para que tenhamos uma qualidade de vida melhor. Quando nós aceitamos o convite de Jesus para entrar no Seu reino, tendo-o como Rei e Senhor da nossa vida, nós também nos tornamos Seus colaboradores para atrair outros que ainda estão vagando no mundo e não encontraram ainda a verdadeira felicidade porque não abraçaram a salvação de Jesus. A recompensa é a salvação e o Senhor a promete a todos àqueles que a acolherem. Seja em qualquer hora da nossa vida, até na hora da nossa morte nós teremos a chance de ganhar o prêmio da vida eterna. É pela bondade e misericórdia do Pai que nos enviou Jesus Cristo que nós somos salvos. Portanto, não façamos questão para sermos os primeiros ou os últimos, o mais importante é que já estamos dentro do redil do reino de Deus. Você já aceitou o convite para trabalhar na vinha do Senhor? Qual é a recompensa que você espera? Você se incomoda se outros também receberem a mesma recompensa que você espera? Você deseja que muitos entrem também com você no reino de Deus? O que você tem feito para que isto aconteça?
Pai, que eu jamais me deixe levar pelo espírito de ambição e de rivalidade, convencido de que, no Reino, somos todos iguais, teus filhos.
Fonte https://homilia.cancaonova.com/
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
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