sexta-feira, 15 de agosto de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 19, 13-15 - 16.08.2014 - Deixai as crianças, e não as proibais de virem a mim, porque delas é o Reino dos Céus.

Pai,
seja a simplicidade
e a pureza de coração das crianças
um exemplo no qual devo inspirar-me
para ser fiel a ti.
Verde. Sábado da 19ª Semana Tempo Comum

Evangelho - Mt 19,13-15

Deixai as crianças, e não as proibais de virem a mim,
porque delas é o Reino dos Céus.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 19,13-15

Naquele tempo:
13Levaram crianças a Jesus,
para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração.
Os discípulos, porém, as repreendiam.
14Então Jesus disse:
'Deixai as crianças, e não as proibais de virem a mim,
porque delas é o Reino dos Céus.'
15E depois de impôr as mãos sobre elas, Jesus partiu dali.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Mt 19, 13-15

Muitas vezes, pelo fato de procurarmos viver de forma coerente os valores do Evangelho e percebermos os erros e os problemas que existem no mundo de hoje por parte de muitas outras pessoas que não tiveram a oportunidade de conhecer Jesus como nós o conhecemos, corremos o risco de fazer exatamente o contrário daquilo que Jesus exige de nós. Pode acontecer que nos coloquemos como intermediários entre Jesus e as pessoas não para aproximá-las dele, como é a sua vontade, mas para impedir que se aproximem dele por não serem dignas, negando a elas a oportunidade da graça da conversão e da vida nova em Cristo.
Fonte CNBB



O AMOR DE JESUS PELAS CRIANÇAS Mt 19,13-15
HOMILIA

Para Jesus a criança era importante por sua personalidade ainda intacta, mesmo que embrionária. Era importante por ser a imagem do Deus criador e senhor de tudo e de todos. Era importante por ser uma criatura dependente do criador, enquanto indefesa e carente. E assim Jesus escolhe as crianças para habitarem seu reino. Não que o reino de Jesus seja infantil, seja uma creche ou casa de criança. Mas é um reino de espontaneidade e de amor, onde Deus continua sempre criando suas criaturas, continua amando o que ele criou por amor.
Os apóstolos queriam impedir que os pais trouxessem seus filhos a Jesus, pensando que as crianças eram um desgosto para ele. E Jesus dá uma lição não de condescendência, como fazemos nós com frequência para agradar os pais; mas uma lição de precedência, isto é, se existia alguém com direito de estar perto dele, seriam elas, as crianças. É bom ouvir isso! Além de valorizar as crianças, passo a valorizar o sentimento divino de Jesus.
No Evangelho de hoje dois pontos me chamam atenção. O primeiro é o fato das crianças se sentirem atraídas por Jesus a ponto de provocar um tumulto que os próprios discípulos acharam necessário intervir, para depois serem repreendidos pelo Mestre. Este é um ponto que eu considero interessante porque se prestarmos atenção, veremos que são pouquíssimas as pessoas que têm esse “magnetismo” com as crianças.
E as características em comum nessas pessoas são: a doçura, a simplicidade, o sorriso constante, a paciência, a alegria, a jovialidade, a espontaneidade… Em todos os lugares por onde Jesus passava, multidões vinham ouvi-lo, e as crianças vinham espontaneamente para que Ele impusesse suas mãos e orasse por elas. E Jesus se deleitava com isso. Nos quadros que tentam retratar essa cena, Jesus sempre está sentado, com um olhar sereno, com cada mão sobre a cabeça de uma criança super-comportada, e mais umas 3 crianças esperando pacientemente a sua vez. Se eu fosse pintar um quadro da forma como imagino que aconteceu, seria com dezenas de crianças correndo, pulando, gritando, brincando e fazendo a maior festa em torno de Jesus, que se divertia com elas, enquanto alguns discípulos tentavam, em vão, controlar a bagunça… Jesus sempre ensinou pelo exemplo e pelas palavras. Se Ele dizia que para entrar no Reino dos Céus, deveríamos ser como crianças, então Ele próprio se fazia criança, principalmente quando estava entre crianças.
O segundo aspecto que me fez refletir foi um questionamento para tentar entender melhor a psicologia de Jesus: Por que Ele deu tanta importância às crianças, a ponto de dizer que o Reino de Deus é delas, e para quem se faz como elas? O que Jesus via nas crianças, para chegar a dizer isso? Já ouvimos muitos dizerem que a criança é espontânea; que pode ficar com raiva, mas no minuto seguinte já faz as pazes e esquece; que não vê malícia em nada; dentre tantas outras características. Qual a experiência de Jesus com as crianças? O que Jesus realmente queria transmitir aos discípulos?
Quando será que nós adultos, pais, irmãos, professores, impedimos as crianças de irem até Jesus? Isso acontece de várias maneiras. Começando da nossa casa, nós, os pais, irmãos e padrinhos das crianças, as impedimos de irem até Jesus, quando não as levamos à missa, quando não as matriculamos na catequese, quando não lhes damos bons exemplos de cristãos etc. Ah! Já sei o que você está querendo dizer. Eu mandei meu filho para a missa, sim. Matriculei minha filha na catequese, e até ensinei os dois a rezar antes de dormir. Ótimo! Mas você deu o exemplo indo à missa também, rezando na presença deles, os levou para o catecismo?
É como diz o velho ditado. Palavras sem exemplos são tiros sem balas. Para a criança, um bom exemplo dos pais vale por mil palavras. Se seu filho nunca viu você rezando, a fé dele está condenada. Seu filho, sua filha, são seus imitadores. Eles querem, exigem que as vossas palavras sejam seguidas de exemplos. Se você diz para seu filho que ele tem de ser honesto e logo em seguida pega o telefone e fica combinando com o seu amigo como dar um desfalque na empresa, ou como fazer uma pirataria, você acha que o seu filho vai escolher ser honesto? E o professor? Quando ele impede as crianças, seus alunos, de irem até Jesus? Quando na sua indiferença a qualquer religião, ele afirma para a classe. Deus? Ah! Deus está na mente das pessoas! Ou por outro lado, quando o mestre nunca semeia uma palavra de fé para seus alunos, ou mesmo quando fala mal da Igreja ou dos padres.
No Evangelho de hoje, a criança serve de exemplo não pela inocência ou pela perfeição moral. Ela é o símbolo do ser fraco, sem pretensões sociais: é simples, não tem poder nem ambições. Principalmente na sociedade do tempo de Jesus, a criança não era valorizada, não tinha nenhuma significação social. A criança é, portanto, o símbolo do pobre marginalizado, que está vazio de si mesmo, pronto para receber o Reino de Jesus.
Pai, seja a simplicidade e a pureza de coração das crianças um exemplo no qual devo inspirar-me para ser fiel a ti.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

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